**TRILHANDO AS RUAS E AVENIDAS DE TRESANDADA** GRAÇA FONTIS: PINTURA Quinzinho de Parafusos a Menos: PROSA
POST-SCRIPTUM:
Daqui de Tresandada, a todos o muito obrigado pelo
reconhecimento e carinho, selado com centenas de beijos babados.(Quinzinho de
Parafusos a Menos)
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Se verdade é haver composto algo de diferente - não
confiro isto, mas quem sou para conferir ou não conferir, quem o faz são sempre
os amigos, leitores, críticos -, deve-se isto ao fato indubitável de haver
rearranjado algumas situações dos egrégios personagens, ornamentos e
arrebiques, para assim "desolar" com maior contundência, arrancar
gargalhadas e ao mesmo tempo chamar a consciência no freio.
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Dizem, não o sei afirmar com categoria, que para
desempacar um jegue é só dar três petelecos com bastante força na sua orelha
que ele desembesta rua a fora. A questão é que o carroceiro fica para trás, a
menos que queira correr atrás da carroça. Haja fôlego! As situações
rearranjadas, linguagem e estilo jocosos, a verdade na ponta da língua estão
fazendo os homens pensarem cego é quem não quer ver as coisas do mundo, a
cegueira é motivo de gargalhadas milenares. "Estou a sentir-me tão
desolado...", "Claro que está. Não enxerga um palmo na frente de seu
nariz adunco". A consciênca se re-vela num piscar de olhos. Quem quer ser
motivo de riso do outro? Ser considerado e reconhecido alienado é humilhante, a
humilhação atiça a gargalhada.
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Se verdade é que estou sentado no meu próprio rabo
e sarrafando a alienação do outro, e como consequência outra não seria, o
digníssimo Freud como sempre explica, senão a desolação, digo, em minha defesa,
nada estar fazendo para mudar as coisas do mundo, para conscientizar os homens
de que a consciência tem o poder de transformar a água em vinho muitíssimo
saboroso. Ninguém, desde este mundo até as prefundas do inferno, se sente tão
desolado quanto eu mesmo, desolação absoluta. Amenizei a minha desolação,
pintei o mundo inteiro de desolado, personagens infantis, mortos, imortais,
mitos e personagens reais, não deixei ninguém sobre ninguém.
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Se verdade é que a auto-crítica com fundo de
crítica não tem qualquer necessidade de ser explicada, indiscutível apreciar e
amar pingar os "ii", não saberia ler sem os pingos neles, ademais
estou tão acostumado, tão acomodado com a vida pacata, tão sem sal e pimenta do
capeta, que qualquer manifestação de carinho e reconhecimento faz-me sentir
incomodado, tímido e constrangido, a reação é explicar e picar a mula nas vias
pacatas e desoladas do mundo.
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Está vendo só?! Depois de escrever tudo isso,
exprimido os miolos, gastado tempo, estou a sentir-me tão ridículo, tão idiota.
O silêncio da desolação é profundo, tira de cena as palavras, e quando elas
eventualmente aparecem é o monólogo da morte com as situações da vida. A
pacat-idade afasta os orgulhos e vaidades, e qualquer coisa que possa
aproximá-los logo é rejeitada, recusada. Numa imagem: há quem, quando está
triste, angustiado, com muita raiva ou ódio, logo diga: "Deixem-me no meu
cantinho". É o que digo, diante da timidez e constrangimento pelo
reconhecimento e carinho: "Deixem-me no meu cantinho de desolado. A minha
desolação remonta ao Descobrimento do Brasil. Macunaíma vivia deitado na rede
com a sua eterna preguiça. Vivo deitado no meu berço com a minha eterna
desolação".
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Daqui de Tresandada, a todos o muito obrigado pelo
reconhecimento e carinho, selado com centenas de beijos babados.
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E vou eu trilhando as ruas e avenidas de
Tresandada, pacato e desolado.
#RIODEJANEIRO#, 14 DE MARÇO DE 2019#
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