SER VERBO DE VIDA# GRAÇA FONTIS: ESCULTURA Manoel Ferreira Neto: AFORISMO
A
vida é vida porque na vida a vida é; se na vida a vida não fosse, a vida nada
seria. E, pensando no não-fosse a vida na vida que é, o nada seria o nada do
nada no nada.
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A
vida na vida do nada é vida porque o nada não seria movimento para o ser que se
faz na continuidade do tempo, na contramão das contradições, nas contradições
de antemãos dos sonhos e esperanças, nas dialéticas de corrimãos das utopias e
sorrelfas; e na eternitude do nada que é o nada eterno, o nada não seria
impulso para o não ser ludicamente seduzir a carne da eternitude a ser o verbo
da eternidade, comer sensualmente o verbo da eternidade para se tornar a carne
do eterno.
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Vida,
ser verbo de sonhos, esperanças, águas cristalinas versejando travessias de
nonadas, versificando de efêmeras ilusões os absolutos do vazio. Vida, ser
subjuntivo de desejos, vontades, chamas ardentes na lareira do universo lúdico
de sentido das carências de amor, plenitude da alma aquecida de sentimentos
puros, serenos, suaves, leves, performando o espírito de luzes adjacentes à
soleira do infinito, amando amar a beleza da plenitude, amar amando a plenitude
da beleza, o tempo a fora os arco-íris revelados de cafundós a onde o Judas
perdeu as botinas, ainda que eu nada fosse, a língua de meus sentimentos
poetizaria o amor espiritual, pleno de miríades de luz.
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Vida,
não ser poemas de amor, porque todo poema de amor é ridículo, não seria poema
de amor, não fosse ridículo, não se des-cobre, não se alcança, não se atinge o
sentimento amor com poemas de amor. Desde o Romantismo enchafurdou-se que poema
é amor, escrever poema é escrever amor, e o inconsciente coletivo inspira poema
de amor, e o amor não se mostra, e os poetas de amor seguem frustrados e
fracassados pela eternidade, jamais conhecerão o amor ou terão parca noção
dele. E se a vida é amor, com poemas de amor mergulha-se na morte do amor,
morre o amor e a vida se vai arrastando pelas estradas. Hoje as minhas memórias
de poemas de amor escritos são ridículas. A vida na vida do nada é vida, a vida
na vida de poemas de amor coisa alguma é; a vida na vida do nada inspirou-me o
amor, o amor fez-me em mim na caminhada do nada, nos tropeços do nada.
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O
eterno no nada da vida, a vida no nada do eterno, a vida no eterno nada, o nada
na eterna vida. O nada no nada da vida é o ser do não ser às sorrelfas da
esperança, con-templando a eternitude do pleno à busca, nas soleiras do tempo
vazio, do verbo de ser a luz do ser travessia da trans-cendência às
contingências das ilusões do eterno.
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Simplesmente
simplesmente é a vida que é vida na vida que é. Simplesmente simplesmente é o
nada que é nada no nada que é nada na continuidade do tempo que torna o nada do
verbo no nada do ser, que trans-litteriza o nada do ser no sonho, esperança da
perenitude do perene.
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Cantar
as esperanças
Cantar
os sonhos
Cantar
os desejos
Somos
todos cantores solitários
Violões
imaginários trazemos no peito dentro
Ritmos,
melodias deixamos no tempo
Até
o vento executa a dança, fá-la ópera,
Fá-la
sinfonia, fá-la orquestra
E
a nossa voz ressoa por cantos e recantos
Por
florestas, por mares distantes,
Pelo
desconhecido,
Pelo
inaudito,
Até
pela morte
E
cantamos por toda nossa vida.
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Recitamos
versos,
Recitamos
estrofes,
Declamamos
sonetos,
Compomos
poesias
Somos
todos poetas, somos todos poetisas
Somos
todos amor pela paz, pela felicidade
Somos
todos os rouxinóis do universo
Somos
todos os pintassilgos da vida
Trazemos
em nós dentro o espírito
Trazemos
em nós a vida antes de quaisquer vidas
Seguimos
solitários por todas as estradas, campos
Voamos
a nossa águia dos sonhos
Voamos
o nosso condor da espiritualidade.
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Amamos
a vida,
Amamos
o ente amado
Amamos
o tempo de nosso ser,
Amamos
o absoluto, amamos o pleno
Seguimos
as sendas, veredas solitários,
Cantando,
Compondo
as nossas ilusões, fantasias, quimeras
Porque
vida não é viver.
Vida
é ser vida.
#riodejaneiro,
15 de dezembro de 2019#
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