CRÍTICA LITERÁRIA POETISA E ESCRITORA Sonia Gonçalves COMENTA A PROSA POÉTICA #PÊNDULO MENTAL QUE O CRÂNIO ABRIGA
Boa
noite, Manoel Ferreira Neto!! Que coisa mais LINDAAAA, texto bem ilustrado e
complementado com as letras belíssimas traduzindo poema. Lindo demais, um
deslumbre de texto bem narrado, muito bem inspirado, cifrado, decifrado,
partilhado e duetado com Graça em relevância em beleza absoluta! Grata por
dividir comigo e com o mundo. Grata pela postagem admirável. Destaco cá um
trecho maravilhoso, embora seja díficil escolher um...
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Trago
euforia em mim, assistindo às lembranças, recordações... Creio não mais haver
qualquer possibilidade de distinção entre as águas e as falas em mim. Se nem
sempre são fundadas... – o quê? As águas? As falas de mim? Não o sei. A
descrição de uma situação à beira do rio, então as falas, mas estas que dentro
em mim trago, as que banharam-me as ilusões, longínqua época, nelas a leveza da
alma dos ventos, espírito das garoas e orvalhos, embora não me seria possível
esta intimidade se não houvesse estado à beira de um, muita vez o é, e basta
que seja fundada em experiências reais, sem a identificação do lugar, e em que
situação, para justificar as outras que não foram.
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Incontestavelmente
bello!Parabéns para o duo de poetas/artistas/amigos.Bjs noite serena.
Sonia
Gonçalves
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#PÉNDULO
MENTAL QUE O CRÂNIO ABRIGA@
GRAÇA
FONTIS: PINTURA
Manoel
Ferreira Neto/Graça Fontis: PROSA POÉTICA
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Faço
valer o argumento excepcional da sombra densa, quando para furtar-se ao dilema
de tons e perenes cores acinzentadas, que galanteio ostensivo se mostra,
projeta sobre o homem o delineio de vereda sinuosa, por onde serpenteia entre
as zimbórios de prata e os pilares de ouro.
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Atrelo
sonhos no corcel arrogante
Que
dispara e relincha e me entontece:
Antigamente
ele nutria "escombros" petulantes!
Agora
outro pasto o abastece.
***
Agora
suas crinas eriçadas
De prazer
que o vento e as potrancas
Galopam
em liberdade enluarada
Remexendo
suas lustrosas ancas.
***
Outrora
um trote cego e o arreio
Era
cilício na cintura: a dor
De
esporas e látego e o freio.
***
Agora
esta pujança, este embalo
De poema
que é empinado
Por outra
alma que tem nome de cavalo.
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Trago
euforia em mim, assistindo às lembranças, recordações... Creio não mais haver
qualquer possibilidade de distinção entre as águas e as falas em mim. Se nem
sempre são fundadas... – o quê? As águas? As falas de mim? Não o sei. A
descrição de uma situação à beira do rio, então as falas, mas estas que dentro
em mim trago, as que banharam-me as ilusões, longínqua época, nelas a leveza da
alma dos ventos, espírito das garoas e orvalhos, embora não me seria possível
esta intimidade se não houvesse estado à beira de um, muita vez o é, e basta
que seja fundada em experiências reais, sem a identificação do lugar, e em que
situação, para justificar as outras que não foram.
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A causa
secreta de não descrever a natureza, a situação, não o sei. De longe, parece
que me escapo do que elucubro, tenho algum medo bem escondido. Como se tudo se
transformasse descrevesse-a. Há o que diz em mim não sê-lo. Carece de
experiências por virem. Quem sabe devido a algo que me escapa a olhos nus,
olhar que olha a nudez das cositas, sentindo-lhes a sensualidade nítida, com a
idade perderam a natural agudeza, perspicácia de detalhes e pormenores. A alma
só letra felicidade nova ou inesperada, quando me vem à memória o Rio Paraúna.
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Mergulho
na imaginação e depois emerjo, como de nuvens, das terras ainda não possíveis,
ah ainda não possível descrevê-las com esmero, dizê-las simplesmente. Daquelas
que me faltam o engenho para imaginar, mas que são reais. Terras do sublime
engolfado na grama viçosa, nas copas aconchegantes das árvores, nas colinas de
lobos ruminantes de suas presas perdidas sob a lua minguante, entre uivos
instantes de pretéritas noites.
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Ando,
deslizo, continuo... Sempre sem parar, causando-me surpresa e admiração,
distraindo a euforia que me invade o peito por ter visto outras letras novas
sendo realizadas, lidas por mim, e é aqui que habita o importante... Servem de
águas para saciar as sedes de conquistas, paz, felicidade.
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Distraindo
a sede cansada de pousar num fim, primeiro as águas e as mensagens divinas, não
foi por entre elas que Moisés atravessou com o seu indigno povo em direção à
terra da liberdade? não foi por cima delas que Cristo andou? As sílabas e
termos que esperem. O apelo íntimo é que se mostrem nítidas, transparentes,
desnudem das memórias a liquidez do espírito da existência.
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Julgar-me-ia
louco se meu sofístico-poético
Da boca
não fosse liberto,
Da língua
não fosse artificiado solene,
Se meus
dedos das mãos travassem
Quando
desce a noite,
Se meus
olhos, chuvas e luzes,
Arredios...não
mais vislumbrassem,
Despertando
sensações serenas, ternas,
E se o
pêndulo mental
Que meu
crânio abriga
Não
emoldurasse bandeiras brancas
Aos
monumentos póstumos que edifiquei,
Aos
castelos perpétuos que criei
Dentro de
horas e tempo não dissociado
Contidos
em meu instinto de perpetuidade
Emergentes
das águas a desaguarem
Na nudez
dos símbolos e emoções,
No apelo
das metáforas e signos,
No rogo
das metafísicas e metalinguísticas
Orbitados
nas mãos cumplicentes
Das
palavras a circundarem
Ideais,
saudades, verdades e buscas...
Absurdas
belezas dessa "Vida"
Incabível
num só "POEMA",
Quaisquer
que sejam de estilo e linguagem
Aos olhos
indescritíveis,
***
Há um
triste canto de melancolias,
Cântico
de quimeras ardentes
A
aquecerem as faltas, lapsos do sublime
Em meu
silêncio, audíveis e rumorosos
Transpõem
frestas e frinchas
De
encontro a rostos abrasados
Sintomas
reprimidos da indignação
Sem
sublevação, soluços são tragados
No
refúgio d'alma
Para que
sôfregas perscrutações
Disfarcem
o desgarro da voragem longa de pesadelos
E novos
semblantes ergam-se no sossego
De outros
caminhos até a eternidade
Antes que
seus passos arrastem
Repulsões
e ascos desse mundo
No
repasse trazendo danos a almas divergentes
Aos
pasmos de sombras assumidas na cara
De todos
que brindam inverno antecipado.
Aí que
meu olhar se perde lá, bem à frente
Na
história ainda suspensa nos opostos
Das
razões abstracionadas,
Intelectos
metafísicos, exegéticos,
No
requinte das minhas palavras prudentes...
Por
vezes, impudentes,
Afinal,
... ainda não sabem
À frente
tudo pode acontecer e...
Nele, o
(Inverno), o Sol para todos brilhará?
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Nada
obstante, continuava preso àquela vida como sob o domínio de alguma obsessão.
Assim vivia porque não tinha outro remédio e porque se assim não fosse não
saberia o que fazer de mim. Tinha medo de ficar só por muito tempo, medo das
muitas veleidades de ternura, honestidade e carinho a que me sentia
continuamente inclinado, medo dos ternos pensamentos amorosos que com tanta
frequência me assaltavam. Ventava forte. Olhara as gotas que flanavam no ar, as
ondas que deslizavam na leveza da continuidade da jornada. Intitulei-as
Paraúnas.
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Serenas
águas que dos céus goticulam
Vertidas
do celeste pranto...
São leves
águas neste meu recanto
Pelas
ondas marítimas que, de esperança, deslizam!...
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Tesouro
de águas ondulando o manto
Dos
verdes bosques à soleira,
Cujas
praias acariciam e fecundam;
Oásis
d’água que os desertos minam como berço santo...
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As águas
são de vida perene fonte
Nos
orientando o além, pelo horizonte
Que nos
legará viver livre de ressentimento, mágoa..
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A
contemplar, na utopia do sublime, o rio da vida
A pátria
celestial, por mim amada,
Saudoso
trago os olhos rasos d’água!...
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Por isto
venho pedir-lhes, rogar-lhes, suplicar-lhes de volta aquele instante à margem
do Rio Paraúna, com tudo que vivemos, sentimentos, sensações, emoções, até
mesmo para inscrever nas páginas do destino as falas e águas que despertaram em
mim o falar de nós...
#RIO DE
JANEIRO, 20 DE ABRIL DE 2020, 21:08 P.M.#
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