#ZURZE À BEIRA-MAR# GRAÇA FONTIS: PINTURA Manoel Ferreira Neto: PROSA
Memórias de
prata na garganta. Toca de zinco a solidão inquieta, mar. Recordações de ouro,
traçando rumos ausentes, olhar. Zurze à beira - mar, o flexível de ardores.
Cinismo
roubando a voragem de ideia. Garganta. Mar. Olhar. Luz de rojo despindo
sorrisos. Diamantes na infâmia das ambições. Encharcam olhos de Zéfiro.
Memórias de enxofre a julgarem que há um olhar comendo as acácias.
Tomba das
mãos o cálice. Memórias de sódio postas à margem de todos os banquetes.
Debruçam pálidas em todas as loucuras. Memórias de ferro salvando a humanidade
do vaso de tumultos. A fumaça deflora o espaço.
Sete águas
descendo as encostas do rio - abaixo as docas, pequenas e devolutas ondas...
Sete águas derramam no universo a rebeldia e insolência. Sete águas descendo o
dorso das montanhas - embaixo, pedras, montes de terra. Sete águas gotejam -
húmus do ingênuo, inocente.
Esquecer o
sono, acordando o processar das trevas - a narrativa do tempo nas janelas
entreabertas; o repouso, despertando o desenrolar da noite; a história da
madrugada no vão de todas as portas; a distância, silenciando gestos
incompreensíveis; vácuo cerzindo o solitário, apresentando a perda.
Lembrar-me
de a fantasia ser vasta, embora caiba num ponto do silêncio. De haver um
lampião na luz, a loucura refulge num delírio. De consagrar uma escultura sem
sentença direta, um grito agressivo.
De a boca
apreciar certo detalhe do corpo sinuoso. De trocar desatino a beleza que
perdura. De cingir a morte, sepultura, do olhar; areia rebocando de por trás do
inverso.
#RIODEJANEIRO#,
17 DE JANEIRO DE 2019#
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