COMENTÁRIO DE Ana Júlia Machado, POETISA E ESCRITORA, AO TEXTO /**HOMÚNCULOS CINISMOS EM REVÉS**/
Adorei este texto. Claro que a ironia e o sarcasmo
está bem patente. Basta o título
“Homens sem importância cinismo em desastre”….
Vejo como uma crítica a quem não é idóneo de compreender
os seus textos
Pois eu adoro…e se tiver que ir ao dicionário
faço-o com todo o gosto. E posso enunciar que muitas vezes fui ver se o que lia
estava correto, amparando-me do dicionário.
Pois é pena que a magnificência da nossa língua
esteja a esbater-se. Geralmente, o que se procura para ler é literatura barata
e de bisbilhotice….gente pequena mesmo…se pensam que assim encontro o caminho
da felicidade …equivocam-se.
Pois são autênticos fantoches nas mãos de muitos.
Não sei se será bem a culpa dos docentes ou dos educandos. Com a agravante de
tornar-se tudo mais fácil com a tecnologia. Mas, que infelizmente, não é usada
para tirar benefício dela.
E o poder gosta de iletrados e de pessoas que não
os compreendam nas entrelinhas. Não lhes convém pessoas “doutas”. Assim, fazem
tudo que lhes bem apetece.
E dizem para eles” viva a ignorância do nosso povo”
Pois, grande escritor, poeta e crítico literário,
continue com sua bela escrita, pois com ela aprendi muito, e sinto-me mais
“eu”…que será de mim, quando não aprender mais nada…certamente um infeliz…pois
fui sempre uma estudiosa e nunca satisfeita com o que sei…Que a minha mente se
mantenha sempre sã.
Ana Júlia Machado.
**HOMÚNCULOS CINISMOS EM REVÉS**
Se inicio dizendo o melhor seria se vós vos
dignásseis a consultar no dicionário, de preferência o Aurélio, a fim de vos
certificar destes termos com que ilustro os textos, intitulando-os, elucidando
as páginas deste livro, tenho quase a convicção absoluta de que não haverá um
único leitor que não diga o prepotente, orgulhoso que sou, até aceitável, mas
não tenho o direito de julgar-vos menos, denegrir vossa imagem no concernente à
riqueza de vocabulário e linguagem, chamo-vos tão unicamente de analfabetos e
incultos. Não tenho este desejo, posso garantir-vos, contudo se aceitais esta
sugestão de uma consulta no dicionário, vereis o quanto se torna mais fácil a
compreensão e entendimento das minhas intenções e vontades de expressão,
através de uma linguagem culta, clássica, eivada, sem sombra de dúvida, de
cinismo, sarcasmo, ironia, chegando mesmo a assumir que me inspirei em Machado
de Assis, no prefácio que escreve em sua obra “Memórias Póstumas de Brás
Cubas”: “Escrevi-a com a pena da galhofa e a tinta da melancolia, e não é
difícil antever o que poderá sair desse conúbio”.
Dúvidas não haja de que eivada de cinismo,
sarcasmo, ironia, também eivada de sonhos e quimeras, de desejos e vontades, de
fantasias e utopias de nós os homens aprendermos a conhecer um pouco de nós
próprios, conhecimento este que nos proporciona e lega possibilidades inda
maiores de realizações e glórias, permite-nos que os caminhos do campo ao longo
da caminhada se tornem continuamente floridos e rejuvenescidos, o que é um
deleite para o espírito e para a alma. Contudo, os sentimentos e emoções são,
às vezes, paradoxais, beirando o absurdo e o insípido; as dores, claro, são por
vezes atrozes e difíceis de se tragar, um nó górdio se forma na garganta, o
coração se sente opresso; as sensações se tornam confusas, e diante de tudo
isto sente-se a impressão de que a vida é algo muito difícil de se viver, não
há saídas para os problemas, conflitos, traumas, “o homem é uma paixão inútil”.
Porém, senhores, posso afiançar-vos que, embora
tenha eu sentido dores sobremodo contundentes, tive também prazeres os mais
deliciosos possíveis, procurei expressar num estilo verdadeiro o que se me
surgia ao espírito, à alma, identificando a profundidade de sonhos e utopias.
Fica a alternativa se vós quiserdes de não
consultar dicionário algum, enveredando-se na leitura através da inteligência e
intuição que vos são tão caras e úteis, não necessitando de nenhum
esclarecimento do sentido das palavras, podendo analisar e entender melhor do
que quem conhece os termos, um douto nos conhecimentos da alma e do espírito,
creio que a empresa é tão comovedora quanto emocionante, dando-vos
possibilidade de um conhecimento sem limites e fronteiras do que é isso, o
homem. Quanto a mim, se fosse eu o leitor, a autoria seria de algum leitor,
que, com arte e engenhosidade, criou a obra, não olharia no dicionário, em
princípio, o sentido e significado destes termos, lendo livre e
espontaneamente. Na segunda leitura, se me aprouvesse faze-lo, é que me
utilizaria de tais conhecimentos. Isto porque a primeira leitura é sempre
espiritual, é a primeira incursão nas imagens e sentidos, desejos e vontades,
intuição e percepção...
Se vós me permitis desvencilhar-me dos títulos,
completando com outras idéias assaz importantes para uma elucidação dos
conteúdos e mensagens, tenho a dizer-vos que neste início do século XXI
tornou-se sobremodo difícil encontrar escritores que tenham perspicácia e
habilidade com uma linguagem clássica, infelizmente só para uns poucos, e isto
é muito triste, mas me preocupei muito em criar uma linguagem poética,
linguagem esta que desperta os espíritos para a beleza, em especial despertando
emoções e sentimentos os mais profundos, desejos e sonhos os mais íntimos, que
sem dúvida contribuem sobremodo para a reflexão e meditação sobre o destino de
nós os homens, destino este que criamos para nós com a intenção de irmos
aproximando de nossa essência, fora da qual tudo se torna e transforma em um
ponto de vista subjetivo e apaixonado.
Aproveitando a idéia do parágrafo acima, tenho inda
a dizer-vos que neste inicio do século XXI tornou-se difícil encontrar leitores
que se disponibilizem a ler uma obra em estilo clássico, com uma riqueza enorme
de linguagem e vocabulário, pois têm a santa preguiça de não consultar dicionários,
de espremer os miolos a fim de poder entender e compreender o que está sendo
dito e expresso. Ler livros fáceis, com linguagem e estilo vulgares, tornou-se
a febre, não são obras que exigem esforço e inteligência na análise. Não vos
sintais negligenciados, pois que em meu parco ponto de vista isto não é de
vossa responsabilidade, é o ensino que anda de mal a pior, os professores não
incentivam para a leitura.
Se vós vos interessais por uma digressão, não o
sei, mas enquanto fui tomar um café para fumar um cigarro, lembrou-me de que
desde o início, quando ainda nem imaginava que tais textos iriam figurar num
livro, tais termos causaram-me riso pela empáfia da pronúncia, pela embófia da
audição. Fora uma experiência inusitada: termos difíceis suscitarem risos,
talvez por não serem comuns, talvez pelo sentido que muitas vezes é de
inferioridade, negligência, atitudes espúrias. Aliás, na infância, aquando,
consultando um dicionário, deparei-me com a palavra “latrina”, que me tomou de
riso por todo um dia. Assim é que eu, imbuído deste riso, inspirei-me em
atitudes de não que todos vivemos, pensamos que são valores os mais eternos, os
mais divinos, no entanto são o que há de mais deprimente em nossa condição de
humanos, e se torna um dever e uma responsabilidade lutarmos com todas as
forças para a superação deles, tornando-nos homens dignos de respeito e
consideração. Claro, esta incursão nas veredas e alamedas de nossa alma
causa-nos dores as mais atrozes, o melhor é então, mesmo sofrendo muito, continuarmos
a caminhada, fingindo que não percebemos e intuímos coisa alguma, pois a
mudança implica em muito mais dores e, quem sabe, um leve sentimento de que não
se é possível uma reviravolta tão grande, não se é possível um momento de
alegria e prazer.
Não vos tomo o tempo mais. Tomo a liberdade de
finalizar com o final da introdução de Brás Cubas, aquando se dirige ao leitor:
“A obra em si mesma é tudo: se te agradar, fino leitor, pago-me da tarefa; se
te não agradar, pago-te com um piparote, e adeus”.
Manoel Ferreira Neto
(26 de setembro de 2016)
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