COMENTÁRIO SATÍRICO DA AMIGA Divina Maia AO TEXTO /**PÁGINAS DE SABOR CLÁSSICO (?) II EDIÇÃO REVISADA**/
Sou uma sereia,
Ancorada sobre a pedra em alto-mar,
Com a audição de um gato,
Que capta os nós dos cães engravatados,
Em um país onde os abutres tem curso superior,
Os ratinhos analfabetos dormem,
Na esperança de comer as migalhas do Planalto,
Um reboliço internacional dos gananciosos,
Que fazem da população verdadeiros fantoches,
Ó!doces corruptos de quatro nós na gravata,
O alimento sobre sua mesa tem odor das trevas,
Somos nós os peixinhos do poder,
Que desatam seus projetos ambiciosos,
E acabamos por comer seus banquetes,
Em seus lençóis de seda indianas,
Enxotando com dois palitinhos seus bumbuns,
Da cadeira imperial dos abutres humanos,
Sou a voz que clama no deserto escuro,
Que acaba de cuspir em seus manjares fictícios,
E hoje grito em alta voz à esta nação,
Abrem alas para os corvos irem para a perpétua prisão,
Liberdade de expressão é meu tema neste sarcástico texto.
........... Divina Maia .......
PÁGINAS DE SABOR CLÁSSICO (?) II – II edição revisada
(04/05 de abril de 2014)
Bem-aventurados os corruptos de gravata de cinco voltas e chapéu de
coco, porque nos eventos sociais e familiares serão elogiados pelos
interesseiros, serão endeusados pela coragem de roubar dos inocentes e
ingênuos.
Bem-aventurados os fofoqueiros, porque no mundo são lídimos e idôneos
conhecedores da alma humana, e no além só lhes restarão a língua, as palavras
registradas nas tábuas frias do apocalipse.
Bem-aventurados os “promesseiros do poder”, porque as promessas, como as
leis, foram feitas para não ser cumpridas, e assim a cadeira giratória estarão
sempre às suas disposições, servirão para se livrarem do assédio dos mendigos e
miseráveis, ser-lhes-ão o objeto em que sentarem para o descanso merecido.
Bem-aventurados os procuradores gerais e jurisconsultos que trocam tapas
na prefeitura, porque serão lembrados e glorificados pela eternidade como os
defensores da falta de decoro parlamentar e animalidade, princípios que
governam os nossos tempos, e os primeiros não pedirão demissão e os segundos
não serão jogados no olho da rua pelo prefeito.
Bem-aventurados as professoras de língua, porque a saliva do
conhecimento extasiará o clitóris dos verbos e suas conjugações, tesará o ponto
“g” da sede das figuras de estilo, e a linguagem em estado de clímax molhará as
formas da carência e solidão da carne.
Bem-aventurados os professores de matemática, porque não são de meias
medidas nem de metáforas. Eles dizem as coisas pelo seu nome, às vezes um nome
horroroso, mas não havendo outro, não o escolhem. São sinceros, francos,
ingênuos. As letras fizeram-se para frases; o algarismo não tem frases, nem
retóricas.
Bem-aventurados os indivíduos que se sentam nas espinhosas cadeiras do
magistério, porque seus corações não foram cuidadosamente arroteados, antes de
lhes acenderem almenaras em suas cabeças.
Bem-aventurada a opinião deste país que é o magistrado último, o supremo
tribunal dos homens e das coisas. A nação possui nas mãos o direito a todos
superior a todos os direitos. No Juízo Final, a opinião será a pedra angular
que abrirá a porta do paraíso para as delícias do vazio e do abismo.
Bem-aventurada a soberania nacional que reside nas Câmaras, em cujos
gabinetes são redigidas as leis que regularão as vaidades e libertinagens dos
vereadores, deputados, e no Paraíso Celestial serão contratados e convocados
por Deus para a revisão dos Dez Mandamentos; as Câmaras são a representação
nacional, os políticos, a representação das leis divinas que garantirão a
salvação dos cafajestes no mundo.
Bem-aventurados os umbigos liberais que tocam os umbigos conservadores,
ao som da viola democrática, porque é a tão esperada e decantada fraternidade
política e coreográfica.
Bem-aventurados os chimpanzés que não têm nenhuma espécie de sociedade,
nem instituições, não há em parte alguma embaixadas nem consulados; o que quer
dizer que não há nenhuma espécie de reclamação diplomática, insatisfações da
política externa.
Bem-aventurada a instituição que, devidamente reparada da terrível
exaustão da vida que tem sofrido desde o seu primeiro instante, pode se dizer
sem medo de errar, é o palácio da grandeza moral e da opulência material da
pequena província que, em face do velho Olimpo, embriagada de perfumes,
circundada de luzes, ergue para Deus, onde há de vir sua prosperidade, os olhos
prenhes de esperança e fé.
Bem-aventurados os ladrões da dignidade humana, porque o dinheiro para o
esquife de primeira classe não lhes faltará, a paz no túmulo será absoluta.
Bem-aventurados os pernósticos da sabedoria e sapiência, porque seus
discípulos e seguidores estarão livres das elucubrações férteis dos valores e
virtudes plenos, eternos.
Bem-aventurados os assassinos dos políticos corruptos, porque serão
reconhecidos pelos homens como exterminadores de leis e limites, libertadores
das algemas e correntes da sociedade tradicional.
Bem-aventurados os padres pedófilos, porque não serão julgados no juízo
final como masturbadores de dogmas di-versos da carne.
Bem-aventurados os defensores das imoralidades e depravações, porque no
reino de Ferluci saberão com categoria o valor dos réis e tostões da vida pura.
Bem-aventuradas as prostitutas da elite, porque salvaram os casamentos
da mesmidade sexual, das insatisfações libidinosas, das posições estratégicas
entre o poder e a seriedade do conúbio íntimo.
Bem-aventuradas as prostitutas da ralé, porque satisfizeram os mais
íntimos desejos a quem nada restava senão fantasiar os prazeres da carne, e no
jardim do éden a serpente descansará das injúrias e blasfêmias dos homens por
tantos séculos e milênios; por inter-médio delas os pobres conheceram a “gina”
dos valores carnais, o “vá” das virtudes ossificadas.
Bem-aventurados os homossexuais, e suas declinações, porque as mulheres
estarão sempre livres dos desejos escusos de “consolo’ e outras alternativas
“di-versas”, e os seus desejos serem negligenciados.
Bem-aventurados os “oportunistas da morte”, porque poderão sair nas
colunas sociais com as personalidades, e serem tão importantes como ele,
livrando-se da sina da pobreza, pretice e periferia, e ainda com uma homenagem
póstuma com letras as mais sofisticadas, tiradas do baú dos vernáculos.
Bem-aventurados os covardes, porque no Reino de Deus a coragem é apenas
leitmotiv para a eternidade.
Bem-aventurados os que pulam a cerca, porque no frigir das claras e
gemas o prazer foi inusitado e excêntrico, e receberão mensagens dos amigos e
cúmplices em todos os níveis da mídia, parabenizando-lhes por outras realidades
além de suas alcovas.
Bem-aventuradas as leis que obrigam os feridos e as famílias dos mortos
a indenizarem as companhias pela perturbação que os desastres trazem ao do
serviço.
Bem-aventuradas as lendas que são melhores do que a história autêntica,
porque as lendas resumem todo o fato da independência nacional, ao passo que a
versão exata o reduz a uma coisa vaga e anônima. Tenha paciência o meu
ilustrificado amigo. Eu prefiro o grito do Ipiranga; é mais sumário, mas bonito
e generoso.
Irmãos e irmãs em Cristo, e frente à Igreja Católica, venho mesmo com a
intenção de andar pelas ruas da cidade com um batedor à frente e um
guarda-costas atrás, defendendo não os meus interesses particulares, mas as
bem-aventuranças, o que penso e sinto da sociedade, dos valores íntimos,
virtudes comunitárias.
Jesus dissera com todas as letras em riste: “Sou a verdade e a luz, e
quem acreditar em mim viverá no Paraíso Celestial”, modificando um pouco as
palavras da Bíblia. Sou eu não a verdade e a luz, sou a claridade e
transparência de um tempo escuso e viperino, mas que, no futuro, daqui a dois
milênios, quando de mim nada mais restar, será considerado e reconhecido como a
luz perene e absoluta da liberdade.
Não peço a ninguém, nem mesmo aos leitores que admiram a minha coragem
de re-velar as bem-aventuranças da modernidade com tanta empáfia, identificando
quem os homens são, de criticar sem piedade e dó todas as merdas dos homens,
expelidas com dor e sofrimento, sentados no vaso sanitário, ou tranquilamente,
lendo o Suplemento Literário do Estado de Minas, fumando um “paieiro”, que
tomem estas palavras como a divinidade e divindade de meus projetos de o homem
ser seus instintos, razões e nonsenses, desejos de libertinagem, porque ainda
há esperanças deste quadro de tanta realidade concreta seja modificado, Deus é
que sabe quando.
Acreditai e regozijai os indivíduos de valores e virtudes inomináveis,
de condutas retrógradas e conservadoras, imaculadas, de fé e esperança na vida,
porque a eternidade terrena, contingente lhes será garantida, mesmo que ao
longo dos anos sejam muxibas leves que o vento sopra e elas abanem para lá e
cá; para vós não haverá nem inferno nem paraíso celestial, convosco as
metafísicas ou visões do além, as ressurreições e redenções serão carochinhas
das histórias seculares e milenares. A vida no mundo será esplendorosa e
mágica, até a consumação do “absoluto”.
Rogai glórias e tributos aos tempos modernos que liberam as línguas e
serpentes para conjugarem na primeira pessoa os verbos defectivos da condição e
natureza humana; graças e méritos aos tempos primitivos de agora, que não
permitiram a alienação das canalhices dos homens, abriram as janelas para o
conhecimento do não-ser.
Se aguço os ouvidos de jegue para ouvir o canto dos urubus, dançar e
rebolar, com as bem-aventuranças da modernidade, não é só para acabar com a
raça da ralé humana, mostrar-lhe suas verdades indevassáveis, mas para
alegrar-me com o que me habita bem íntimo, e por forças da razão e dos
princípios da sociedade estão guardadas a sete chaves, e também para me sentir
livre da modernidade, de seus valores e virtudes, conceitos e definições
avessos, esperando a a-nunciação dos novos tempos e homens.
Cada lágrima nossa em diamante converte, longe daquele asilo dos senis
que defendiam a eternidade do bem, o espírito se abate; a existência é um
frívolo combate, um eterno ansiar por bens e valores que o tempo leva, flor que
resvala ao mar, luz que se esvai na treva, pelejas sem ardor, vitórias sem
conquista.
Manoel Ferreira.
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