**MEMÓRIA DA SENSIBILIDADE** - Manoel Ferreira
Poesia não se lhe compõe de
versos e estrofes no instante de sentimentos e emoções fascinantes,
deslumbrantes, mas do tempo que foi criando, artificiando estes sentimentos e
emoções no segredo dos mistérios e enigmas do vir-a-ser. Poesia é memória da
sensibilidade no sonho futural da trans-cendência.
A água cristalina não volta a brotar no monte, corre de novo na fonte, os
pássaros não voltam a trinar no alvorecer, a rosa não volta a despetalar-se na aurora
do novo dia, se os sonhos do re-nascer regados de esperança não houverem sido
projetados desde éritos sublimes do passado.
O vazio do nada não descansa de sua longa jornada
pelos "bayous" do tempo e do ser no tecer a trajetória pelos campos,
pampas, labirintos, abismos, córregos, rios, lagoas, mares, mas no re-cordar do
conhecimento das melodias dos sons que re-fazem as ilusões do re-nascer.
A paisagem bela do In-finito, a que esplende suas
perspectivas e ângulos a todos os confins de arribas, a todos os horizontes de
uni-versos, a todo o espaço celeste, se a luz branca do luar não lhe der todo o
seu esplendor e magia.
O verbo de amar poietizado de sublime ternura,
poetizado de suave afeto, poematizado de serena afeição não se evangeliza,
espiritualiza-se, se nas iríasis do pretérito não houvesse havido sentido no
íntimo a luz diáfana incidindo nas asas da águia voando o In-finito.
As musas do amor não re-nascem, se os espelhos da
alma não projetarem a superfície lisa à arte e delicadeza do vir-a-ser da
sensibilidade e trans-cendência, do há-de ser a vida vida do soneto de amar no
mais íntimo do espírito.
Versos de Amor não são luzes do espírito, se no
eidos não habitarem gritos de saudade da distante juventude, dos loucos e
desvairados "footings" nas pracinhas públicas, das conjugações do
verbo eternidade de entregas e doações.
Manoel Ferreira Neto.
(06 de março de 2016)
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