**CÂNTICOS EXPRESSIONISTAS E SIMBOLISTAS: ÁGUAS DO SILÊNCIO QUE BANHAM A SOLIDÃO DO SER** - Manoel Ferreira
As letras me fizeram livre.
Liberdade de vers-ículos eruditos recitando estilo e linguagem de,
re-velando o in-audito, diafane as a-nunciações trans-cendentes do espírito da
entrega, espírito de amar o que habita os interstícios da alma, mesmo que lhe
não seja atribuído categoria de verbo, seja apenas adjetivo, diáfano(a), mas em
si traz dentro a verbalização da luz, só a luz que lhe habita pode a-nunciar o
espírito de amar, mostre as pers-pectivas atrás do ser, atrás do desejo, atrás
das esperanças e sonhos.
Liberdade de cânticos expressionistas, simbolistas, declamando estados
d´alma ad-versos, paradoxais, extremados, radicais, contraditórios, nonsenses,
sentindo-os, re-criando, criando, in-ventando, produzindo, compondo sua face
oculta, submersa nos subterrâneos da inconsciência, estilística das
plen-itudes, linguística do eterno, cânticos da alma que se trans-eleva e quer
sentir os ventos que perpassam os espaços e in-finitos, só ela,
"si-mesma", pode decidir seus caminhos e estradas... os ritmos e
melodias de suas condutas estéticas-éticas com as buscas sempre inquietantes,
não se realizam, dos indivíduos pela beleza do belo.
Liberdade de sin-estesias do silêncio que reza a busca e a utopia da
plen-itude, pleno, de re-vezes e ante-mãos conhecendo que serão eternas,
sabendo do amor lhe entrega, incondicionalmente, sabendo que o silêncio ama
ocultar-se e re-velar-se, no ínterim de um e outro, os átimos de segundos de
refletir no deserto a sensibilidade e subjetividade que residem nas
sin-estesias, dizem ser a ponte, a travessia dos Cânticos às Glórias do
"intelecto poético" que dedilha nas cordas das cítaras e harpas as
razões in-versas re-versas, desejando com volúpias e êxtases a poiésis da
etern-idade.
A estrada se torna longa, demasiada longa, de tanto trilharmos as suas
veredas, de tanto percorrermos as suas sendas. Instantes de puro prazer,
momentos de felicidade, sentimo-nos realizados, sentimos que sabemos para onde
estamos indo. Somos inda um projeto, resta-nos estar sempre a lançá-lo, regá-lo
com as águas do silêncio que banham a solidão do Ser. Pensamos profundamente
estar no caminho, nele é que todas as coisas se presentificam, tornam-se reais.
No entanto, chega a vida, dizendo-nos: "Há outros caminhos. É
chegada a hora de mudar". E mudamos, embora por algum tempo as lembranças,
recordações, saudades, por vezes nada acontece, como dizem, o passado ficou no
passado. Outros são os horizontes, uni-versos, outros outros de nós. Crescemos,
amadurecemos. E a Beleza do Belo sendo sempre a nossa pré-ocupação, as nossas
intenções exclusivas, as linhas do campo são tantas, seguimos à busca desta
beleza, se na humanidade do ser reside o amor por essa Beleza do Belo,
a-nunciar-se-á a todo instante, continuamente...
Isso aconteceu por longos, longos, longos anos. Momentos, instantes. Mas
também nalguns parava, pensava, refletia, sentindo que havia um lugar onde
deveria chegar, ser nele. Quanta vez pensei de sair daquela estrada, atravessar
o campo, atingir a estrada que me estava destinada. Continuei andando.
Posso dizer agora sou livre. Liberdade que me lega clímaces, gozos,
êxtases colossais. Acabo de abrir um livro numa página aleatória, Introdução,
onde me alimentei, bebi as suas águas fervorosamente. O que sinto? Sinto todas
as idéias nesta Introdução, sempre estiveram distantes de mim, não me eram, me
não são. Não nego as milhares de páginas escritas, nas suas entrelinhas há
a-nunciações, indicações do que hoje sou, desde que a precisamente três anos,
larguei a estrada das amarras, atravessei o campo e passei a trilhar a minha
estrada real, verdadeiros ideais, sinceras idéias, francos sonhos e esperanças.
Quiçá assim responda a uma fala: a cada passo dado o próximo passo é
mais profundo, habita em si outras anunciações da Beleza do Belo.
O amor trans-forma todos os passos dados, a cada outro temos de superar
e suprassumir os anteriores.
Manoel Ferreira Neto
(Rio de Janeiro, 05-06 de setembro de 2016)
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