#ALI ONDE A BAÍA DE GÊNOVA CANTA SUA MELODIA ATÉ O FIM# GRAÇA FONTIS: PINTURA Manoel Ferreira Neto: PROSA
Aléns de portos e mares:
há um vestígio na sua ausência, há uma vertigem no olhar as coisas entre a neve
fina e a imagem - algo que sem estar, algo que sem presenciar, algo que sem
identificar, algo que sem mostrar, algo que sem re-velar ainda fica, permanece,
perpetua. Ainda é: pedaço de diamante que não se visualiza e brilha, concretude
em transparência, solidez em nitidez, sublim-idade do ser diáfano, lay-out,
produção de luz, de pedrinha, do que é perda, do que é não.
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***Aquéns de piers
E docas,
Espelho de côncavas
brisas,
Esparsas notícias de
antemãos
A con-figurarem de
artíficios e engenhos
O que lhes reside no
Âmago que, livres e
soltos,
À mercê das côncavas
brisas
A imagem do sinistro,
Mistério da alma
Os olhos creem, veem com
nitidez,
A língua nada diz,
Audácia do querer saber,
ousadia
De sonhar o conhecimento,
De estabelecer a
sabedoria
E de que só uma geração
dura,
Não pensasse em si mesma,
Eis o preâmbulo das
cositas do pensamento e das idéias,
Aquela observação de
lince, perscrutando
Nos detalhes e visões que
se multiplicam,
Surpresa, espanto,
Creio o entendimento da
fisionomia circunspecta
Tem lá a sua história
para des-velar,
Alma circunspecta,
Prosseguirão
in-vestigações, inter-pretações,
Perquirições,
Sabê-lo é re-confortante:
Ouço-me a inspiração e
respiração,
O pulsar do coração,
distante, longínquo...
Quem não supera a luta...
Este fica deitado em
berço esplêndido....
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Há um vestígio rítmico,
Melodioso,
Musical na sua ausência:
Algo que é segredo,
Algo que é mistério,
Algo que é enigma,
Algo é sigilo,
Algo que é silêncio,
Algo que é sinistro,
Algo que é ressonância,
Algo que é altissonância,
Algo que é sin-cronia,
Sin-tonia,
Harmonia,
Algo são contradicção,
Nonsense.
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Quero ver o raiar do
primeiro
Sol,
Lindo como ele só,
Diz lá a canção, ,
Preâmbulo de novos
horizontes,
Certo é que entendo os
menores detalhes,
Condições e forças,
Só a vontade inabalável
do futuro
Confere firmeza e
significado,
O indivíduo, esteja onde
estiver,
Nada vale.
Lutas e dissidências,
Que ainda produza, e que
apenas confirmam
O que até aqui existiu.
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Liberdade: "A poesia
existe porque a vida não basta", "A prosa ec-siste porque os
conflitos e perquirições dos destinos pretéritos não sossegam a utopia, sonho e
verbo do Ser. Criar, re-criar, inventar, re-inventar nos sonhos e esperanças
paisagens e panoramas do há-de ser, do ad-vir de outras idéias e pensamentos
que floram na floração da consciência e da responsabilidade. Não me envergonho
mais de quem sou. Quiseram-me distanciar da dialéctica da existência
dialéctica, em nome da dialéctica da iluminação. Como é difícil ek-sistir,
ec-sistir, quando se tem uma idéia de muitos milênios de carências, solidões,
faltas e falhas, lapsos do Ser-Verbo-Eu, Ser-eu-Verbo... Cumpria-me
libertar-me... Com toque de mágica realizei-o. Cumpre-me libertar o que fora
perdido nestas alamedas do mundo e das con-tingências. Das Utopias do Asno no
Sertão ao Sublime das Imagens do mar, do oceano que segue as linhas do
horizonte.
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Se seria que houvesse a
probabilidade durante milênios e milênios, e mais alguns, tenha eu atribuído
uma razão re-versa à dialéctica da linguagem e da expressão, intelecto in-verso
à existência dialética da dialéctica, sensibilidade ambígua e paradoxa da
estesia e poesia da sinfonia dos verbos e sons? Existiram muito autodesprezo e
miséria secreta na história dos grandes espíritos.
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Os sons fazem dançar o
amor em variado arco-íris. A todos os instantes a vida principia, a todos os
portos e mares o verbo se a-nuncia, Amo, amarei
Amo o ser,
Amo o verbo,
Amo a esperança,
Amo a fé,
Amo poeta que deixa a
poesia versar-lhe,
Ele é apenas um objeto
nas mãos dela,
Amo de paixão a
solen-itude de lábios
Que se tocam no ósculo do
despertar
De sentimentos, emoções,
simples nuances do tempo,
Retros-templando
encontros e des-encontros
Sonorizando do amor em
carícias e ternuras
O espírito do
verbo-de-ser... todas as montanhas e vales, o absoluto se alumbra de
eter-idades e efemer-idades; ao redor de cada aqui, gira a bola acolá!, no
girar ao re-verso do roda-moinho, no des-verso das roda-vivas do tempo nos
entre-laçamentos do pretérito e infinito, presente e infinitivo, do real e
realístico da imagem e da natureza, sintetiza-se, comungam-se o dejá-vu e o
sublime.
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Aumenta a nossa cor-agem,
intensificam-se suas dimensões,
Para atravessara
escuridão iminente. Nunca devo tornar cego na luta, . As chamas orienteme
ilumine.
Mostre o caminho do qual
não há mais volta.
Arde, chamai,
Queimai, corações.
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Sentimento de vazio:
ocorre o crescimento de "outro mundo", metafísico, e não mais
religioso. O caminho da eternidade é sinuoso, "ali onde a baía de Gênova
canta sua melodia até o fim".
#riodejaneiro, 22 de
dezembro de 2019#
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