#SENTADO NO VASO SANITÁRIO# GRAÇA FONTIS: PINTURA Quinzinho de Parafusos a Menos: PROSA SATÍRICA

Tudo no céu é indecente e estúpido como a Igreja Católica.

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Se houvesse, nas nuvens, sido construída, talvez não o fosse, a realidade e a história mui diferentes seriam, fosse digna de louvores e glórias aos homens por tamanha engenhosidade, seria um Paraíso Celestial à parte, o verdadeiro continuaria reservado aos espíritos bons, misericordiosos, Paraíso Celestial à parte das estrelas, lua e sol. Trabalhar nas alturas e construir mansão suntuosa e luxuosa assim merece seus méritos, reconhecimentos, e ninguém haver se esborrachado no chão com uma queda de milhares de pés de altura, é esplendoroso.

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Mas a Igreja Católica foi construída na terra, continua sendo estúpida e indecente, ridícula e nojenta. Continuará sendo até a consumação dos longos e aflitivos séculos. Se Jesus Cristo retornasse à terra, insurgisse contra o estado de estupidez e indecência do Vaticano, o papa mandar-Lhe-ia para a cruz. Já pensou, leitor: o Papa sendo re-presentante de Cristo no mundo, mandando-lhe para a cruz por insurgir contra as viperinidades da Igreja?

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Leitor, faça-me grande obséquio, sabê-lo-ei agradecer cordial e espiritualmente: diz-me, com franqueza e seriedade, que Deus não percebe nada das coisas que criou; criadas, virou-lhes as costas, cumpriu seus deveres de Ser Superior, legou vida a tudo, até às pedras no meio do caminho – “Se é que Ele as criou, do que duvido. Acredito que tudo já era, quando Ele se re-velou ao mundo.” Você não está gostando poucochinho sequer do que estou dizendo, minhas atitude é de falta de respeito com Deus, com a Igreja Católica; mereço de você desdém, indiferença. Quê isto, leitor! Estou no início, há muito a ser dito. Espere antes de julgar-me, condenar-me!

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Compreendo a insatisfação que sente no mais íntimo de seu inconsciente divino com este ácido critico que estou destilando na Igreja Católica desde que fora instituída pelos homens até o presente momento. Há muitas coisas que inda não foram reveladas sobre a Igreja, muito não consta dos livros. A bandalheira é enorme, indescritível. Padres, bispos, monsenhores conseguiram persuadir-lhe que ela foi construída por Jesus Cristo? Ele é o Pai dela? Não seja ingênuo, inocente. Foi criada pelos homens, cujas intenções sine qua non não foram outras senão o poder - este degrada os princípios todos dos homens, torna-lhes insuportáveis e desumanos, sustentado por Deus -, sustentado pela espiritualidade. Enquanto você deixar-se levar pela história da carochinha dos padres, bispos, monsenhores, cardeais, etc., etc., a indecência permanecerá, aumentará a passos largos. As histórias da carochinha tiveram e têm único objetivo: lavagem cerebral; com ela poderão continuar a trajetória da bandalheira, quem irá poder interferir, se a lavagem cerebral surtiu o efeito esperado? Ninguém. Deus diz que os seres cantam a sua glória, mas os seres não cantam nada, não têm qualquer noção de notas musicais, ritmo, musicalidade, nem sabem o que é lírica. Se cantassem, seriam cantores; só os que nasceram com dons e talentos sabem executar óperas, músicas líricas, e todas as outras, desde as sertanejas ao rock´n´roll, com eficiência, levando ao êxtase o público, o resto desafina sem dó e piedade, desagradando até os surdos de ouvido e espírito. Os seres existem e nada mais: os humanos para sofrerem e sentirem dores, morrerem e serem redimidos dos pecados e culpas, ou outros para serem representantes da natureza, defenderem a sobrevivência. Por isso, chamam-se seres.

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Estive pensando, ontem, sentado no vaso sanitário – as grandes idéias sempre surgem nele, penso a razão ser por que nele expulso o que é inútil, ficando somente o que tem utilidade, mas também desconfio que ironias e cinismos estão nas entrelinhas, não me pus inda a saber-lhes com propriedade – que os ascetas brâmanes sacrificavam o corpo – “sacrificavam” não é o termo que pensei, foi outro, na ausência do verdadeiro, utilizo-me deste -, o cristão também sacrificava o corpo. Quero dizer que torturava. Qual a diferença? Os ascetas brâmanes torturavam o corpo exteriormente, os cristãos, interiormente. Ouve-se a todo momento: “Estou com câncer...”, “Estou com AIDS...”, "Fulano contraiu o CORONAVÍRUS", “Estou com cirrose...”, “Sou cardíaco...”, e, por “increça que parível”, felizes e satisfeitos, a doença garantir-lhes-á a redenção dos pecados e culpas, não vão necessitar bater à porta do céu, esperar São Pedro receber-lhes, estarem frente a frente ao Juízo Final, quando será decidido se merecem o céu, o paraíso celestial, ou o inferno duro e quente, as portas estarão abertas, é só passar e dizer: “Bom dia, São Pedro...”, “Boa tarde, São Pedro”, “Boa noite, São Pedro...”, ir desfrutar os prazeres mil do post-mortem.

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Para os doentes do corpo, vale ressaltar, enfim sofreram e pensaram bastante com dores atrozes. Para os que não são, continuará havendo o Juízo Final. Durmo dentro de minha alma, meu travesseiro são os sonhos, quimeras, fantasias, que ainda tenho esperança de realizar; meu colchão são os desejos de conforto; meu lençol, dores e sofrimentos vividos e vivenciados ao longo de toda a minha existência; minha coberta, o que cobre as minhas dúvidas e incertezas, medos e inseguranças do amanhã; meu cobertor, o que me protege do frio da eternidade. Ás vezes, acordo de noite, emitindo sons indecentes, estranhos, e brinco com os meus sonhos.

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Mesmo se nascessem princípios novos na Igreja Católica, mesmo que os clérigos deixassem o poder, a luxúria, a ganância de lado, mergulhassem no espírito e na espiritualidade divina, eu sentiria menos segurança no mundo e na vida, pois saberia com mais propriedade que os dogmas deixaram as linhas, mergulharam nas entrelinhas. Mesmo se nascessem flores novas no prado, no chão esturricado do sertão, e se o sol mudasse para mais belo, as estrelas mudassem para mais luminosas, a lua mudasse para mais esplendorosa, eu sentiria menos a vida e o mundo, e acharia mais esquisita, estranha a vida. Mesmo que os dogmas da Igreja Católica fossem extintos, especialmente o famoso pecado original, eu pensaria que os padres, bispos, cardeais, monsenhores, papa teriam interesses os mais diversos com isto, enfim a carne é fraca, estariam desejando a liberdade absoluta deles mesmos, não das ovelhas de Cristo. Por quê? Esta é a sua pergunta, questionamento radical, leitor, esperando não sei que resposta ou consideração de minha parte. Respondo-lhe devagar, porque sequer atribuo eu verdade ás coisas: “tudo é como é e assim é que é”. A Igreja Católica é indecente e estúpida. Os clérigos são interesseiros e ideólogos. Os clérigos visam o poder para redimir suas proibições libidinais, libidinosas e libertinosas. Aceito, não discuto, não apresento quaisquer argumentos ao contrário nas bordas da dialética, e nem agradeço, para não suscitar que penso nisso...

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Às vezes, em dias de luz perfeita e exata, de sentimentos lúcidos e transparentes, de idéias profundas e promissoras de outros horizontes, em que as coisas têm toda a realidade que podem ter, em que o real se manifesta em toda a sua verdade, pergunto a mim próprio se o reino do inferno será dos espíritos maus, porque se assim o é, os clérigos deveriam ir para o inferno, enfim adulteraram com engenhosidade as Palavras de Deus em prol de si mesmos, para beneficiar a si próprios. Mas aí a coisa seria esquisita: no inferno, arrependidos de todas as bandalheiras que pregaram no mundo, modificariam por completo, passariam a doutrinas as almas penadas para o bem, para o amor, Ferluci não iria gostar nem um pouco disto, o inferno seria fechado, as almas se converteriam, iriam junto com os clérigos para o paraíso celestial. Na terra pregaram a canalhice aberta e absoluto, no inferno, a santice, divinice. Mas é assim mesmo: quem não faz em vida, faz na morte. Contudo o Reino de Deus é dos humildes, humildes e simples, isto é indubitável – não porque a Igreja Católica cantou isto por todos os séculos, para tripudiar com o povo, falando dos humildes e simples não poderiam ser descobertos na ganância, luxúria, no poder, mas porque Deus mesmo o disse e suas promessas serão sempre cumpridas.

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Se Cristo retornasse à terra, viraria todas as mesas do Vaticano, expulsaria os clérigos, destruiria aquela mansão suntuosa do Estado à parte.

#RIO DE JANEIRO, 21 DE MARÇO DE 2020, 04:43 a.m.#