**SE AMANHÃ HOUVESSE - SINFONIA DA FILOSOFIA** - Manoel Ferreira
Se
amanhã houvesse de preterizar o instante-limite de hoje, instante de nonadas
efêmeras copulando sorrelfas com os resquícios, vestígios do vazio, as
declinações do verbo perpetuar de ontem as travessias do mais-que-perfeito do
subjuntivo para o pretérito perfeito do indicativo projetando no além as
imagens forclusivas do particípio seduzindo ludicamente o gerúndio na noite
nupcial de trovões e tempestade, de ventos, consumação do tempo de idealizar o
perpétuo habitado de ipseidades nauseabundas do uni-verso infinito de voláteis
volúpias com a morte na alma, sursis da idade da razão.
Se
amanhã houvesse de verbalizar as melancolias do éden perdido no crepúsculo
pálido, semblante entrevado de notívagos idílios , pesadelos das chamas hádicas
e a luz cristalina , re-flexos límpidos, celestial dialética barroca do eterno,
contradição futurista do efêmero iluminado de pectivas das pers e retros das
pontes partidas que ad-stringem o solar do raio com a soleira do arco-íris após
o dilúvio do eterno, consumação do efêmero.
Se
amanhã houvesse de olvidar as lembranças da frincha no auspício do flamboyant
por onde ao entardecer costumava olhar enviesado para a longitude do uni-verso,
por vezes o azul pleno do céu, pensando nos instantes de querência de glórias,
prazeres, de tantos por onde passava, saltitava, entes íntimos deixados à mercê
das situações, circunstâncias, sentindo profunda saudade, hoje me entregaria de
corpo, alma, espírito às regências nominais e verbais dos caminhos por onde
trilho os passos, satisfeito com as conquistas, com as realizações, ainda o
mais importante, o nada resultado do efêmero é projeto para outros desejos,
vontades, para a vivência de outro amor, ser-lhe em todas as suas dimensões,
que encontrei num momento em que a contingência do abismo tomou-me por inteiro,
em mim sibilava o vento das ipseidades.
Se
amanhã houvesse de in-vestigar, alumbrar os vestigos dos gerúndios de
esperanças e sonhos do verbo que plen-erseja a semântica dos sentimentos da
cáritas, emoções do nous da verdade, a linguística dos volos do perpétuo,
forclusions do perfeito; dos particípios das utopias e idílios do ser que
plen-ersifica signos e símbolos do eterno re-vestido dos efêmeros da verdade
sempre na estrada sertaneja de raiz rumo à dialética da iluminação que cintila
e brilha no nada para a travessia do estar-no-mundo ao crepúsculo dos lírios do
genesis de cânticos do revés até o sempre, nos abismos, grutas, cavernas a
memória de um "perfect stranger" procurando a metáfora da vida, o
sistere do absoluto; hoje estaria eu apenas olhando de viés a continuidade de
minha vida desde as sorrelfas da inocência, ingenuidade à consciência,
sabedoria da sagrada palavra que silencia o tempo e o verbo do ser.
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**TECEDOR
DE PALAVRAS** - II PARTE
Epígrafe:
Sou
letras que buscam expressar o Espírito do Verbo em comunhão com as
contingências da alma. (Manoel Ferreira Neto.)
Se
amanhã houvesse de numinar o ipsis das metáforas da plen-itude que re-versa o
além das contingências com os confins do abismo, ad-versa o divino das
facticidades com o sagrado dos solipsismos, quando a re-novação das esperanças
se faz no entre-laçamento nupcial dos volos de verbos cujas gerências são lumes
da dialética do nada e ser, são contra-dicções da linguística e semântica das
ipseidades e mauvaise-foi, na koinonia simbólica dos latinos lácios do
infinitivo circunvagado de versos e estrofes do perpétuo nada, poiésis e
poiética da linguística pura e prática do vazio, poemática do absoluto.
Alvorecer
de hoje visto sob os linces de amanhã, visão do imperfeito subjetivo das
quimeras e fantasias, perfeição do indicativo que verbaliza os particípios do
tempo idealizando as peren-itudes de arribas em pleno baile de balalaikas e
fados de nostalgias e melancolias.
Se
amanhã houvesse... poiésis e poiética da linguística pura.
Versus
de estrofes cujas gerências
São
lumes da dialéctica do nada.
Se
amanhã houvesse...
Koinonia
simbólica dos latinos lácios do in-fin-itivo
Poemática
do absoluto.
Se
amanhã houvesse...
Visão
do imperfeito subjetivo das quimeras e fantasias
Fantasiando
o instante-limite à soleira das sublim-itudes
Jazem
fados de nostalgias e melancolias
Circunvagadas
de particípios do tempo
Se
amanhã houvesse...
Se
amanhã houvesse de omnipresentar a luz cristalina que incide no riacho de águas
noctívagas, os raios numinosos do sol que incidem nos campos de flores
silvestres, e a sombra na calçada da tabacaria resplendendo de serenidade a
imanência das glórias, e à soleira das grutas de estalactites o canto da coruja
saudando o silêncio milenar do genesis, solidão secular do cântico dos cânticos
sob a cintilância da lua nova que perfect-erseja o sublime de miríades do verbo
do infinitivo, infinito metafórico dos eternos gerúndios, hoje simplesmente
estivera eu sentado na rampa de meu casebre, a-nunciando o alvorecer, ouvindo o
trinar de um pássaro que me inspira a solicitar do que trans-cende o além o
forclusivo ritmo da etern-itude e no de-curso e per-curso do dia alumbro os
nadas e vazios à luz interstícia e inter-dita do sublime, crio e re-crio
imagens e faces do vir-a-ser.
Se
amanhã houvesse de memorizar as pers de pectivas do instante vivido e
vivenciado de sentimentos e emoções, as pers da cuciência do logus e gnoses da
liberdade e consciência, quando os uni-versos e horizontes do há-de ser abrem
suas venezianas para os solstícios do trans-cendente, quando a neblina nívea
perpassa as brumas do nada, feliz e saltitante por vislumbrarem a travessia do
vazio em direção às forclusiv-itudes da esperança perfeita, divina da ribalta
do silêncio, picadeiro da solidão, onde, não vez por todas mas todas as vezes,
digo a mim nalguns momentos como este, sentado no centro do picadeiro, em
posição de re-flexão, meditação, um palhaço que conquistou diferentemente com
as letras que sou, sou as letras que buscam a expressão do Verbo do Espírito,
em comunhão com as contingências da alma, hoje tão unicamente estivera eu,
houvera a mim estado e pensando, quiçá elucubrando, as nuvens brancas no espaço
celeste, perfilando o ossuário do uni-verso, cont-templando a montanha coberta
de neblina, o tempo nublado, chovera na madrugada, chuva que só estiou às cinco
e meia da manhã, hora de, cachimbando, deitar na rede, olhando de viés as coisas
e objetos, fortuitas as idéias que bailavam na mente, eram ensimesmados.
Se
amanhã houvesse...
Sou
letras que buscam
A
expressão do Verbo do Espírito
Picadeiro
da solidão
Travessia
do vazio em direção às
Forclusiv-itudes
da esperança perfeita.
Se
amanhã houvesse...
In-fin-itivo
metafórico dos eternos gerúndios
Cântico
dos cânticos
Sob
a cintilância da lua nova
Que
perfect-erseja o sublime de miríades do
Verbo
do infinitivo.
Se
amanhã houvesse...
Se
amanhã houvesse de elencar os momentos de felicidade, de facilidade
vivenciados, sorriso de orelha a orelha, o peito arfando, dizendo-me a mim em
palavra a vida me fora solidária e compassiva, legou-me inúmeras conquistas, só
prazeres e alegrias, , hoje estaria escondendo a cabeça debaixo da coberta de tanta
vergonha da crassa e ruça mentira de a vida haver sido plena de felicidade e
alegrias, coisas do amanhã, prefiro a realidade pujante de hoje, se o amanhã
houver, quiça elenque os pensamentos forclusivos da eternidade, quando no mundo
só as cinzas de mim misturadas na terra. Aeternitas. Libertas.
Se
amanhã houvesse de..
Se
amanhã houvesse de...
Se
amanhã houvesse de...
Se
amanhã houvesse de ser o verbo da carne...
Se
amanhã houvesse de promulgar
As
estâncias e instâncias do desconhecido com as emendas
Das
volúpias de sin-estesias
Elenque
os pensamentos forclusivos da eternidade,
Quando
no mundo
Só
as cinzas de mim misturadas na terra.
Aeternitas.
Libertas.
Eis
o "sou de mim". Eis o "tecedor de palavras" em nome da
busca da expressão do Espírito do Verbo, em comunhão com as con-tingências da
alma.
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**III
PARTE**
Se
amanhã houvesse de versar as miríades das intuições, percepções, sensibilidade
que per-cursam a luz, de-cursam o brilho das imagens semânticas do ipsis da
prosa ao litteris da alma, desejando o rosto das infini-itudes dos desejos e
vontades, ser a efígie de um rosto de contingências da alma e nelas habitando a
expressão do verbo do espírito, hoje estivera dobrareando as páginas
ensimesmadas, en-si-mesmadas, pálidos crepúsculos, do alvorecer sertanejo,
ouvindo um trinar de pássaro lindo, tecendo de letras o tapete silvestre em
direção ao infinito, ao que trans-cende o esplendor da liberdade de ser quem
faço de mim, quem crio e recrio de mim, re-crio-me, invento-me, re-invento-me
às nuanças de brilhos e cintilâncias do há-de verbar mazelas e pitis nas bordas
dos tapetes verbalizar tramóias, trambiques no centro de um picadeiro, cujos
símbolos e signos são o entre-laçamento de outros fios no barroco de
subjuntiv-itudes do eterno que riscam o étereo do espelho com o diamante
ilustrativo das brumas que habitam as prefundas dos mistérios e enigmas, são
eles o húmus da pétala seca da rosa negra, que exala o perfume das eter-itudes,
o que é o odor agradável e sensível da esperança, sonho, utopia, sorrelfa,
quimera das nostalgias que confeteiam da arte de tecer as saudades melancólicas
e ensimesmadas de salpicos e sarapalhas regenciais da perfectu-itude do
amor-caritas nas ad-versidades e div-ersidades do "come, pequena suja,
come chocolate, olha que não existe outra metafísica no mundo senão comer
chocolate", eis o fingimento, eis a farsa, eis o ethos do son, ritmo e
melodia da estesia, poesia e identificação do ethos da música, do acorde do
violão da boêmia que canta o lírico das linguísticas, que figuram as orquídeas
da Alegria Breve.
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**IV
PARTE**
Se
amanhã houvesse de explicar a intencionalidade de dividir "Se amanhã
houvesse" em sete partes, houve de disponibilizar-me um tempo para pensar
o estar-no-mundo em comunhão com as conquistas, esperanças, para isto mergulhar
no "eu poético", investigar-lhe as situações e circunstâncias, só
vislumbrando a felicidade de uma criança que brinca como jogo das palavras,
tripudiando com o tempo, blefando com o verbo. Hoje seria quem re-versasse,
in-versasse a verdade da plen-itude com os interstícios baldios da alma, interditos
sarapalhados de regências e declinações das utopias das esperanças e pretéritos
mais-que-perfeitos que se sintetizam na pectiva de retros, retros de
crepúsculos, entardecer, retros de anoitecer e madrugar, alvorecer a semente de
orquídea que será a flor e a beleza nívea da náusea das mesmidades no instante
de travessia para outras dimensões do absurdo e divino ser no transcorrer dos
ipsis e litteris das páginas de um sono o picadeiro do circo de gestos e
intenções do in-fin-itivo verbo de haver nascido do trapézio que oscila de uma
perspectiva a outra, mas o grande espetáculo seria no picadeiro de quem tudo
pode para criar a alegria através de gestos tragicômicos da liberdade; nasci no
meio dos livros, vou morrer no meio deles, com efeito, epigrafarei a solidão do
palhaço, silêncios e vazios, re-presentando na metáfora dos subjuntivos
gerúndios os vernáculos eruditos do vir-a-ser jogados no jogo lúdico do tempo,
jogo de ruminâncias de ouro e riso, epitafiarei os re-versos in-versos da morte
nada sendo senão a mediocridade em não saber, trazer a sabedoria em dentro, que
o "Das" do mistério poiético da verdade borrificar de loção a face
esquerda dos idílios, conspurcados de batidas do sino da igreja sob a luz da
notívaga noite da libido na querência sensível e trans-sensível de acontecer o
sublime das palavras que versificam e proseiam os liames de vestígios do nada
na característica específica e sine qua non de pretéritos que originam os
ritmos e acordes do "eu poético" que se re-vela ao mundo por inter-médio
da arte circense da Estrela Polar, romance de idílios da
"ec-sistência", desvelado o nítido nulo do cócito cogito das
sorrelfas idílicas que da lídima "persona" ilumina a liberdade do
abismo.
Se
amanhã houvesse...
Ruminâncias
de ouro e riso
Querência
sensível e trans-sensível
De
acontecer o sublime das palavras!
Acordes
do "eu-poético...
Se
amanhã houvesse...
Das
páginas de um sonho
O
picadeiro de um circo
De
gestos e intuições
Liames
de vestígios do nada
Desvelado
o nítido nulo
Do
Cócito Cogido das sorrelfas idílicas!
Se
amanhã houvesse...
Epitafiarei
o blefe do verbo,
A
luz da notívaga noite
De
idílios da "ec-sistência"...
Se
houvesse o "se" de amanhã no eu poético das poiésis...
Se
houve o eu poético da poiésis, o amanhã de mim representado de palavras
alegres, de plen-ersejar os sibilos da vers-itude, seduzindo a nudez da
sabedoria, a ruminância das ad-vers-itudes, bolinando a pureza da eternidade.
Sou quem no sou, no ser-de-mim... sou palavras do inter-dito dos baldios terrenos
da alma, a orquídea simbólica da sorrelfa sob a chuva fininha do eterno.
Fico
sentindo e con-templando o nublado
Do
amanhecer, olhando o mar à distância.
Orvalh-itudes
de quimeras tocando as páginas viradas, se amanhã houve de imortalizar os
interditos de sonhos e esperanças, melancolias e nostalgias pretéritos, cujos
estilos de linguagem olvidei, ad-nominando e ad-verbiando o caos do efêmero,
seria hoje, após sono profundo, nem me lembra se sonhei, a plena saudade de
manhãs em que regava os canteiros de flores, amava tocar o orvalho nas pétalas
e folhas, dizendo-me estar orvalhando as palavras, sorrindo de soslaio, a
jornada era longa, sem fim. Mister criar-me, re-criar-me, inventar-me, a
verdade, as verdades me esperavam nalgum terreno baldio de minh´alma, era
engajar-me, arrancar-me de mim, destrinçar-me, a face afiadíssima de dois gumes
do efêmero e eterno cortava-me em todas as direções, a minha missão era o eu
poético, utensílio que amenizaria as dores da contingência, dialética da naúsea
e dogmas do "ser". A força do sonho; haveria de ser quem sou, as
letras não mentiriam, a verdade do "sou" seria registrada pelos dedos
das mãos. Hoje estaria sentindo e pensando estar bem distante ainda do que
sonhava realizar, são apenas garatujas fortuitas, quanto mais eu ando mais vejo
metafísicas e metáforas na poeira das estradas.
"A
única coisa que levará desta vida
São
os ideais, as idéias, o pensamento,
A
sensibilidade, esperanças e sonhos" - dizendo a mulher entre o sono e a
vigília.
Se
amanhã houvesse de recordar sentimentos e emoções vividos com as leituras das
cartas de leitores de Dostoiévski, carinho e ternura deles com o grande
escritor, haveria com efeito de lembrar dos sonhos de ser querido e reconhecido
por meus leitores. No tangente às profundidades da alma, Dostoiévski é o meu
grande mestre, à luz de sua alma mergulhei na minha, homem e escritor se
realizam na relação com os companheiros das letras, amigos da vida. A minha
eternidade são as letras, a vida conjugada com a companheira, o grande amor, os
amigos, todo o resto são efemer-itudes que devo viver plenamente, embora as
contradições e dialéticas, o verbo é a luz das sendas e veredas no silvestre
caminho do "ec-sistir", sei que represento a verdade no que digo de
mim, enfim só na Bíblia não existe "re-presentação", tudo é a verdade
absoluta, eternizada de divin-idades.
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**V
PARTE**
Se
amanhã houvesse de recitar versos e estrofes - metrificados como reza a práxis
dos eruditos e clássicos nos tabernáculos da tradição - das utopias do belo e
eterno que extasiam, estesiam, impulsionam a caminhada na metafísica de poeiras
da estrada, incentivam a re-criar e criar outros horizontes em cujos cernes
esplendem desejos e vontades das perfect-itudes, verdades, inspiram a in-ventar
e re-in-ventar as esperanças das sublim-itudes do perpétuo, sin-cronia,
sin-tonia, harmonia do efêmero e nada, correspondência entre náuseas e vazios,
verso-uno dos volos de vontades e sorrelfas do presente que justificam
quaisquer manque-d´êtres, mauvaise-fois, o peito em estado de gloria, euforia
com a alegria de as nonadas intersticiarem os recôndito baldios da alma,
absurdos e absolutos, instantes-limites perpassando as ausências e faltas do
ser, sem quaisquer dogmas, preceitos, valores e virtudes, morais, estéticas,
éticas, simplesmente a jornada de estar no mundo circundado, circunvagado de
manque-d´êtres, forclusions, abismo e solidão plenos, hoje não comporia poema
para tudo isso re-velar, alfim são merecedoras de ternura. carinho, em suma,
amor em todas as suas dimensões, e serem registradas para re-velarem esta
condição do homem no mundo é des-respeitá-las, a vida sem sentido e significado
isto é com quem a vive, com quem blefa, tripudia com as circunstâncias e situações,
mauvaises-foi, fugas, covardias, incapacidades de debulhar o terço das buscas e
desejos do eterno apesar do efêmero que vai acompanhar por sempre, a metáfora
do século XXI será cacófato do XXII, e este, o vício de linguagem do XXIII, mas
eterno porque nas trevas a luz se a-nuncia, vice-versa.
Se
amanhã houvesse...
Não
comporia hoje
Começar
no in-verso
Para
atingir o verso verdadeiro
"Onde
só o infinito é o limite
Dentro
desse mundo uno
Em
expansão
Ainda
longe da verdade absoluta..."
Se
amanhã houvesse de acender uma vela na janela, do lado de fora, começando,
assim, um ritual para o alvorecer ser feliz, para a felicidade ser plena no
espírito do verbo sonhar, hoje com todas as letras em riste diria ter estado
louco, varrido, doido de pedra, pois que homem algum é vocacionado à plen-itude
de felicidade, não saberia con-viver com ela, vomitaria os bofes, náusea
absoluta, dores e sofrimentos lhes são inerentes. Aí o incólume e insofismável
questionamento : "Por que a busca desatada da verdade, se as in-verdades
são eidos de minh´alma? Não seria de bom tom viver as in-verdades com grande
amor e paixão, as mentiras com tesão e fissura?" Quê tristeza: impossível
para a felicidade plena, impossível para as in-verdades perenes. Simplesmente
com este idílio de amanhã houvesse de acender vela no canto da janela,
princípio de ritual para a felicidade ser perene, cobrir-me-ia de nostalgias,
melancolias, saudades de pretéritos e passados, idílios, quimeras, fantasias de
gerúndios e infinitivos do vazio, mas não me trans-portaria, trans-elevaria,
trans-cenderia ao amanhã, alfim o amanhã é elucubração, rima pobre de soneto
saudando o vir-a-ser, o vir-a-ser só se me re-vela no instante-limite de
aqui-e-agora, só me vejo sendo o outro de mim na consciência e sabedoria do que
estou sendo. O verbo do presente ilumina-me, numina-me para outros efêmeros que
re-velarão eidos, essência, cerne do vazio, e só este pode re-colher, a-colher
o múltiplo, absoluto, divino, que nada mais são que húmus para outras contemplações
do há-de ser.
Se
amanhã houvesse...
O
verbo do presente ilumina-me,
Pobre
de soneto saudando o vir-a-ser
Cobrir-me-ia
de nostalgias,
Fantasias
de gerúndios e in-fin-itivos do vazio
Quimeras
de particípios e gen-itivos do nada,..
Se
amanhã houvesse...
Outros
efêmeros que revelarão
O
cerne do vazio...
Outras
contemplações do há-de ser
Outras
intuições do ad-vir
Outras
inspirações do porvir.
Se
amanhã houvesse de me redimir dos pecados capitais da carne e ossos, por
haverem interferido nas sorrelfas do bem e do mal, tergi-versado de prazeres e
gozos, fazendo de mim unicamente instinto, jogando-me no beco sem saídas das
coisas fúteis e fortuitas, terreno baldio dos nonsenses, na madrugada de ontem
para hoje não teria dormido um instante sequer, pesar-me-ia a consciência,
sentir-me-ia o mais vil da laia humana.
Se
em consequência de amanhã houvesse de, haveria de hoje enfiar o rabo entre as
pernas, seguir o meu itinerário de cabeça baixa, preferiria o passado de ontem,
ontem de quaisquer ontens, pois que nada disso se me re-velou, se me a-nunciou.
Era
livre e não sabia, a liberdade estava nas minhas mãos feitas conchas e não a
conhecia.
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**VI
PARTE**
Se
amanhã houvesse de filosofar as ipseidades e solipsismos do não-ser que vagueia
solitário e silencioso, angústia e tristeza por ser discriminado e rejeitado,
por que saboreia com volúpia as neuroses de perfeição, à soleira do abismo
perscruta as miríades do efêmero que a-nunciam o há-de ser sob a cintilância
das cores do arco-íris desejando com êxtases e euforias as nonadas do
apocalipse, sorrelfas da consumação dos tempos para nalgum momento do ec-sistir
se entregar por inteiro ao vai-e-vem da rede numa noite de chuvinha fina, vento
ameno, ouvindo os ritmos e acordes do uni-verso, balalaika do pretérito em
síntese com o fado do infinitivo dos horizontes, particípio de confins,
gerúndios de arribas, genitivos das pre-fundas da inconsciência, a companheira
dizendo aos risos sem limites, "... fez a fama deitou na rede!", o
verbo do ser que rebole e dance em chapa quente no itinerário de querências da
verdade, hoje simplesmente elencaria as metafísicas das sendas e veredas
perdidas nas antanhas memórias da concepção do caos, geração das vacuidades,
luz e brilho do vazio, e por toda a eternidade a razão pura encalacrada de
impossibilidades de a verdade ser a luz do espírito que numina os
manque-d`êtres seculares e milenares; hoje estaria ludicamente sentindo profundo
o demasiadamente humano, humanidade do ser, a imperfeição para auscultar o
inaudito dos mistérios e enigmas.
Se
amanhã houvesse...
De
filosofar
Ipseidades
e solipsismos do não-ser,
Genitivos
das pre-fundas da inconsciência,
Declinações
dos interstícios e âmagos
Das
latinas regências do sublime e uni-versal
A
imperfeição para auscultar
O
inaudito dos mistérios e enigmas
Se
amanhã houvesse...
De
re-compor com sibilos de sorrelfas
A
erudição das promulgações do verbo de ser
Seria
que houvesse já sido preparado
Para
auscultar o in-audito dos mistérios e enigmas,
Tecendo
com as linhas do horizonte
O
crochete do instante-limite?
Se
amanhã houvesse...
Incidir
na superfície lisa do espelho a imagem cristalina do diamante que risca o
etéreo, a face lÍmpida do pote de ouro no fim do arco-iris, imagem e face que
originam o rosto das sublim-itudes da sabedoria, sarapalhada de resquícios,
vestígios do tempo que re-criam, compõem, poetizam e poematizam as pontes
partidas em direção, pro-jetadas aos ilimites do além, aos ab-surdos do
in-finito, e que as contingências da náusea e desespero expliquem, justifiquem
as incongruências do inferno meigo das insolências, hoje nada mais, nada menos
estaria senão descansando na minha cama, esperando o sono tomar-me por inteiro,
esquecendo-me da vigília de olhares de esguelha, soslaio, de banda para os
solstícios do "Ser" que paraclitam o pássaro a re-duplicar o canto
para a sinfonia e ópera da fé na esperança do sonho.
Se
amanhã houvesse...
Cintilância
das cores do arco-íris
Desejando
com êxtases e euforias
As
nonadas do apocalipse
Se
amanhã houvesse...
Do
espelho, a imagem cristalina
Do
diamante
que
risca do etéreo,
Rosto
das sublim-itudes da sabedoria,
Incongruências
do inferno meigo
Das
insolências,
Sarapalhadas
de "Se amanhã houvesse",
Resquícios,
vestígios do tempo.
Se
amanhã houvesse...
Se
amanhã houvesse...
De
re-esboçar o croqui
Que
delineei, burilei
Do
casebre visto à distância
Por
intermédio das frestas das árvores
Comporia
de ideais e vazios
As
bordas e fronteiras das pontes partidas
Antanhas
memórias da concepção do caos.
Se
amanhã houvesse...
Idílios
de sorrelfas compactas, des-compassadas. Quimeras de "fluviais"
perspectivas, quiçá houvesse de re-criar o instante de um comentário na madrugada,
"... já pensou se houvesse alguém quem fosse de todo ingênuo para ouvir
que para limpar a língua da nicotina do cigarro ácido sulfúrico misturado com
soda cáustica fossem o produto, nada restaria da nicotina do cigarro, e
experimentasse de imediato...", a companheira não conseguia parar de rir,
dor de barriga de tanto rir, e este riso leva-me a pensar e sentir os
si-labiais dos desejos de des-velar o presente de emoções de estilos e
linguagens, a-nunciações de a vida ser sempre o riso das circunstâncias,
situações, a flauta dos momentos que recita o encontro das almas... sei lá como
dizer isto noutras palavras...
Se
amanhã houvesse!...
Fantasias
de compactas elegias à etern-idade,
Puras
mangofas das eter-itudes
Orvalhadas
das ausências e náuseas do abismo,
Quiça
haveria de re-alinhar as perspectivas do sonho,
Carícia,
ternura, toque, carinho,
Re-alinhavando
as imagens do sono.
De
nada ser, de nada sonhar, de nada projetar, simplesmente ser a vida na sua
dimensão de nada composta de vazios e efêmeros, hoje fecharia os olhos,
esvaziaria a mente de idéias, pensamentos, silenciaria o coração de amor,
ternura e solidariedade, fecharia os lábios, nenhuma palavra pronunciada, mas
entregar-me-ia completo e imperfeito à divina comédia do nada, à palhaçada do
efêmero, no picadeiro das ribaltas do que trans-cende o limiar, soleira do
fin-itivo do verbo "plen-izar" o desconhecido.
Se
Amanhã
houvesse...
****************
**VII PARTE**
Se
amanhã houvesse de negligenciar a sine qua non determinação: o destino se faz
nas con-ting-ências da vida, questionando as verdades, desejando o encontro,
síntese, comunhão de sonhos e esperanças que são a luz do verbo
"Ser", são o verbo da verdade que se a-nunciará, o sentido mesmo da
"ec-sistência" é o pro-jeto de construção de valores e virtudes
através de obra que perpassem os tempos, a cada tempo são o outro de dialéticas
e contradições, caminhos para a vida-para o eidos da Vida, diria, como sempre o
direi, assumiria com mais determinação o projeto de fazer o sentido da
ec-sistência, pois que, aquando decidira assim haveria de ser, dúvidas,
inseguranças e medos habitavam-me, e hoje com as buscas inda mais pujantes com
a aquisições do "sou" de mim, com as glórias da obra em processo, a
sabedoria das iríadas e éresis
da
entrega plen-ifica de lutas, persistência e insistência, obstáculos e
impossibilidades, sendas e veredas à frente estão delineadas, buriladas, com as
estesias do nada e efêmero, custa apenas seguir os horizontes do campo de
orquídeas e cactus, sabendo de antemão às revezes serem a iluminação nas trevas
do inaudito, desconhecido, enigmas e mistérios ipseidados de ilimites
"bis-lumbrando" os absurdos, deidad-ificados de aberturas perpétuas
a-lumbrando outros uni-versos das plen-itudes do deserto que re-flete a
longevidade do eterno. Madurecido para o "ser" anunciado na continuidade
dos verbos em todos os tempos e modos, em todos os tempos e modos revérberos
dos versos e prosas. Crescido na fusão do "eu próprio" e o "eu
poético", deuses insólitos e insolentes do poder, a psique é plena e
absoluta tramóia, tripúdio com as ribaltas da condição humana, imperfeita até
os ossos, na querência da carne, que volam veias e sangue nelas percorrendo em
nome do corpóreo baile das nonadas e travessias que des-embocarão nos elísios
campos do ser, veredas do silvestre em perpétua con-templ-ação do arco-íris da
liberdade, como se não houvesse amanhã, não houvesse consumação dos tempos, não
houvesse havido genesis, não houvesse o apcalipse sendo as mazelas e pitis
humanos do mal vencendo o bem.
Veredas
do sllvestre em perpétua
Con-templ-ação
do arco-íris da liberdade,
Em
todos os tempos e modos
Revérberos
dos versos e prosas,
Continuidade
dos verbos
Em
todos os tempos e modos,
Re-flexão
da imagem do baldio
A-nunciação,
revelação
Das
paisagens do in-finito
Na
contra-luz lunar atrás das constelações...
Se
amanhã houvesse...
Se
amanhã houvesse...
Estesias
do nada e efêmero,
Às
revezes,
Serem
a iluminação nas trevas do in-audito
Se
amanhã houvesse
Aberturas
perpétuas a-lumbrando
Outros
uni-versos das plen-itudes do deserto
Se
amanhã houvesse...
Se
amanhã houvesse de morrer, morte morrida por haver realizado a determinação de
deixar aos tempos os frutos verdes e maduros das esperanças e sonhos do
amar-verbo de ser o efêmero do nada, o nada do vazio, genuflexaria aos pés da
efígie do templo da náusea, debulhando o terço da Vida que me fora apenas o
estar-no-mundo, equilibrando-me no trapézio das determinações da liberdade,
livre-arbítrio das escolhas do abraço, quebra-costelas cinchadito no más , e o
resto veríssimo do que tardia será a naúsea e a divina comédia das faustas
querências das verdades, absurdos e absolutos da Vida por ser.
Amanhã...
Pretérito do ?Ser... Hoje, subjuntivo da Esperança do Nada em ?síntese do vazio
com as alegrias fúteis do sempre, do jamais, do nunca, do vir-a-ser do Eterno...
Manoel
Ferreira Neto
(Rio
de Janeiro, 29 de setembro de 2016)
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