MANOEL FERREIRA NETO ESCRITOR E CRÍTICO LITERÁRIO ANALISA E INTERPRETA A "ODISSÉIA EM TOM MENOR", #POESIA ADORMECIDA#, DE Sonia Gonçalves
Definir a poesia do sentimento, o sentimento da poesia, os êxtases da
alma nos interstícios dos sons do poema... Quê árdua tarefa! E a poetisa, Sonia
Gonçalves, sente profundo, lá nos recônditos da alma o desejo de dizer em verso
o que lhe habita o ser-poético, o "eu-dos-sonhos-e-as-utopias",
sentindo no âmago que a poesia se faz na continuidade poética das utopias do
Ser, "... Escrevendo nas folhas verdes a linha branca...", nos
"sonemas da esperança" a sonestesia da paz, a prece dos Ventos, a
oração da Flor, "... dos amantes enluarados".
A poetisa é conduzida pelo poema, "Sou poesia amor que é
vibração", como a poesia é conduzida pela poetisa, "Ver uma poesia
estendida em versos cálidos..." A palavra se espacializa, sonoriza-se, e
se trans-forma, torna-se súplica de amor. A poesia é a própria poetisa,
"... isso me faz poesia...", o próprio caminho e o trânsito próprio,
"sentir amor e ouvir o cantar dos grilos..." Evidentemente, essa
poesia é sinônimo de caminho para o "eu-poético", verbalização do
trajecto, temática do poeta-viajante ou da poesia-transporte. Ela já estava
latente na Ilíada e na Odisséia. Para Virgílio, compor é "fazer-se de
vela" e toda vez que se chega ao fim da obra, recolhem-se as velas,
"Paralelamente faz-me corresponder e compor...'
Assim, a poetisa Sonia Gonçalves desce aos recônditos, interstícios da
alma para conquistar o amor-vida, saborear a vida, um "descimento"
que flui pelo tempo e espaço, uma odisséia em tom menor, quase silenciosa,
neste trajeto de verbalização do Eu-Poético.
Manoel Ferreira Neto
(Imagem escultura (Yves Pires)
Poesia Adormecida
Sou poesia amor que é vibração...
Ardor de a dor guardar para si só sensação
Adormecer em fronhas com cheiros de lírios
Sentir amor e ouvir o cantar dos grilos
O sibilar do vento em som agudo
O criar de tudo em criado mudo
O som dos passarinhos calados
A prece dos amantes enluarados
Isso me faz poesia ser adormecida
Despertar em lentidão das profundezas
Abraçar o mundo e suas incertezas
Saborear a vida um pouco mais atrevida
Equiparando o sempre que é ar de amor
Arde amor em minhas entranhas vias
Margeia com fusão rende-me ' alma ás poesias
Paralelamente faz-me corresponder e compor
Estranha confusão forja-me 'alma são complôs
Uma conspiração das chapadas místicas e platôs
Em absoluta resolução traçada em comum
Laudas rabiscadas famintas de amor e profundo jejum...
Ver uma poesia estendida em versos cálidos
Em meio ao vapor dos hálitos sedentos
Composto uniformemente por matéria onírica
Escrevendo nas folhas verdes a linha branca
Uma poesia transparente que súplica
Que o amor seja como sempre antes...
Tão vital como águas para elefantes...
Som Dos Poemas
SÔ POESIE "Son Dos Poemas"
Comentários
Postar um comentário