*APOCALIPSE DO SUAVE* - Manoel Ferreira
Suave
O nada per-vaga o eterno - travessia de nonadas
Horizonte submerso nas sombras multíplices
Universo engolfado nas trevas sem caminhos
Medo, angústia, des-espero, desolação
Olhos sem luz perdidos na imensidão do inaudito.
Suave
O vazio per-corre o efêmero - peregrinação de esquecimentos
O verso suspenso na superfície lisa do tabernáculo póstumo de ilusões
A estrofe alheia ao tempo re-vela epitáfios na bíblia de mármore da
morte
A esperança à mercê do apocalipse desenha no cosmos a efígie do
passageiro
O sonho à revelia do solipsismo dorme à soleira do Hades.
Suave
A angústia desfila etern-itudes da solidão composta de quimeras,
fantasias
O ser desfia o novelo de linhas do nada nos tempos primevos do
sem-limite
A tristeza enovela no sudário de travessias idílios e sorrelfas
travestidas
Re-versos e in-versos desejos de plen-itudes mergulham no abismo do
sem-tempo.
Suave
O silêncio perpassa o espaço de entre serras sibilando lamúrias e
desgraças
A fé vaga no tabernáculo as efígies de hóstias maculadas de pecados
originais
O espírito sacia a sede de dogmas e princípios obtusos, glorificando
divinas comédias
A alma ronda a roda-viva de sofrimentos e dores, saudando a morte.
Suave
A solidão deambula eivada de sonhos da compl-etude
A carência perambula sedenta de preencher-se de carinho, ternura
As volúpias da imortalidade, concebida de projetos da beleza,
Do amor, do belo, trilham os labirintos dos desejos, vontades
Deixo as águas me conduzirem mar a fora suave e levemente.
Manoel Ferreira Neto.
(16 de setembro de 2016)
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