**ENTRE O... E O...** - Manoel Ferreira
Dedico esta obra à mulher-esposa
de minha vida, Adriana
Moreira, às mulheres-amigas que me dão as mãos nos silvestres campos
das letras,Sonia
Son Dos Poem Gonçalves, Rita
Helena Neves, Vivíane
Ferreira.
Entre o ser e o querer uma luz.
Entre a esperança e as estrelas volos de sentimentos utópicos. Entre o sonho e
o universo "causos" de outrora sobre o crepúsculo seduzindo o abismo.
Entre o eterno e o sibilo dos ventos a música romântica dos tempos ritmando o
vir-a-ser, melodiando o orvalho do alvorecer com a garoa do entardecer, o poeta
na varanda de sua choupana poetizando uma missiva para a amada de sua
imaginação fértil. Entre a solidão e o prazer o olhar con-templando o domus da
igrejinha, a cruz no cimo da montanha, a águia voando, as nuvens escuras ao
longe. Entre o silêncio e a seresta executando Desolation Row na praça pública
o pastor conduzia as ovelhas no serrado, Rapunzel na sacada de seu quarto
penteava os cabelos olhando o passarinho sugando o néctar das flores no
canteiro do jardim. Entre a inspiração e a náusea versos querendo poema com
palavras suaves, dóceis, o sino de igreja badalando a Hora do Angelus,
vira-latas desfazendo os sacos de lixo, velhinha atravessando a rua sob o cuidado
de transeunte anônimo, ao estilo Bete Davis com a mão no bolso da calça de
linho larga a jovem moçoila conversa com o namorado na esquina da rua, o
professor de filosofia, desvairado, corre e grita que Olavo Bilac está na
Cabana dos Insurrectos tocando harpa com um charuto no canto da boca.
Entre o alvorecer e as utopias no sertão mineiro, a mulher de camisola azul
prepara os pãezinhos de queijos no fogão de lenha para o marido e as crianças,
o lenhador põe o machado no ombro e vai trabalhar, a jovem adolescente abre a
janela do quarto, espreguiça-se, passa a mão nos olhos, debruça-se no parapeito
e canta Tigreza, olhando ao longe o nascer do sol, o escritor dorme as suas
horas de sono, três por noite, desde as quatro e meia às sete e meia, sonhando
com um churrasco regado a dança gaúcha. Entre a vida e a morte as fantasias do
amor eterno compõem versos e estrofes da etern-idade plena de carícias, toques
e climaces na intimidade, as quimeras da glória e do poder inscrevem com letras
góticas os dogmas e preceitos da mauvaise-foi, sonhando tornarem-se reais e
verdadeiras com o toque das mequetrefias do profeta, as esperanças e angústias
da verdade rolando à mercê e à luz do tempo que silencia o ritmo e melodia da
música do ser in-fin-tivo que debulha o terço da fé revelam aquela miriadizinha
da felicidade e alegria que compõem o espaço poiético e con-ting-ente do
uno-verso do "SEMPRE", do silêncio que à luz e à mercê do tempo
manuscreve as iríasis e éresis do ser no pergaminho da entrega e doação plenas
à melancolia do que jamais há-de perecer, do que já, mais e mais, são
semânticas e linguísticas da busca da pureza dos sentimentos, inocência das
emoções, meiguice da sabedoria, simplicidade da gnose...
Manoel
Ferreira Neto.
(08 de março de 2016)
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