“MU-GAM” AS REALIZAÇÕES E PRAZERES QUE LANÇAMOS AO FUTURO DE OUTRAS CONQUISTAS E OUTRAS ALEGRIAS# GRAÇA FONTIS: PINTURA Manoel Ferreira Neto: AFORISMO
EPÍGRAFES:
"Se não houverem "senões", por que
os sonhos do verbo amar, por que as utopias da liberdade, por que a entrega aos
verbos do pensamento consciente?"
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"Chamamos de “MUGA: O mundo somos nós e nós, o
mundo." Ah, esta esperança balança aos ventos de muitos desejos e
vontades; necessário renunciar à notoriedade, é buscar a esperança de dias e
relações estarem conciliadas, arte e história, cultura."
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A única solidão que se pode crer nela, que
realmente existe, deixando a língua inerte dentro da boca, a secura nos lábios,
nos olhos, o silêncio da garganta, é quando a arte de traduzir os sonhos se
torna por inteiro algo o mais insípido, o mais insosso, o mais frígido, o mais
impossível de combinar imaginações e utopias, as lágrimas fáceis e as
sinceridades silenciosas. A solidão do único em que nele se pode des-valorar as
verdades de antanhos e outroras, deixando o pensamento ter-giversado,
des-virtuado, des-conectado, separado da consciência, é quando o artista torna
sua arte apenas questionamentos, fugas, indagações, hipocrisias e falsidades,
não tem sensibilidade para con-templar as nuanças das in-verdades e verdades, o
mais impossível de olhar as criações, in-venções, imaginários férteis, utopias
e sonhos, como sendo, o significado deles, o que des-perta para a vontade de
in-vestigar o mais abismático os interstícios do sublime das con-tingências,
dores e sofrimentos, angústias e êxtases, tristezas e saudades...
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Sem nenhuma intenção mais profunda, inicia-se nos
mistérios da paixão uma alma ainda virgem, nova, inocente, ingênua, dando ao
coração alguma coisa da volúpia da inveja e da voluptuosidade do egoísmo.
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O espírito estará à espera da solidão gostosa,
música no aparelho de som, encostado ao parapeito da janela de terceiro andar,
olhando, sonhando, sentindo no espírito sensações que palavras não ousam
pronunciar. Seria não desfrutar os prazeres de sonhos e utopias, aquando
desejamos, no espírito, visão e transparência clara da relação unívoca e
uníssona entre a História e os homens.
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Chamamos isto a bússola de outroras. Não isto a que
presenciamos, assistimos a todo instante: o passado de correntes e algemas,
bússola da consciência. Tornando isso fonte de orgulho e poder, nada
significará a continuidade ao longo do decurso e percurso histórico.
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Ah, a música, a gaita toca esplendidamente, num
volume razoável. Não faz muito relampejou fortemente. As águas continuam a
descer. Ah, que prazer sentimos no espírito: saber que não diríamos de outro
modo, em quaisquer estilos a pré-serem-de-amanhã a luz do sol forte, noites
frias, como convém aos habitantes de serras e montanhas – se cercar, é
hospício, e já se encontram cercadas; se puser lona por cima, é circo, e já as
relações são leitmotivs de gargalhadas e risos cínicos - senão este que iria
dizer “As águas continuam a descer...”.
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Esperaríamos outro tempo em que as águas caíssem
das nuvens, e só assim sendo autêntico; isto de lembranças e ações passadas
estarem a significar os homens e suas relações, a determinar atitudes e gestos
não nos satisfaz anseios de águas retornarem por vezes, em nosso espírito o
desejo de novos e outros sentimentos que afaguem os desejos de, em quaisquer
outroras, a imagem seja a de conciliação entre o espírito criador e o devir
histórico.
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Chamamos de “mu-ga”, o mundo somos nós e nós, o
mundo. Ah, esta esperança balança aos ventos de muitos desejos e vontades;
necessário renunciar à notoriedade, é buscar a esperança de dias e relações
estarem conciliados, arte e história, cultura.
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As águas continuam descendo dos céus, as ladeiras.
Nós, aqui, encostado ao parapeito da janela, olhando-as. Outro trago damos no
cigarro, preciso e exato.
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Lembrou-nos aquando andava pelas ruas, alegre e
saltitante, e com o tempo, esta alegria e saltitância tornaram-se lentas e serenas,
o suficiente para descer e subir as ruas.
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No peito, hoje, resta-nos dizer que as utopias
continuam acesas. Algum dia iremos re-sentir esta alegria e saltitância, vendo
chuvas que irão cair severamente. O corpo tranqüilo e sereno, saindo da semente
das ilusões, utopias, sonhos que nos traspassam a existência amorfa por
inteiro, lançando-nos de novo às ruas e alamedas, à busca, enfim, do “beco dos
burgalhaus”, e descalço, saltitando na areia e no cascalho, sentir o instante
da iluminação-consagração do dom gratuito de, com palavras e utopias,
conciliadas a sonhos e luzes, esfalfar as quimeras e fantasias do passado,
entre as tensões de correntes-algemas que começam a doer nas pernas, as
algemas, nas mãos, isto identifica que a terra da liberdade está por ser
construída!...
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Ah, que é isto a revelação dos sonhos em palavras,
chega a deixar-nos refestelar à visão da chuva e da música que, de por trás de
nós, continua sendo executada no aparelho de som. Ao invés disso, acentuamos um
trago no cigarro, quase no seu término, restando apenas as “bitucas” que
amassamos ou deixamos apagar sozinhas no cinzeiro.
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Lembrou-nos fumaça no quarto de luz apagada, o
tempo de chuva, as águas caindo, e na alma a trajetória de dificuldades e
lutas, vãs esperanças, vendo a rampa alagada, e somente a visão disto. Ah,
não!...
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O estrangeiro e solitário necessitou perfilhar as
pedras de serras e montanhas à busca de utopias e sonhos, e, no tempo,
realizações e prazeres, e nada espera senão que, ao longo da caminhada, as
sementes nasçam espontaneamente, como tivéramos, certa vez, a oportunidade de
sonhar, o importante é que tínhamos sementes nas mãos que jogávamos no chão, e,
de imediato, nascia uma espécie de pé de alface, que tivemos ousadia de comer
uma folha, gosto delicioso.
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As que semeamos deram frutos, deliciosos, saudáveis
– se, para alguns, significaram desejos de polêmicas, insultos, é que algo não
estava em seu lugar devido. Outras vamos semeando, e nas mesmas circunstâncias,
questionaremos de outro modo, noutro estilo e linguagem.
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Águas precedem sonhos, utopias, e são elas que nos
identificam, dizem-nos que o mundo somos nós e nós, o mundo; “mu-gam” as
realizações e prazeres que lançamos ao futuro de outras conquistas e outras
alegrias.
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É verdade, há ocasiões em que lhe parece que uma
enorme tristeza irá tomar-lhe por inteiro, e nestes momentos a preocupação
fundamental é prestar atenção a todas as suas revelações e manifestações de
aparição, cuidando de saber e conhecer o sentido misterioso e esquisito que irá
estabelecer no íntimo, e, daí a quase nada, pensa justamente o contrário, o
inverso; pensa que vai receber uma notícia das mais prazerosas e que ela irá
tornar-lhe o homem mais feliz do mundo, e fica alegre como um pintassilgo,
quando, logo pela manhã, não importando ser inverno, primavera ou outono, entoa
o seu canto maravilhoso.
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Coisas de um homem que, em primeva instância, está
conhecendo a sua primeira paixão.
#RIODEJANEIRO, 10 DE FEVEREIRO DE 2020#
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