CALOR DO SANGUE DA ARTE# GRAÇA FONTIS: PINTURA Manoel Ferreira Neto: AFORISMO
O
infinito e/ou o Perpétuo espera(m)-me ainda do mesmo modo, a Arte realiza a
presença deles no particular que os exprime, mas o Perpétuo é meu e a
Infinitude é de mim, do "mim-mesmo" que é só sorrelfa da eternidade
da alma. No estrito domínio humano nada do que o excedia se perdeu e a Arte foi
ainda o substituto divino. Emoção única, tão indizível, nós compreendemos bem
que o seu excesso apelasse para um mais do que ela e irresistivelmente se desse
um nome a esse excesso. Frêmito estranho, ele revela o seu indício quando a
obra não está ainda aí a justificá-lo e uma vasta extensão dele re-entra assim
no domínio artístico.
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Porque a
obra de arte é a corporização desse abalo original, a encarnação dele em
realidade sensível, é a verbalização dele em ser. Quando a obra surge, o
frêmito condensa-se nela própria e ela funciona assim como o ponto de partida
para a sua recuperação. Mas a emoção que está nela e nela se concentrou é uma
possibilidade realizada para outro arranque possível, porque a emoção é o próprio
apelo do homem, porque o sentimento é a própria evocação do indivíduo, do calor
do seu sangue. Eis porque, tocados do sopro humano, mil realidades da vida
podem reerguer-se ou aprofundar-se no que as habita. Ao olhar divino do homem,
uma simples pedra fala a voz da divindade. A um olhar humilde e profundo, a
vida inteira pode ascender à transfiguração.
#RIO DE
JANEIRO, 22 DE ABRIL DE 2020, 09:11 a.m.#
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