COMENTA GRAÇA FONTIS ARTISTA-PLÁSTICA(PINTORA) E POETISA O TEXTO /**SE AMANHÃ HOUVESSE - IV PARTE**/
Pois há sempre viver o amanhã nessa representação mais
que perfeita de suas verdades,...ditas, interditas...entrelaçadas na mais
perfeita ordem nos convidando despretensiosamente a uma viagem sem retorno onde
só o infinito é o limite dentro desse mundo uno em expansão ainda longe da
verdade absoluta!...Parabéns sempre...
Graça Fontis
**SE AMANHÃ HOUVESSE - IV PARTE**
Se amanhã houvesse de explicar a intencionalidade de
dividir "Se amanhã houvesse" em sete partes, houve de
disponibilizar-me um tempo para pensar o estar-no-mundo em comunhão com as
conquistas, esperanças, para isto mergulhar no "eu poético",
investigar-lhe as situações e circunstâncias, só vislumbrando a felicidade de
uma criança que brinca como jogo das palavras, tripudiando com o tempo, blefando
com o verbo. Hoje seria quem re-versasse, in-versasse a verdade da plen-itude
com os interstícios baldios da alma, interditos sarapalhados de regências e
declinações das utopias das esperanças e pretéritos mais-que-perfeitos que se
sintetizam na pectiva de retros, retros de crepúsculos, entardecer, retros de
anoitecer e madrugar, alvorecer a semente de orquídea que será a flor e a
beleza nívea da náusea das mesmidades no instante de travessia para outras
dimensões do absurdo e divino ser no transcorrer dos ipsis e litteris das
páginas de um sono o picadeiro do circo de gestos e intenções do in-fin-itivo
verbo de haver nascido do trapézio que oscila de uma perspectiva a outra, mas o
grande espetáculo seria no picadeiro de quem tudo pode para criar a alegria
através de gestos tragicômicos da liberdade; nasci no meio dos livros, vou
morrer no meio deles, com efeito, epigrafarei a solidão do palhaço, silêncios e
vazios, re-presentando na metáfora dos subjuntivos gerúndios os vernáculos
eruditos do vir-a-ser jogados no jogo lúdico do tempo, jogo de ruminâncias de
ouro e riso, epitafiarei os re-versos in-versos da morte nada sendo senão a
mediocridade em não saber, trazer a sabedoria em dentro, que o "Das"
do mistério poiético da verdade borrificar de loção a face esquerda dos
idílios, conspurcados de batidas do sino da igreja sob a luz da notívaga noite
da libido na querência sensível e trans-sensível de acontecer o sublime das
palavras que versificam e proseiam os liames de vestígios do nada na
característica específica e sine qua non de pretéritos que originam os ritmos e
acordes do "eu poético" que se re-vela ao mundo por inter-médio da
arte circense da Estrela Polar, romance de idílios da "ec-sistência",
desvelado o nítido nulo do cócito cogito das sorrelfas idílicas que da lídima
"persona" ilumina a liberdade do abismo.
Se amanhã houvesse...
Ruminâncias de ouro e riso
Querência sensível e trans-sensível
De acontecer o sublime das palavras!
Acordes do "eu-poético...
Se amanhã houvesse...
Das páginas de um sonho
O picadeiro de um circo
De gestos e intuições
Liames de vestígios do nada
Desvelado o nítido nulo
Do Cócito Cogido das sorrelfas idílicas!
Se amanhã houvesse...
Epitafiarei o blefe do verbo,
A luz da notívaga noite
De idílios da "ec-sistência"...
Se houvesse o "se" de amanhã no eu poético
das poiésis...
Se houve o eu poético da poiésis, o amanhã de mim representado de palavras
alegres, de plen-ersejar os sibilos da vers-itude, seduzindo a nudez da
sabedoria, a ruminância das ad-vers-itudes, bolinando a pureza da eternidade.
Sou quem no sou, no ser-de-mim... sou palavras do inter-dito dos baldios
terrenos da alma, a orquídea simbólica da sorrelfa sob a chuva fininha do
eterno.
Fico sentindo e con-templando o nublado
Do amanhecer, olhando o mar à distância.
Orvalh-itudes de quimeras tocando as páginas viradas, se amanhã houve de
imortalizar os interditos de sonhos e esperanças, melancolias e nostalgias
pretéritos, cujos estilos de linguagem olvidei, ad-nominando e ad-verbiando o
caos do efêmero, seria hoje, após sono profundo, nem me lembra se sonhei, a
plena saudade de manhãs em que regava os canteiros de flores, amava tocar o
orvalho nas pétalas e folhas, dizendo-me estar orvalhando as palavras, sorrindo
de soslaio, a jornada era longa, sem fim. Mister criar-me, re-criar-me,
inventar-me, a verdade, as verdades me esperavam nalgum terreno baldio de
minh´alma, era engajar-me, arrancar-me de mim, destrinçar-me, a face
afiadíssima de dois gumes do efêmero e eterno cortava-me em todas as direções,
a minha missão era o eu poético, utensílio que amenizaria as dores da
contingência, dialética da naúsea e dogmas do "ser". A força do
sonho; haveria de ser quem sou, as letras não mentiriam, a verdade do
"sou" seria registrada pelos dedos das mãos. Hoje estaria sentindo e
pensando estar bem distante ainda do que sonhava realizar, são apenas garatujas
fortuitas, quanto mais eu ando mais vejo metafísicas e metáforas na poeira das
estradas.
"A única coisa que levará desta vida
São os ideais, as idéias, o pensamento,
A sensibilidade, esperanças e sonhos" - dizendo a mulher entre o sono e a
vigília.
Se amanhã houvesse de recordar sentimentos e emoções vividos com as leituras
das cartas de leitores de Dostoiévski, carinho e ternura deles com o grande
escritor, haveria com efeito de lembrar dos sonhos de ser querido e reconhecido
por meus leitores. No tangente às profundidades da alma, Dostoiévski é o meu
grande mestre, à luz de sua alma mergulhei na minha, homem e escritor se
realizam na relação com os companheiros das letras, amigos da vida. A minha
eternidade são as letras, a vida conjugada com a companheira, o grande amor, os
amigos, todo o resto são efemer-itudes que devo viver plenamente, embora as
contradições e dialéticas, o verbo é a luz das sendas e veredas no silvestre
caminho do "ec-sistir", sei que represento a verdade no que digo de
mim, enfim só na Bíblia não existe "re-presentação", tudo é a verdade
absoluta, eternizada de divin-idades.
Manoel Ferreira Neto
(Rio de Janeiro, 28 de setembro de 2016)
Comentários
Postar um comentário