*ASSIM FALAVA FERNANDINHA PÉS DE GALINHA* GRAÇA FONTIS: PINTURA Manoel Ferreira Neto: SÁTIRA
Há-de se fugir a sete pés dos "uais"
mineiros, antes que alguém pergunte o que significa isto, tendo a simples e
percuciente resposta: "Uai, sô! Uai é uai, uai...", outra não
restando senão tirar o chapéu à francesa e picar a mula;
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Há-de se fugir a sete pés do "oh, meu..."
dos paulistanos, porque nalguma curva dos elevados alguém dirá a plenos
pulmões: "Nem meu eu sou quanto mais seu";
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Há-de se fugir a sete pés de picar a mula, porque
nalguma rua deserta e solitária a "sem-cabeça" pode sair de algum
terreno baldio à meia noite, nenhuma pressa será suficiente para evitar a calça
cheia;
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Há-de se fugir a sete pés das
Marias-vão-com-as-outras, não porque podem voltar para colocarem o espartilho,
ficarem esbeltas, mas por nada justificar enfiarem as mãos na cumbuca da
alienação, quando um pé no mundo e outro na cova são o Auto das Messalinas;
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Há-de se fugir a sete pés dos dezessete e
setecentos de troco do vinte réis, recebidos do "negócio é o seguinte: o
preço da égua é cento e vinte", dados como entrada gloriosa e
cinematográfica no jogo dos cambaços comerciais, e os cem restantes em
prestações suaves e singelas;
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Há-de se fugir a sete pés dos Salazares da
Culinária, quando plantam Cabos Zé Égua à porta dos restaurantes comunitários,
para garantirem as baratas na sopa do povo, sem sangue não há revolução, sem a
guilhotina do paladar não há o estômago da repressão;
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Há-de se fugir a sete pés da última gota que
trans-borda o cálice de cristal dos intercâmbios filosóficos entre as nações,
entre as humanidades ad-versas de interesses e viperinidades, pois que a cédula
única afundará os mares e oceanos no "buraco negro" da divina comédia
social e financeira à As Quatro Estações de Vivaldi;
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Há-de se fugir a sete pés do Boca do Inferno,
porque o seu estômago matoseano é do paraíso celestial, e ele alimenta suas
carências com a fé peada nos dogmas e pecados do Nada Apocalíptico;
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Há-de se fugir a sete pés dos doutores do Templo de
Éresis, os seus versos da eternidade desfrutam a vagina virgem dos bons
princípios do Bem e do Amor;
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Há-de se fugir a sete pés das conjuntivites que
coçam o olho, inconscientemente mostram a visão está com problemas na
superfície das coisas, o nada será sentido nas retinas como sendo o vazio do
cosmos, o vazio será con-templado como sendo a náusea de Antoine de Roquentin,
o nada será a divina ilusão da palhaçada perdida da verdade perpétua;
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Há-de se fugir a sete pés da verdade, a vida são
efêmeros instantes de palhaçadas e seriedades à busca do mata-burros do córrego
passando abaixo, rumo ao abismo da língua que carece de ristes do perene;
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Há-de se fugir a sete pés da morte da vida, pois
que o escritor português Virgílio Ferreira a-nunciou na sua obra a vida da
morte sem os idílios e sorrelfas da ressurreição.
#riodejaneiro, 16 de fevereiro de 2020#
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