AO MEU VOVÔ-PALHAÇO MAIS AMADO, OSVALDO BORGES** - Manoel Ferreira
O circo são palhaços num
picadeiro universal. São lágrimas de risos, sem serem, risos por lágrimas. No
circo, a vida não é apenas magia, não é apenas esplendor, não é apenas
fantasia. Há lágrimas doloridas, há tristezas alucinantes, há sofrimentos
dilacerantes, há fome rondando a lona, há solidão na arquibancada, há
desesperança no arriar do mastro, há uma saudade na partida, mas há sol no
levantar da trupe.
Revoadas as tristezas, o circo é alegria, é prazer,
é risada, é descontração, é palhaçada...
Dê asas ao passado e a sua lembrança mais presente,
povoada de sorriso, estará na companhia de um palhaço, de um trapezista, de um
mágico, de um motorciclista no globo da morte
Quando não houver mais circo, o homem estará pelas
metades...
Há uma diferença enorme, inestimável, entre
desfrutar cada quadro de um circo, a vida lá de fora simplesmente não existe,
vive-se outro mundo, outra realidade, realidade de prazer, contentamento, pura
fantasia, e ser filho do circo, ser neto do circo... o circo estará sempre
presente na alma, a vida não é pelas metades, não havendo o circo, toda a
fantasia se torna a risada diante de todas as situações da vida, toda a magia
se torna a esperança do amanhã, e mesmo no momento em que se tira a maquiagem
frente ao espelho da vida, vê-se a verdadeira face nele refletida, o
homem-palhaço, o filho do circo, o neto do circo, sente a vida em toda a sua
verdade, na dor, no sofrimento, se com uma palavra, com um gesto, com uma
atitude, o homem- palhaço faz uma pessoa feliz, sente-se orgulhoso, feliz, a
felicidade do outro é a sua felicidade.
Palhaço não é apenas uma vida a presentear o riso,
palhaço é todo o riso da vida, é a eternidade do riso, mesmo diante de todas as
contingências.
Manoel Ferreira Neto.
(07 de março de 2016)
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