#RIO 50 GRAUS# GRAÇA FONTIS: PINTURA Manoel Ferreira Neto: PROSA
Morrendo. O
calor enlouquece-me. Dores esperneiam-se.
Capaz de
criar imagens. Sem esforço qualquer. Corcovas solitárias multifacelam as
arestas. Imortalidade. Faces mostram-se em ângulos recortados. Nada. O tempo
alinhava o vazio. A ausência, oca. O que é de mim? O que será? Palavras fluem.
Consciência. Cambaleando no chão empoeirado.
Crianças
sentadas na areia. Cachorros deitados nos bueiros. Galos nos dentes dos dias.
Rio 50 graus. Cada desejo, um açoite. Nunca vou. Nunca volto. Sou. Aquela
janela aberta. A garganta escrachada. O que não digo queima a mim. Não satisfaz
o falado. Não odeia. Nem ama. Viaja o vento leste. Cavalos. Não me lembro. Não
me esqueço. Adormeço.
Mãos no
rosto. Frangalhos.
Trevas.
Sombra. Vazio. Escuridão. Nada. Impossibilidade. Angústia de ser impossível.
Impossibilidade de ser angústia.
A tristeza.
Um choque. Passeio como ébrio. Ando e piso na areia. Emito sorrisos infantis.
#RIODEJANEIRO#,
24 DE JANEIRO DE 2019#
Comentários
Postar um comentário