#AUTO DA CONTRA-DICÇÃO# GRAÇA FONTIS: PINTURA Manoel Ferreira Neto: PROSA
O ensejo que
deve vestir a vida não pode se esquecer de que, embora tantas marcas de
espinhos, a tiara deverá ter as belas flores do campo.
E, à medida
que a existência corre, torna-se mais oca, mais desenxabida, mais tola. ‘É como
se eu estivesse descendo uma montanha, pensando que a galgava. Exatamente isso.
Perante a opinião pública, eu subia, mas, na verdade, afundava. E agora cheguei
ao fim – a sepultura me espera.’ A espera constante da morte não só não
envenena a vida, mas lhe empresta firmeza e claridade.
Contra-dicção...
Dialética....
Nonsense....
Quiçá,
Emprestando-lhe
Firmeza e
claridade,
Re-vista
ec-sistir
Mais
intensamente,
Bastar-me-ia
recordar o que fora eu,
Meses atrás,
E o que sou
neste instante-limite,
Lembrar com
que regularidade
Descera a
montanha,
para que
aniquilasse toda a possibilidade
de
esperança.
Se não
erguesse os dedos, fizesse um gesto, estrangularia a verdade. Diria: “O jarro
quebrado, quadro desbotado, pobre trinco...” Possível fosse nota de violão,
constituindo qualquer som, não música para mostrar o barulho final destas
palavras, a algazarra, vozes estrídulas. Creio que seria capaz de revelar o
como as coisas tremelam, as mãos tremelicam.
Flor de
desejos e rosas de sonhos...
A
auscultação, as perguntas que exigem res-postas
formuladas
de antemão
per-formadas
às revezes
de
sentimentos ora perpassam-me o íntimo,
e, ao que
parece,
desnecessárias,
a expressão
significativa, que sugere o seguinte:
haveria de
compadecer-me de mim.
#RIODEJANEIRO#,
28 DE JANEIRO DE 2019#
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