#LÚCIFER PERNÓSTICO - ROMANCE# - GRAÇA FONTIS: PINTURA/Manoel Ferreira Neto: ROMANCE
CAPÍTULO II - A ASNEIRA É A ALEGRIA DO TOLO
Passando num caminho de terra, feito pela passagem
dos transeuntes, lembrara-se da palavra “asneira”, advinda de “asno + eira”,
significando, dentre outras coisas, bestidade, dislate. Não iria precisar de
modo algum chegar a casa e pesquisar no dicionário essa palavra – apesar de que
pensara, inda quando conversava com o transeunte de bicicleta, olhar se há
registrada alguma diferença de pelo no asno e no burro. Contudo, fá-lo-ia, com
certeza poderia aprender outros sentidos, expressões regionais.
A asneira é a alegria do tolo – dizendo algo sem
sentido, despropositado, sem nexo, o que é a asneira, o tolo se sente o mais
realizado, atingira a sua expressão máxima: o que significa que, sem a
bestidade, nada se acha de agradável na vida. Isso ao olhar do tolo, sob o seu
ponto de vista.
São as tais coisas... Com a bestidade, tudo é
agradável no mundo. Há-de se perguntar se aos olhos do tolo ou do inteligente,
se bem que os inteligentes se sentem agradáveis e usufruem benefícios e méritos
os mais variados, dependendo de seus feitos e realizações, dependendo dos
interesses alheios, até mesmo das mesquinharias e mediocridades, das
hipocrisias, o teatro imbecilóide dos pastores e ovelhas, perfeitas
marias-vão-com-as-outras, onde o vento passa estão atrás. Aos olhos do
inteligente, algo sem senso e propósito é digno de tolos. E aos olhos do tolo,
algo sério e de valor é digno de quem? - já que por natureza ele não admite que
o inteligente lhe seja superior.
Ao virem, os tolos, as sombras e as aparências de
diversas coisas, admiram-nas e nada mais procuram, dando-se por satisfeitos. Já
os inteligentes não só observam os mesmos objetos como lhes investigam os
mistérios. Não terão uns e outros o mesmo prazer?!...
(#RIODEJANEIRO#, 29 DE AGOSTO DE 2018)
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