GRAFITANDO O VAZIO E O NADA DE TRAVESSIAS# GRAÇA FONTIS: PINTURA/FOTO Manoel Ferreira Neto/Graça Fontis: AFORISMO
Poema
po-emático e existenciário a respeito do texto GRAFITANDO PALAVRAS E IDÉIAS,
uma homenagem mui íntima à minha Esposa e Companheira das Artes, Graça Fontis,
um sentimento profundo do amor às palavras, às imagens, criações, invenções, as
dores, sofrimentos da criação, vou além.
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#GRAFITANDO
PALAVRAS E IDÉIAS#
GRAÇA
FONTIS: PINTURA/TEXTO
Do
inesperado, no rubor madrugal algo gélido plantou medo em meu coração,
solidificou cinzas na escuridão, desestruturou partes sem furtar as cores, meu
vínculo com a felicidade, e no prenúncio do silêncio a pressão dos poros, pelas
frestas de minhas pálpebras pirilampeiam o carmim. O meu destino tem olhos
purpúreos à observância das palavras ao abrirem as portas do mundo, lapidário
do invisível, e é nesta morna invisibilidade no agudo da noite que minha
diáfana presença grafita idéias como sopro campestre na disseminação do pólen
da vida, que se arraigam infiltrados no imediatismo da vontade, onde só meu
vulto vê a erosão das horas no âmago gótico da meditação. Por instante, paro,
apalpo-me e passo a reconvocar a reconciliação dos pensamentos dispersos ao
meio a tantas sensações profundas e contraditórias, pretextando barulhenta
queda d´água, surrando pedras e rapinando um canto de pássaro ainda
desconhecido por conta do solitário rio rangendo versos d´algum marujo-poeta
mal amado.
****
Fito o
horizonte com gestos longos, profundos, se é que o vejo na quietude e amplidão
das sombras perscrutadoras do coração viajante. Segundos, minutos passam até a
decepação de pensares tenebrosos com ares desafiadores e entreveios pululantes
antes de requerer o pré-a-mar no campo da batalha já experienciada ao longo de
outras jornadas. Que leve um dia, dois dias, meses... anos? Cortarei,
quebrarei, arrancarei as sombras? As sombras desaguam no subterrâneo, fogem
distantes do meu alcance, e resguardo-me como casulo no tempo, tendo impressões
aromáticas do botão segregado num jogo de gemidos e gritos de socorro em céus
toldados dos sóis, ofuscados e acoplados aos ululantes ventos outonais a
aconchegarem os sonhos dentro de mim insistentes e solitários à procura da
porta oculta e rangedora dona da chave e da luz a que se abre diante de mim
todas as palavras. Estala a iluminação como lufadas impacientes do vento,
tirando o peso de toda a escuridão, e vem a clara claridade da lua e morde-me a
mim a outros e outros andarilhos que se tropeçam e entrecruzam-se nestas
terras... terras das palavras. E não serei eu a aprisioná-las, quando anseiam o
voo, voem, voem, e caso não encontrem espaços e horizontes em suas aventuras
pintá-lo-ei para que resplendam nas alturas e consagrem ao ilimitado o valor da
voz tal verdade sentida, já que a poesia e a liberdade aguardam, detestam
rastejar e tem pressa no voar.
****
No
interior do meu primeiro pensar, quieta, ausente, presencio a vida, o
desenrolar de histórias para a construção sem medo do meu próprio castelo,
colorindo pedaços deste continente ante meus passos e mudez das pedras que
professam o acervo subjetivo na estante de meu inconsciente à espera da
liquidez objetiva da linguagem esquecida. Último ópio a escancarar os portões
aos delírios luminosos no afã das descobertas e conquistas, no chão que já
existe, rumo ao futuro avanço, tendo na alvorada, a segunda voz, registrando e
imprimindo um terceiro ser que é meu estar-aqui, agora, revestida do último som
do cosmo, esse ocultador de dúvidas, licenciador de minha passagem por um mundo
manipulador de sonhos com seus enigmas e acasos do nascer ao pôr-se o sol em
todas as suas veredas belas, irônicas ou agonizantes, expoentes poéticos das
emoções dadas a sensíveis elucubrações a transcenderem o inacessível aos olhos
do poeta, assim feitos dos sonhos rastros de tintas no aguarde da próxima
viagem. Para onde irão? Não sei. Permanecerão percorrendo os corredores
escuros, evidenciando novos sons e ecos desveladores em direção à luz de tudo
que respira na língua aguada do tempo.
Graça
Fontis
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I PARTE
O próprio
EU e o que dele,
de há
muito,
encontrava-se
no recanto mais insólito
de uma
gruta, disperso em meio à escuridão,
por vezes
de uma caverna,
perquirindo
o que habita a identidade,
observando
os pingos dágua das estalactites
caírem na
lagoa,
em meio a
todo o vazio e nada,
por entre
as nonadas e equívocos,
tornou-se
o
verdadeiro
refúgio, e como todo
refúgio
revela perigo,
tornou-se
o perigo in-audito e inter-dito,
"...
o valor da voz tal verdade sentida,
já que a
poesia e a liberdade aguardam,
detestam
rastejar e tem pressa no voar...",
tudo
fala, tudo silencia, tudo emudece, tudo grita,
tudo
uiva, tudo é assoalhado,
tudo
sarrabisca e sarapalha,
infinitiva,
gerundia, participia, genitiva,
E o que
era segredo, quiça enigma in-audito,
e reserva
de almas profundas,
requer
outro aquisidor,
outros
estilos de borboletas,
esvoaçando
canteiros de rosas,
ao redor
das flores, sobre elas,
esperanças,
bem-te-vis,
de outras
linguagens da serpente que
se
entrelaça aos troncos, galhas
de lado
contrário do pecado e castigo,
Re-quer
saber que "nada" cai em poços profundos.
***
"As
sombras desaguam no subterrâneo,
fogem
distantes do meu alcance,
e
resguardo-me como casulo no tempo..."
sendas e
veredas das metafísicas do encontro e des-encontro do verbo in-trans-itivo da
perfeição-imperfeita do espírito, em cuja luz contínua de cintilâncias,
brilhos, mora a eterna sensibilidade e subjetividade do **thelos** e **nous**
do vernáculo linguístico e semântico da esperança que abre os braços aos sonhos
de vernáculos que traduzam o que vai no espírito sedento de verdades inscritas
nas páginas, imagem e palavras conciliadas, o outro "eu", o "nós
prosaico-plástico".
***
Antes da
madrugada de vida, sombras do crepúsculo na vegetação do quintal, a arte das
palavras, sendo tragada indiscriminadamente pela garganta aberta e bocejante do
insaciável desejo de distração, devorando pensamentos e ideais...
***
...não
mais pensar o que deixar registrado
na página
do caderno,
lince
invisível do visível das vontades da
plen-itude
da verdade,
e ainda
sentem o sabor trans-cendente do
prazer e
gozo do sublime,
a alma em
seu instante de lazer vislumbra
nos
baldios de outroras re-feitos de
quimeras
e fantasias o vale de panoramas,
a ilha de
paisagens das orlas, do Bosque das Estrelas,
e
paisagens que se esplendem insustentáveis
de leveza
aos recônditos abissais do tempo,
em cujos
movimentos de passagens e travessias,
cores,
traços, luzes, contraluzes habitam versos,
o único e
elevado pensamento "...tem olhos purpúreos
à
observância das palavras ao abrirem as portas
do mundo,
lapidário do invísivel..."
***
As almas
vão pairando e,
esquecendo
ser a palavra-imagem de rosto, faces,
que já se
esquivam,
tornam
vagas e brandas ao olhar,
mensagens
mais secretas e mais nuas,
"...
onde só o meu vulto vê a erosão
das horas
no âmago gótico da meditação...",
uma
lareira a arder no deslizar a pena,
"E
não serei eu a aprisioná-la,
quando
anseia o voo,
voem,
voem,
e caso
não encontrem espaços e horizontes
em suas
aventuras
pintá-los-ei
para que resplendam nas alturas e
consagrem
ao ilimitado
o valor
da voz tal verdade sentida..."
***
Brilho do
desejo, os sonhos da plen-itude do amor,
cores dos
sonhos ardentes, calientes,
as
esperanças da peren-itude da solidariedade
acompanhada
da ternura e afeição
pelo
sublime habitando o outro,
"...
e vem a clara claridade da lua
e
morde-me a mim, a outros e outros andarilhos
que se
tropeçam e entrecruzam-se nestas terras...
terras
das palavras...",
o mito
não repousa sobre um pensamento,
o ritual,
as imagens, o senti-las, o degustá-las,
assenta
solene sobre os ideais, utopias
"a
cabeça do vento não pensa,
reconvocar
a reconciliação dos pensamentos dispersos
meio a
tantas sensações profundas e contraditórias,
pretextando
barulhenta queda d´água,
surrando
pedras e rapinando um canto
de
pássaro ainda desconhecido por conta do solitário rio
rangendo
versos d´algum marujo-poeta mal amado",
"o
pré-a-mar no campo da batalha já experienciada
ao longo
de outras jornadas",
maduros
frutos daquela essência
para
épocas longínquas que sempre
querem a
criação, a mais nobre inquietação,
a do ato
re-novador,
" em
direção à luz de tudo
que
respira
na língua
aguada
do
tempo."
@@@
II PARTE
Cor-agem
esplender
idéias, pensamentos,
utopias,
sorrelfas de sarapalhas requer
dis-posição
para o empreendimento,
trabalho
árduo,
por vezes
espremer os miolos à cata de gotícula
única de
coisas obtusas,
chegará o
tempo de, sentada na orla do mar, banhar os pés, a liberdade por todos os
cantos e re-cantos, outras ad-virão, levantar-se e continuar as andanças por
todas as
imagens,
"...nesta
morna invisibilidade no agudo
da noite
que minha diáfana presença
grafita
idéias como sopro campestre
na
disseminação do pólen da vida,
que se
arraigam infiltrados
no
imediatismo da vontade,
onde só
meu vulto vê a erosão
das horas
no âmago
gótico da
meditação...",
palavras-grafites
que vão traçando
traços no
mover-se lento até o
surgimento
da imagem,
o grafite
desliza no imaginário das palavras.
***
Cor-agem
grafitar
idéias e pensamentos,
dar uma
tragada no cigarro,
expeli-la,
olhando a
esperança movendo-se,
andando
na parede,
a cadela
Layla toda escrachada no chão,
grafitar
palavras soltas de instantes bizarros,
requer
trazer as nuanças pretéritas
dos becos
trilhados,
as
sinuosidades do tempo e suas ipseidades,
as
intempéries de situações,
circunstâncias,
o momento em que tudo acontecia,
o olhar
voltado para sítios futuros.
Sonhar
sonhando o sonho,
O sonho
de sonhar o sonho
das
idéias, pensamentos
"Fito
o horizonte com gestos longos,
profundos,
se é que o vejo na quietude
e
amplidão das sombras perscrutadoras
do
coração viajante.
Segundos,
minutos passam até
a
decepação de pensares tenebrosos
com ares
desafiadores e entreveios
pululantes
antes de requerer
o
pré-a-mar no campo da batalha
já
experienciada ao longo de outras jornadas.
***
Cor-agem
grafitar
idéias e pensamentos
pelo
quotidiano no quintal,
apanhando
frutas, comendo excelente
churrasco
com mandioca,
bebendo
uma "cervejinha gelada",
sentimentos
e emoções diferentes,
os
ponteiros do relógio andando
no
sentido horário requer a verdade
inconteste
das aquisições,
conquistas,
ao invés de férias
merecidas
por poucos dias,
depois do
sono tranquilo e profundo,
re-começar
tudo, seguindo em frente,
"...tendo
impressões aromáticas do botão
segregado
num jogo de gemidos e gritos
de
socorro em céus toldados dos sóis,
ofuscados
e acoplados
aos
ululantes ventos outonais
a
aconchegarem os sonhos
dentro de
mim insistentes e solitários..."
***
Cor-agem
Quê
ventura dar e receber!
E roubar,
ainda maior que receber!
Roubar
dos meus cofres inconscientes
as
sorrelfas esquecidas,
as
fantasias negligenciadas,
os sonhos
lastimados,
as
esperanças choradas a cântaro.
Falar a
todas as coisas e, na verdade,
a imagem
da circunspecção, introspecção
"escrever
é intensamente difícil.
Pintar é
um gesto,
um mover
a agilidade de grafitar sentimentos,
emoções,
o desejo,
a vontade
da imagem a resplandecer-se,
"...pretextando
barulhenta queda d´água,
surrando
pedras e rapinando
um canto
de pássaro
ainda
desconhecido
por conta
do solitário rio rangendo
versos
d´algum marujo-poeta mal amado."
***
...tudo
se reflete na superfície lisa,
no
espelho o rosto
de
grafitar idéias e pensamentos
""novos
sons e ecos desveladores
novas
solidões e silêncios,
em
direção
à luz de
tudo que respira
na língua
aguada do tempo..."
#RIO DE
JANEIRO, 25 DE ABRIL DE 2020, 13:26 p.m.#
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