ESPONJA NO VAZIO E ENTRE OCEANOS DE NADA** - GRAÇA FONTIS: ESCULTURA Manoel Ferreira Neto: PROSA
Epígrafe:
#Já no alvorecer a prepotência coabita o cerne das
efêmeras raízes do intelecto volúvel, tacanho, estagnando as chances de advires
portentos a abrilhantarem infinitude de conhecimentos futurais#(Graça Fontis)
"Chegará o tempo que a humanidade se libertará
do berço esplendido dos orgulhos e importâncias da raça, estirpe, descobrirá
que são eles os que trazem, sempre trouxeram, nas mãos feitas concha as
primevas idéias verdadeiras da vida e das cositas dialéticas do tempo e do ser,
do verbo e do ser, tempo e vento, vento e ser" (Manoel Ferreira Neto)
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Encarniçamento
Não combina carme
Não dá forma a enganos, quimeras,
Não engendra expectativas, sonhos
Não desaperta nodosidades de padecimentos,
angústias,
Converte-lhes inteiramente gordianos,
Não liberta
Inquietações, receios, frenesis,
Não se desprendem
Mínguas, despovoado, insipidez,
Não atesta
Ocos, vazios, báratros do ânimo,
Não sustenta
Protótipos, intenções, anseios,
Não enlaça as mãos
Nas veredas e sémitas em comando ao perene,
Não dá luminosidade à existência,
Não tripudia, a ambiguidade
Stringência-ad de primeiras ilusões,
Ensombra, cega o fenecimento...
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Os parvos estão sempre persuadidos de que as causas
a que servem são essencialmente melhores que as outras causas do mundo, e não
querem acreditar, nem diante de pelotão de fuzilamento, câmara de gás,
enforcamento, injeção letal, que a causa deles necessita, para prosperarem,
progredirem, conscientizarem, exatamente do mesmo estrume malcheiroso que
requerem todos os demais empreendimentos humanos.
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Nada e nonadas dos parvos, na adstringência de
primevas ilusões, quando trazem no coração e na cabeça o rigoroso e pujante
método da verdade, e que por outro lado, graças à evolução da humanidade,
tornam-se tão delicados, ternos, finessados, diplomados, aburguesados,
susceptíveis e sofredores a ponto de precisarem de meios de cura e de consolo
da mais alta espécie, de milagre e de sede saciada da mais solene raça e laia;
daí surge o perigo de se esvaírem em sangue ao conhecerem a verdade, ao se
conscientizarem de que a ilusão, a mentira, a representação têm pernas curtas,
a verdade não lhes é senão modo e estilo de tripudiarem os instintos que lhes
são peculiares, quiçá linguagem e verbalidade de blasfemarem com as doenças
emocionais, moléstias psíquicas, o que lhes habita o mais profundo da carne e
dos ossos, trans-elevarem a razão em nome de alguma dignidade fantasiosa.
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Parvoíce de nonadas e nada. Trocam as palavras de
lugar para darem sustância ao que chamam de idéias originais, trocam, com a
troca das palavras, alhos de parvoíces por bugalhos de perspicácias, pimentas
de cretinices, sais de sandices, tempero a gosto e prazer, mas as nonadas e os
nadas permanecem lívidos e vivos, não lhes sobrando outros resultados senão os
risos e gargalhadas das pessoas, caçoando-lhes as agilidades e perspicácias da
inteligência, provocando-lhes muitos pinotes e saltitâncias para entenderem e
compreenderem os motivos e razões. Na verdade, na verdade, oh, que sina, que
saga, nasceram para ser incompreendidos, desolados, marginalizados, mas a
esperança é a última que morre, chegará o tempo que a humanidade se libertará do
berço esplêndido dos orgulhos e importâncias da raça, estirpe, descobrirá que
são eles os que trazem, sempre trouxeram, nas mãos feitas concha as primevas
idéias verdadeiras da vida e das cositas dialéticas do tempo e do ser, do verbo
e do ser, tempo e vento, vento e ser.
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Quando não se tem linhas firmes e calmas no
uni-verso da vida, como as linhas das montanhas e dos bosques, das margens dos
rios, dos sinuosos caminhos da floresta, o próprio desejo íntimo do homem vem a
ser intranquilo, disperso e sequioso como a natureza do citadino: não tem
felicidade nem dá felicidade.
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Aquando na universalidade existencial, nos
instantes-limites da parvoíce dos parvos, segundos inolvidáveis, "...
capta-se e afere-se toda poética, para que o poema resplenda, ilumine e sacie
almas sedentas de conteúdos e beleza num alento sob o caos do existir", as
ilusões primevas não se re-velam, não há... as stringências-ad a-nunciam as
contra-dicções e nonsenses das moléstias mentais, pernosticidades,
malevolências, vaidades... tudo isso num clímax de censuras recíprocas,
"tudo isto é da vida". A precisão urgente de ser eterno boie como uma
esponja no vazio e entre oceanos de nada gere um ritmo, eternalidade
eternaltivamente eternuando novas categorias de sentimentos do efêmero. Tudo é
profuso, só eu artificial. Aprender a ec-sistir é a ec-sistência, e o caos da
ec-sistência não se mostra cristalizado, apenas a abertura para que se veja o
infinito finito.
(#RIODEJANEIRO#, 03 DE AGOSTO DE 2019)
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