#MADRUGADA DO GALO# GRAÇA FONTIS: PINTURA Quinzinho de Parafusos a Menos: PROSA SATÍRICA
Uma e meia da manhã. Pelo que me conste, observei
algumas vezes, horário de galo cantar é quatro e meia. Este imbecil me acorda
cantando. Não se pode dormir mais tranqüilo e sossegado, o galo não deixa.
Nossa modernidade está deixando todos os séculos passados com o queixo caído.
Cachorro dorme em silêncio, galo canta em horário incomum. Diabo!
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Assim que acordei, murmurara: “Nossa! Dormi mesmo
profundamente. Já são quatro e meia, respondendo-me a mulher: “Meu amor, é uma
e meia”. Disse um pouco aturdido: “Mas por que este galo está cantando?”.
Embora irritado, estava com vontade de fazer xixi. Fui dormir às onze e meia da
noite, fora um dia cansativo, se se for pensar mesmo comi no desjejum “canela
de cachorro”, o que significa que andei pelas ruas da cidade o dia inteiro,
resolvendo algumas responsabilidades sérias, felizmente que tudo fora feito
como manda o figurino. Pensava dormir a noite inteira. Levantar-me dis-posto,
sereno, sentir-me pronto para os afazeres, um dia com efeito compensador. Não,
o galo me vem cantar ao pé do ouvido a uma hora da manhã. Só queria saber que
dera na teia da vizinha para comprar logo este galo. Não poderia ter sido
outro?
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Saí do banheiro, tomei um gole de café, sentado na
poltrona da cozinha, ainda um pouco grogue por haver sido acordado sem esperar.
O que me faz dormir sempre que acordo de madrugada é tomar leite, mas havia
acabado. A qualidade ELEGÊ, é a minha preferida, desde que Integral.
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Alguma coisa está acontecendo de muito séria neste
galinheiro. Talvez a galinha tenha ficado com o ovo atravessado, está sofrendo
muito com esta situação inusitada, também não consegue dormir – que galinha
iria conseguir dormir com o ovo atravessado? Creio que nenhuma. O galo está
fazendo a sua parte: canta para acordar alguém da casa e correr ao galinheiro
para socorrer a galinha. Aí, mais uma cantada. O que está de fato acontecendo?
Isto não é normal. Alguma outra franga está deprimida ou angustiada, ficou o
dia inteiro no puleiro, sorumbática. De soslaio, o galo olhou, esperou que
descesse, começasse a ciscar. Não, permaneceu no puleiro. Talvez até mesmo as
outras galinhas, pintos, galos hajam percebido, mas não deram tanta confiança
assim, hoje é comum até os galiformes estarem tendo crises, pois que as pessoas
só comem ovos de granja; para que estão botando? Para nada. Os ovos estão
perdendo no ninho. Antigamente, pela manhãzinha, clima suave e sereno, alguém
corria ao galinheiro, apanhava os ovos que acabavam de ser botados, cozinhavam.
Ouvia-se dizer: “Que ovo gostoso” ou “Nossa!... Quê delícia de ovo!”. Não se
houve mais estas palavras, estas alegrias e felicidades; com o ovo de granja
impossível externar tanta satisfação, alegria.
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O estado emocional dela a cada momento se agrava
mais. Durante o dia ainda dera umas cochiladas rápidas, tirara uma soneca não
menos que rápida, mas agora não consegue dormir, os olhos permanecem
arregalados, as dores de não mais estar servindo os seus donos pela manhã com
seus ovos deliciosos. Melhor morrer. Com efeito, não tem graça a vida de uma
galinha, se os seus ovos não servem para mais nada. Galinha inútil. Cachorro
que não late é aceitável, papagaio que não fala é inteligível. Mas galinha
cujos ovos – será mesmo este o pronome relativo para a situação? – não servem
mais, não tem mais qualquer sentido. Os galináceos têm apenas duas funções na
vida: botar ovos ou ser almoço no prato dominical, como se diz “no prato dos
mineiros”. Nem isto mais. Galinha caipira aumenta o colesterol que é uma
beleza. Come-se apenas frango de granja. Agora só a morte natural por doença ou
velhice. Mas passar a vida inutilmente ciscando, trepando no puleiro, correndo
do galo, isso é deprimente.
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E se esta galinha mesma terá vida longa, que tédio
ficar no galinheiro inutilmente ciscando? Com efeito, tem suas razões mais que
plausíveis para sentir-se deprimida, não é para menos. O que fazer? O galo não
entende de veterinária, não tem a mínima noção de que medicamento pode
ajudá-la. Mas isso nem é caso para um farmacêutico, é caso para um psiquiatra,
psicólogo. Só eles entendem dessas crises existenciais. Se pudesse dizer alguma
coisa, mas não, calada, sorumbática. Aliás, seria até uma contribuição à
psiquiatria, psicologia, uma galinha deprimida, iriam cair na gargalhada, no
reino animal também tudo se tornou possível em nossa modernidade. Terapia de
galinha. Uma coisa inusitada no menu da modernidade.
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Tem mais é que cantar a uma hora da manhã,
acordando a vizinhança toda, e todos aturdidos, pensando até estão sonhando, um
galo cantando insistentemente a uma hora da manhã. Pensa que acordou, mas
continua dormindo, aliás sonhando com um galo frenético, desesperado, cantando
neste horário. Precisa pedir socorro. Alguém que atine com alguma coisa estar
acontecendo muito séria. Ninguém atina com isto, o galo vai continuar cantando
até a aurora deste novo dia. Aí a vizinha vai perceber alguma coisa de errada.
Com efeito, está doente, vai morrer logo, é uma galinha mais velha. Normal
isto. Não pensara nas dores contundentes que se lhe perpassa o corpo inteiro,
as penas se eriçam, calafrios ininteligíveis, devido ao fato de que os seus
ovos não servem para mais nada, não será comida dominical de mineiro.
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Chamar um veterinário para uma galinha? De forma
alguma. Servirá de chacota do veterinário, os vizinhos irão comentar o resto do
dia, no quintal só há um galinheiro, não há cachorro, gato, papagaio, só
galinhas, a presença de um veterinário não teria outra razão. E se a vizinha
descobre que não está doente, mas deprimida, angustiada, entristecida,
desesperada com a sua situação, com a situação dos galináceos na modernidade,
chamando um psiquiatra? Aí não é sandice apenas superficial, mas loucura das
bravas. Ir até a farmácia veterinária para comprar calmantes para galinha em
crise existencial, uma baita depressão. Loucura. O que as pessoas não vão
dizer? Não tem mesmo cabimento isto.
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Aí, o galo continua cantando. Diabo! Será que a
vizinha tomou algum comprimido para dormir, simplesmente apagou, nada se lhe
pode interferir no sono, nada se lhe acorda. Fosse assim apenas, mas o marido,
algum dos dois filhos. Não. Ninguém está ouvindo a cantação do galo. Não vou ao
portão da casa, tocando a campainha com insistência para dizer ao proprietário
da casa ou mesmo à vizinha, que alguma coisa de muito séria está acontecendo no
galinheiro, o galo começou a cantar a uma da manhã, porque me vão escorraçar,
sujeito mais inconseqüente, acordar todo mundo para dizer que alguma coisa
errada está havendo no galinheiro, o galo começou a cantar a uma e meia da
manhã. Quanto mais que a vizinha é muitíssimo fofoqueira, Deus me livre! Tudo é
motivo para fofocar. Dependendo do que for, vasculha a rua de cima abaixo para
dizer o que acontecera, o que sucedera. Antes de o dia clarear, estará
comentando, começando na padaria. De forma alguma.
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O galo continuará cantando. Sinceramente, não fosse
minha mulher também se assustar com um galo cantando àquela hora, diria que, ou
estou sonhando comigo sentado na poltrona da cozinha, fumando, encafifado com
um galo que começa a cantar a uma e meia e continua cantando hora e meia
depois, ou estou ficando mesmo senil, e a a-nunciação da senilidade é um galo
cantando num horário indevido à espécie.
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Talvez estivesse criando uma crônica, uma sátira à
modernidade, e não ficando senil, e a mais interessante seria a galinha estar
deprimida no puleiro, sofrendo dores ininteligíveis com a inutilidade da
espécie, e um galo pedindo socorro, e não propriamente ficando senil.
Impossível ficar senil aos sessenta e dois anos. Sinceramente, em todos esses
anos de vida jamais pensei que fosse possível um galo cantar desse jeito pela
madrugada a fora. Talvez nem seja isso, não seja que a galinha entrou em
depressão, e sim que o galo ensandecera, engoliu uma cigarra lírica. Aí também
é ridículo: galinha engolir cigarra lírica. E por que teria ensandecido? No seu
ponto de vista, na sua visão da vida galinácea, o que anda in-vertido, de
ponta-cabeça no mundo, para ficar louco? Alguma coisa. Terá sido que todas as
galinhas chegaram à mesma conclusão da inutilidade de suas vidas, os ovos já
não serviam as mesas em todos os horários do dia, galinha caipira, hoje os
homens só comem ovos de granja e comem também frangos de granja, isto
re-sultando em abstinência sexual, os galos já não têm quaisquer chances, e
isto para a espécie não é nada agradável, ensandece mesmo. A minha inspiração
para a crônica nascera neste dito popular, diria mais interrogação popular:
“levantou com as galinhas?”, dizendo que levantou muito cedo, e, em
contrapartida, com outro dito: “levantou com os galos e dormiu com as
galinhas”. É o galo que acorda primeiro. E são as galinhas que se re-colhem ao
puleiro mais cedo.
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Não estou criando nenhuma crônica. Estou
simplesmente incomodado com a insistência deste galo. Como pode! Não vejo
nenhuma luz acesa, só as do poste. Se estivesse incomodando alguém, com certeza
já teria levantado, acendido a luz, começado a xingar, alguns de modo chinfrim
com palavrões do arco da velha. Ninguém. E o galo continua cantando pela
madrugada a fora, querendo chamar a atenção. Está louco.
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Pede que o socorram, levem-no para longe de
galinhas, galos, internem numa veterinária especializada em galo louco. Quer
morrer tranqüilo, longe de galinhas, só na companhia dos galos que também são
loucos, sente-se em casa ao lado de todos.
Não deve haver solidariedade apenas entre os homens
– retificando sem excluir, é o que não há entre eles, nem esperanças e sonhos
-, solidariedade é praticada ilimitadamente, ainda mais no que diz respeito aos
animais. Um galo ensandecido e ninguém dá a mínima, é como se nada estivesse
acontecendo.
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Vou até ao quarto, acordo minha mulher e pergunto
se o galo para ela continua cantando ou isso está acontecendo apenas comigo,
quem está ficando despirocado sou eu. Acordo a uma e meia da manhã com idéia
fixa de um galo cantando, pensando estar havendo alguma coisa de errada no galinheiro
da vizinha, a galinha entrou em depressão devido ao fato de que os seus ovos
não têm mais quaisquer serventias no prato dos homens, são ovos caipiras, é a
primeira indagação, o intróito da sandice absoluta, a anunciação, seguido da
loucura do galo, enfim com a crise galinácea dos ovos inúteis resultara na
sandice do galo.
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Vou descer. Não é possível. O bicho está precisando
de ajuda, a coisa não está nada boa para ele. Cabe-me chamar a vizinha,
dizer-lhe que investigue o que está acontecendo, o galo está cantando muito,
sem me importar que antes do dia amanhecer estará fofocando que enfia o dedo na
campainha para dizer alguma coisa estar errada no galinheiro, a galinha está
deprimida e ele pede ajuda ou o galo ensandeceu.
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Pensando bem, não. Deixe o galo cantar à vontade.
Há certas coisas que são boas de evitar. É constrangedor acordar alguém numa
situação desta. Terá todas as razões do mundo para se irritar. Tirar uma pessoa
da cama, depois de um dia de muitos problemas, trabalho, dificuldades
quotidianas, preocupações, para dizer uma coisa desta é realmente brincar com a
paciência do outro. Merece o seu sono, embora não importe se seja profundo ou
não, se para que acontecesse calmantes foram tomados. Precisam descansar um pouco,
fugir de tudo que acontece, sentir-se mais dis-posto. Não há corpo que agüente
tudo em cima dele.
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Canta, galo! Aliás, já estou me acostumando com
isso, uma coisa inusitada, excêntrica serve para espairecer as coisas. Há
quando acordo de madrugada, não consigo dormir, venho para esta poltrona, fumo,
um silêncio sepulcral. Nem cachorro late. Impressionante isto: é uma cachorrada
pelas ruas durante o dia. Outro dia mesmo contei dez cachorros deitados. Em tom
de cinismo: “também a cachorrada merece a sesta”, “a cachorrada está tirando
uma soneca após os restos de comida no lixo”.
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Penso em tantas coisas, lembra-me isto, recorda-me
aquilo. Passo a noite no silêncio de início da terceira idade. Nem grilo ouço.
Silêncio absoluto. Esta é a” madrugada do galo”. Enquanto ele canta e eu aqui
fico a elucubrar as razões de um galo acordar a uma e meia da manhã, quando o
horário de práxis é às quatro e meia, não pára um segundo de cantar, alguma
coisa está errada no métier galináceo, ou o galo ensandeceu, ou a galinha
entrou em depressão, e ele sendo o companheiro está pedindo socorro: “o galo
pede socorro!”.
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Numa manchete de tablóide seria interessantíssimo,
eu mesmo leria, embora não leia jornal de forma alguma, isto não de agora,
devido aos sensacionalismos, corrupções, drogas, assassinatos, etc., etc., mas
desde sempre, nunca apreciei ler jornal ou revista. Matéria desta iria
chamar-me atenção.
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Um galo me diverte numa madrugada insone. Já são
quatro e trinta e dois. Durante três horas o galo da vizinha canta e canta e
canta. Talvez nada disso que antes haja imaginado como razões seja real, em
verdade o galo quer se mostrar, quer tornar-se o galo mais importante senão
deste bairro apenas, mas de toda a nossa cidade pacata, a pacatice é tanta que ninguém
dá a mínima para o galo cantando, quer ser personalidade da espécie. A sua
intenção é executar uma peça dramática, a ópera do galo. Numa madrugada mais do
que pacata, galo acorda a uma hora da manhã, a inspiração baixou enquanto
dormia, e, sendo muito presente e forte, acordou de imediato e começou a compor
a sua “opera do galo”. O galo está com idéia fixa de artista, empreende todos
os esforços para que a componha com engenhosidade e arte, torne-se a primeira
ópera do galo neste mundo velho sem cancela e porteira.
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Felizmente que alguém ouve, caso contrário seria
trabalho perdido, sua ópera nunca existiu, não é artista coisa nenhuma, galo
nenhum canta com constância. Ouço-lhe a ópera, intuo-lhe os sentimentos e
emoções, os instintos, percebo-lhe o desejo de se extravasar todo, mostrar aos
homens o que é isto de re-nunciar os ovos caipiras em detrimento dos de frango
de granja, os sentimentos deprimentes que todas as galinhas sofrem, as dores
que sentem com a vida inútil que levam, não são comidas mais nos pratos
dominicais, têm de viver muito mais, se antes a morte não vier devido a alguma
doença da espécie. Enquanto botam ovos, são pratos, a vida segue em harmonia,
enfim os galináceos servem é para isto mesmo, mas sem isso, que sentido tem o
reino galináceo? Nenhum.
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O galo quer mesmo exteriorizar todas estas questões
que os galináceos sofrem e ninguém dá a menor atenção. Quer que a sua ópera
seja ouvida por todos os homens, por toda a comunidade, quer que os homens
sintam que a vida num galinheiro também tem sua realidade difícil de ser
ciscada, que também sofrem e sentem dor. Galo nenhum fizera isto em toda a
história da humanidade, coube-lhe o dom de fazê-lo numa madrugada em que
acorda, sentiu forte e presente a inspiração, felizmente que acordou de
imediato, e pôs-se a compor a sua peça com garra e determinação, com instinto
mesmo de conseguir realizar o para quê viera ao mundo, mostrar e identificar a
vida dos galináceos no tempo moderno, diante da injustiça de deixá-las
abandonadas, já não servem para mais nada, enfim os ovos, a carne aumentam
bastante o colesterol, os riscos de enfarto são inúmeros, de outras doenças
também.
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O que não acontece com as galinhas de granja, fazem
bem, rejuvenescem as pessoas, fá-las sentir mais serenas e calmas.
Enquanto a ópera não for executada com primor, nada
for esquecido dos sofrimentos dos galináceos, continuará cantando. Quando isto
acontecer, nada mais irá lhe interessar, os ovos das galinhas não servem mais,
a carne de galo caipira tampouco, mas a ópera de um galo que precisava mostrar
ser ainda mais útil do que todos os outros de hoje e de ontem serve e muito
para os homens, enfim a música tem uma dimensão espiritual elevadíssima, além
de suprema e divina. Uma ópera do galo, então, coisa que jamais ouve, nem mesmo
na literatura, nas artes, é coisa inédita. Num mundo tão pacato como este, pelo
menos na cidade em que vivo, música assim irá despertar sentimentos os mais
recônditos.
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Continuarei aqui sentado, ouvindo o galo cantar
numa madrugada qualquer de minha vida.
#RIO DE JANEIRO, 18 DE MARÇO DE 2020#
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