FONTES DE VINHO NO MEIO DE BALDES VAZIOS# GRAÇA FONTIS: PINTURA Manoel Ferreira Neto: AFORISMO SATÍRICO
Epígrafes:
"A metaforização é a estrada onde grandes
verdades caminham em sobressaltos às mediocridades"(Graça Fontis)
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"Desde os primórdios e dos tempos vetustos
Presentes augustos nunca estarão
obsoletos..."(Sonia Gonçalves)
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Afaste de mim verbos que regenciam os pretéritos de
melancolias à soleira do nada concebendo sendas para outras utopias do devir!
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Afaste de mim versos que conjugam in-fin-itivos à
luz de nonadas e travessias para os idílios da verdade sublime, para os
devaneios do ser, para os desvarios do espírito, para as sandices da psiqué
perfeitamente mancomunada. aos desvarios da razão!
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Afaste de mim as canabis sativas que não inspiram
os lordes, reis, duques a estabelecerem as leis que libertam os súditos de
agrilhões, incentivando-os a participarem dos grandes banquetes regados a carne
de ovelhas e champagne francês, à socapa uma baforada daquelas arranca-pulmão,
o salão nobre enfestado com o odor intragável, acrescentando adendos e
cláusulas às regras morais do reino, unido ou não pelas divergência ideológicas
e políticas, não importando as imorais pois que lhes consubstanciam.
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Afaste de mim a condenação à miséria ipsis verbis
até que Morfeu venha abraçar-me por não aceitar propina relevante, consentindo
as facécias congressais e senatoriais de todos os naipes em nome da construção
do Templo dos Fariseus.
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Afaste de mim a bufonaria dos princípios imorais
que incentivam, apoiam, dão aquele empurrãozinho obsceno às condutas
diplomáticas caóticas, às posturas desmioladas dos jogos e interesses escusos
das políticas agregárias e agregadas; afaste de mim os chistes dos dogmas da
verdade que a todas as picuínhas dos tempos servem às luxúrias, daquelas de
excelência das rainhas nos castelos, gerenciando duques e capachos a
introduzirem entre os súditos a orgia das maledicências.
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Afaste de mim doutos que professam a paz solene
entre os povos e nações, doutrinam a liberdade deitada em berço esplêndido,
qual Macunaíma na sua rede olhando as coisas com aquela preguiça que lhe é tão
familiar, é-lhe constituinte almática, pois que estão arreganhando brechas e
frinchas para a inépcia das virtudes, valores remotos, paz e liberdade se
fazem, far-se-ão até a consumação da raça humana com angústias e sofrimentos.
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Afaste de mim os monsenhores que aos burgueses
perdoam as mazelas, aos miseráveis alimentam com o pão e o divino vinho, após
as confissões ajoelharem-se no banco, não no assento, sim nos pés dele,
genuflexório para usar o termo apropriado, rezando centenas de orações para
Deus redimir-lhes das falácias que envenenam as boas promessas da redenção e
assunção aos céus, retirar peremptoriamente aquele dogma do digno, as almas
pecadoras penam nas suas chamas por toda a eternidade do além... não, não
senhor, no inferno não há fogo.
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Afaste-me desde já o inferno astral cujo
medicamento primoroso é banho em água morna, naquele solene instante entre a
razoavelmente morna e quente, para aliviar de vez as dores lombares, os
medicamentos farmacêuticos serviram para curar a dor vapt-vupt-amente, pois que
do lado esquerdo era o patentear da psicossomatização, ah que falácia para boi
dormitar a sua caminhada desde o princípio da serra quase perfeitamente em pé,
os instintos da perna tremelicando por esforço tão enorme para transportar
alfafa, a famosíssima, celebridade Medicago Sativa e servir ao gosto elitizado
na sopa da madrugada, eivando as mentes quase parando de lerdeza a pensarem com
poucochito mais de esperteza e perspicácia as cositas das luzes e trevas, vale
só dizer, está de bom tamanho, do lado direito mister o tempo conscientizar não
ser mais psicossomatização, sim a presença incólume do inferno astral, embora o
tempo gasto tenha intensificado as inspirações, quanto ao banho, lembra-me
haver dito: "As águas são-me amigas inseparáveis, adeus, dores", isto
é demais, a ciência médica comprovaria esta verborréia toda, ou isto é encher
linguiça? um modo de escarnecer as dores dilacerantes?
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Afaste de mim o cálice de vinho que inspira o
silêncio a revelar os interditos das ausências da perfeição, a solidão a
mostrar a sublimidade do inconsciente divino!
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Afaste de mim a erudição das con-tingências que
salmodiam as angústias, náuseas, desesperos à soleira do nada eterno, os medos,
tremores e temores das chamas infernais, a decepção, desgosto, desconsolo de
viver!
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Afaste de mim a liberdade que justifica a fonte de
vinho no meio de baldes vazios, que explica o verbo da carne sedento de
conjugar as decisões e prazeres destituídos de consequências, desnudos de
princípios e condutas, que con-sentem a fuga da escravidão por orgulho da
estirpe e raça, autorizam o exílio de estúlticia provida, guarnecida,
verbalizar do sangue que corre nas veias das sendas e veredas das eras e
gerações, desde as sublimes às mais escabrosas, des-sudarizadas de visões e
audição das conjunturas atuais das virtudes humanas, as pilhérias das morais e
das éticas!
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Afaste de mim a verdade absoluta que rege o fim dos
questionamentos, indagações, perguntas sobre o ser, a ec-sistência, as falhas e
faltas, os medos do desconhecido, as imperfeições e limites do conhecimento,
alfim tudo "magiclick" no mundo!, e todos gritam em uníssono, grito
de comemoração por tarefa realizada, "... Tamo junto...", para usar o
kariokês com desenvoltura.
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Afaste de mim a estultícia dos compassivos!
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Afaste de mim a cruz, símbolo, signo, metáfora da
salvação, da ressurreição, da remissão dos pecados, da luz do bem!
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Afaste de mim as mãos cheias de sementes de dogmas
e preceitos! Afaste de mim a sensação estrangeira, face trigueira de
encantamento.
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Afaste de mim os Evangelhos da alienação, da
escravidão, da cegueira da visão!
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Afaste de mim as deificações do sucesso, da glória!
Afaste de mim desde os primórdios e dos tempos provectos as sandices das
glórias e poderes que incendeiam tanto as folhas secas que serão húmus de
outras viçosas e verdejantes, os pingos de orvalho deslizarem nelas e pipocarem
em surdina no terreno onde estão plantadas sementes, nadas augustos que abrem
as cancelas da visão das coisas e do mundo "... nunca estarão
obsoletos" à luz da liberdade de pensar e ser, da autenticidade, se não
forem eles mesmos serão os "nadas zeros à esquerda", jamais serão
obtusos sob o brilho das estrelas que sonham a subjetividade das carícias da
humanidade do ser, da expressão das idéias e ideais, sonhos e utopias, do
compromisso com a fala, a linguagem, estilo, a responsabilidade com os
princípios e valores da consciência-estética-ética, se não, serão nadas, mas
des-gaucheados de chamas das quimeras, do calor efusivo e profusivo da gnose
ipsis verbis, do saber compreender e entender os enigmas e mistérios das
contingências e condições da existência... Falei difícil de desnudar, havendo
uma paráfrase de um poema que lera recentemente, espírito sonemático possui a
artífice das palavras, mas desejava enfatizar com engenhosidade a atenção voltada
para as "... portas e miríades de janelas abertas... "... me trazendo
inspiração do mundo que me faz..." metaforizar os sentimentos mais íntimos
da alma para "... abrir áditos...", enfeitando as sendas que conduzem
ao Templo da sensibilidade pura, inocente, ingênua, da metaforização, esta
sendo "a estrada sinuosa onde grandes verdades caminham em sobressaltos às
mediocridades", ornamentando as veredas que encaminham ao Altar Paráclito
das vaidades e trambiquices da mente nos seus jogos psíquicos e emocionais.
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Afaste de mim o pastor que conduz sua ovelha para o
pasto mais verde: isto é o bom sono!
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Afaste de mim as crenças, as crendices do além
povoado de seren-itudes, magn-itudes do bem!
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Afaste de mim a metafísica da razão pura, a psicanálise
do complexo de Édipo e Elektra!
#riodejaneiro#, 22 de agosto de 2019#
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