**MANIFESTO: ARTISTAS E A JUSTIÇA** - Manoel Ferreira
O que se espera de um "artista"? As suas obras sejam pedras de
toque de transformações humanas, sociais, existenciais, culturais,
intelectuais; suas obras contribuam para a consciência, para a liberdade; suas
obras por todas as gerações sejam luzes para o encontro da humanidade com suas
verdades.
O saudoso ator Paulo Autran dissera que nem o corpo é do artista. Isto
dizendo que o artista é todo ele a entrega aos homens, a humanidade, aos seus
sonhos, utopias e esperanças, ele é lampião que ilumina os caminhos de trevas,
com os seus ideais a-nunciando, re-velando, mostrando outras sendas e veredas
para as realizações da estética, da ética, da consciência-ética-estética.
Lindo, não é verdade, lendo sobre o artista, um ser privilegiado! Quê
mundo esplendoroso, mágico, magnífico! Na teoria, não haja duvidar, um
resplendor sim. Na realidade, tudo isso os ventos estão levando.
O povo angustiado, desesperado, clamando pelas ruas, por todos os cantos
e recantos pelos seus direitos, pela Justiça, pela Liberdade, pois não vê
quaisquer horizontes futuros, está perdido pelos terrenos baldios, não há mais
valores em que possam se apoiar para uma vida digna, honrada. Povo carente
extremamente necessitado de amor, respeito, reconhecimento, rogando o mínimo
para si que é o respeito aos seus direitos de existir dignamente.
E, nesta conjuntura, qual a participaçao de muitos artistas? Estão de
costas viradas para o povo, para a Nação, para os ideais, sonhos, esperanças,
utopias, de mãos dadas com as ideologias, com os interesses, defendendo causas
do poder, dos poderosos, que são contrárias não apenas às necessidades do povo,
da Nação, mas são algemas e correntes a agrilhoarem a vida. São traidores da
Liberdade, da Justiça São traidores dos Sonhos, da Esperança,
Quando uma Nação esta pedindo encarecidamente a Justiça, o Respeito,
qual mendigo no degrau da escadaria da igreja, pelas calçadas das ruas,
artistas assinam documento defendendo as injustiças, arbitrariedades,
gratuidades, em nome de suas ideologias chinfrins, interesses viperinos, com
isso endossando a verdade estar nas mãos deles, sabem distinguir o que é certo
e errado, sabem discernir o que é o bem, o que é o mal. São perfeitamente uns
"vendidos" às "calhordices" dos poderosos. Vendidos também querem
os seus dezessete e setentos réis de troco: por que não se reunirem com os
poderosos num banquete esplendoroso com todas as iguarias sob a luz das câmaras
e holofotes, mostrando inda mais o quanto são solidários com os poderosos?
Para que servem as suas obras? Escreveram, pintaram, compuseram
músicas..., consagradas, tudo mentira deslavada, tudo fruto de vaidades e
orgulhos. O artista nega sua obra. Seus ideais negam in totum o que deixaram
nas obras. Seus ideais são contrários ao povo, à Nação.
Depois da tempestade, vem a bonança. Independente destes traidores da
Arte, seus valores humanísticos e humanitários, virão a Justiça e a Liberdade.
Tais artistas serão marginalizados, jogados às traças. Na vida artística, não
há isto de cair aqui, levantar ali. Caiu, vai se arrastar pela vida a fora.
Manoel Ferreira Neto.
(21 de março de 2016)
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