CRÍTICA LITERÁRIA POETISA E ESCRITORA Maria Isabel Cunha ANALISA O POEMA TRÁGICO #FAUSTO"
Fesmone, autor ou heterónimo de Manoel Ferreira
Neto que, decidiu seguir Goethe e Fernando Pessoa e com toda a propriedade,
pois utiliza temas e discursos diferentes na sua obra. Desta vez, Fesmone
repudia veementemente a sociedade actual, bem como a política e religião. A
sociedade contaminada pela corrupção, a política também pela corrupção, abuso
do poder e mentira ao Povo e a religião que prega uma doutrina sem exemplo,
apelando à pobreza e bons costumes, enquanto se regalam com prazeres e riqueza.
Fesmone satiriza todos os crentes, o povo que age ordeiramente contentando-se
com a opulência dos senhores. Insurge-se contra os corruptos que pululam na
sociedade sem castigo e alguns até laureados. Em linguagem satírica dialoga com
Mefistófeles que tenta seduzi-lo apontando-lhe a eternidade se alterar o seu
discurso a favor da classe dominante, dos corruptos, dos falsos eclesiásticos.
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Fesmone, conhecedor das letras e um mestre em
utilizá-las seria o discípulo indicado para se tornar célebre e recorda-lhe que
se as palavras são vãs "Fesmone!... Fesmone!... Inteligente e sábio como
você é, sabe que palavras de espiritualidade nada realizam, vão ficar flanando
no tempo a perder de vista no universo e horizonte". Recorda-lhe o que tem
Fresmone conseguido na vida com as suas palavras, continua sem expansão nem
riqueza, ao passo que os políticos e corruptos navegam nas riquezas.
Mefistófeles oferece-lhe o seu objectivo máximo, isto é a Palavra que se torna
Ser do Verbo, a palavra conseguir materializar-se, ser, incitando-o a reflectir
bem nos argumentos apresentados.
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Parabéns, Fesmone! Adorei esta sátira, bem como a
imagem que a ilustra da artista plástica Graça Fontis, apresentando Fesmone e
Mefistófeles, aquando o seu diálogo.. Parabéns ao casal, à dupla perfeita.
Maria Isabel Cunha
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#FAUSTO#
GRAÇA FONTIS: PINTURA
FESMONE: POEMA TRÁGICO
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EPÍGRAFE:
Eis aí o meu primeiro Heterônimo, obviamente sob a
Luz de Goethe, Álvaro de Campos, Alberto Caieiro, estes últimos heterônimos de
Fernando Pessoa, os meus sinceros e cordiais cumprimentos às Nações Alemã,
Portuguesa. Ousadia? Sei lá. O fato é que está criado.
Manoel Ferreira Neto
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VERSÍCULO I
Trans-pectivas res postas à luz de egrégias razões
do ab-surdo con-ting-ente, dores e sofrimentos, angústias e tristezas, ruminam
vazios perpétuos, quiça sob a fissura de o tempo, re-vertendo as dimensões
verbais da regência in-fin-itiva do "Ser", re-versando os instintos
adnominais do subjetivismo uni-versal das metáforas e semânticas do
"Não-Ser", possa nadificar as nonadas do louco que não morre,
trasn-fere a loucura para o além, do corrupto que reza o Credo de trás para
frente, rogando a Mefistófeles um cofre no abismo do inferno para guardar as
suas sacratíssimas economias que adquiriu com o suor dos simples e humildes,
acreditavam piamente na ressurreição, e foram colocados em saco de
"aninhagem", jogados no buraco de sete palmos, cobertos de terra, sem
nada para lhes id-ent-ificar. Orgia no Hades às almas danadas, danadas de
Glórias e poder - Creio em Santo "O".
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Trans-pectivas res cogitans postas
Ao crepúsculo pálido dos milênios,
De costas para o uni-verso do In-finito,
Re-fletindo a sombra do "espírito
maligno"
Que esplende seus raios numinosos de gnoses
Aos horizontes de trevas, e no "Monte das
Oliveiras", Mefistófeles de bengala e pelerine recita,
Declama Goethe de trás para frente,
O conhecimento das ciências é
A danação dos cordeiros da humanidade.
Vida eterna aos Bacamartes e alienistas!
Chamas ardentes aos sonhadores e poetas.
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VERSÍCULO II
Lúdicos dogmas da verdade pre-escritos
Sob as trevas medievas e medievais
Do nada secularizado, a ressurreição nadificada
De místicos mistérios do verbo tornado carne,
A redenção cristalizada de luciféricas ganâncias
Do poder e da glória,
De míticos enigmas dos pecados capitais
Contra a honradez e dignidade,
Em prol das maledicências e viperinidades,
Vaidades, volúpias dos bens materiais,
Evangelizam forclusions e manque-d´êtres
Da sensibilidade e espiritualidade,
Refletidas atrás do espelho do não ser,
Os deuses do Olimpo re-leem a Sagrada Escritura,
Circundados de imperadores,
Mefistófeles dança forró ao som do Cântico dos
Cânticos,
Executado no cavaquinho,
Projetando as sombras
Divinizando as gnoses metafísicas da vacuidade,
Os adeptos, alíbis, capachos, prosélitos
Naquela correria de discursos e mais discursos
Na Tribuna do Senado,
Do Congresso Nacional,
Da Câmara dos Vereadores,
Para emendas e cláusulas outras
Que beneficiem mais e mais a corrupção deslavada,
homérica.
Pers de tragédias con-duzidas de dentro e de fora
De suas miríades de caguinchices partidárias,
Pulhices sistemáticas re-versas
Às idoneidades do caráter e personalidade,
In-versas às verdades do tempo...
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VERSÍCULO III
Há-de se fugir a sete pés do paraíso celestial, é
início da mesmidade, do tédio, há de se fugir a sete pés da ressurreição, do
"lado direito" de Deus, é início das circunstâncias
in-circunstanciais da vida que são con-ting-ências, fazer tábua rasa do amor e
da compaixão não é melancolia da perspicácia, não é nostalgia da percuciência,
simplesmente sibilo do inaudito. Devagar se vai corrompendo valores e
virtudes... E se o longe for fora do mundo, no abismo do inferno, só lá será o
início das glórias, a eternidade de chamas são suficientes para o Templo
HADISÍACO, e sentindo compaixão dos desvalidos, dó de tirar-lhes o pão de cada
dia não se chega nem no meio do caminho.
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Paz na terra aos corruptos de bons instintos, sem
alma!...
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Há-de se fugir a sete pés de quem não veste a pele
do lobo, pois que jamais poderá uivar livre e solto na noite do apocalipse das
naúseas, nas trevas luciusíacas do sem-fim, acariciando a pele suave das
glórias eternas alcançadas ;
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Paz na terra aos corruptos de bons instintos, sem
alma!...
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Há-de se fugir a sete pés de quem será gato angorá
por toda a eternidade, pois que não sentirá o prazer da vovó de Collorina em
receber, re-colher e a-colher em sua choupana na nordestina caatinga, depois
que o filhinho amado e querido deixou-lhe todas as suas economias suntuosas
para guardar a sete chaves e levá-las para o limbo, à espera da visita calorosa
de Mefistófeles;
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Paz na terra aos corruptos de bons instintos, sem
alma!...
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Por todo o In-finito das Trevas e das Chamas, por
toda a Eternidade do Vazio e do Nada, nada estará corrompendo senão a si
próprio que não anseia angustiadamente o Bem e a Verdade. Estará penando no
próprio Caldeirão de Chamas, e nada conseguindo realizar, só enchendo a sua
Mansarda de Prosélitos e Capachos.
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VERSÍCULO IV - QUÓRUM
Fesmone, praga de urubu magro não mata cavalo
gordo. Se palavras realizassem alguma coisa, as da Bíblia Sagrada já teriam
tornado a terra e o mundo no Edén, as dos trágicos em suas epopéias já teriam
devolvido aos homens o espírito da vida e das contingências, Terra, mundo e
homens seriam verbos do Eterno. O que realiza, sejam em que circunstâncias
forem, são a ação e a atitude; agindo, estamos, prosélitos e eu, construindo a
nossa eternidade, as nossas glórias alcançadas às custas do povicho que entrega
suas vidas aos dogmas e preceitos do Bem e da Verdade, debulhando as contas do
terço nos Templos e Igrejas, pedindo a Deus misericórdia e perdão pelos
pecados, enquanto clérigos e pastores, confortavelmente montados em seus
alazões, de cajado na mão, levam o gado e as ovelhas para o curral, deliciam-se
na calada da noite sob as chamas da fogueira com delicioso churrasco de
picanha, regado a champagne francesa.
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Fesmone, estamos no trans-modernismo, os ideais da
palavra eivada dos sonhos e esperanças da espiritualidade são do Tempo do
Zagaia. Traz em si dentro a força da palavra, a força de seus desejos, para
quê? Está pregando no vazio, no deserto... Você é um ilusionista. Todas estas
palavras serão levadas pelo vento, nada restará delas. Você tem verdadeira
urticária do paraíso celestial... O que espera com as suas palavras tão
profundas, com as verdades arrancadas da alma? Levadas pelo vento, o que
restará para testemunhar no Juízo Final? Quer ficar vagando no espaço por toda
a eternidade? E o pior: sem quaisquer lembranças da humanidade, dos homens; se
lhes perguntarem sobre você, dirão que nem sabiam que um dia tinha existido.
Junte-se a mim: terá o seu lugar de honra na minha luxuosa mansarda, sentará à
minha esquerda. Não lhe peço que largue os seus ideais e sonhos para trás,
passando a ser corrupto. Nada disso. Use as suas palavras fortes para convencer
e persuadir os homens que a única salvação das contingências no mundo,
permeadas de náuseas, efêmeros, são os bons instintos, a ausência da alma, a corrupção
deslavada eivada de viperinidades, maledicências, hipocrisias, falsidades,
farsas, aparências.
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Fesmone!... Fesmone!... Inteligente e sábio como
você é, sabe que palavras de espiritualidade nada realizam, vão ficar flanando
no tempo a perder de vista no universo e horizonte. É o momento de você
realizar a palavra... Pense bem... O único em toda a história que conseguiu
realizar a palavra. Nem a Sagrada Escritura foi capaz dessa façanha. Será por
sempre laureado, glorificado... Estou lhe oferecendo a vida de todos os seus
sonhos e esperanças: a Palavra que se torna Ser do Verbo. Observe os políticos
em suas trajetórias, a cada dia encontram mais e mais prosélitos devido aos
seus discursos lindos e divinos re-vestidos de demoníacos ideais da matéria, do
conforto e bem estar, são livres, desfrutam de todas as regalias.
Pense bem, Fesmone... Re-flita e medite!!!
@riodejaneiro, 17 de fevereiro de 2020#
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