**O NADA E A IMAGEM DO NADA** - ANÁLISE DE "O NADA", DA ARTISTA PLÁSTICA(PINTORA) GRAÇA FONTIS
O "nada" é visto, enxergado, con-templado conforme as
experiências, vivências, conforme a visão-{de}-mundo à luz da dialética do
"efêmero" e "eterno" sob os sentimentos e experiências dos
verbos con-tingenciais, esperanças do ser e da liberdade. A percepção,
intuição, visualização do nada de um filósofo e de um artista-plástico são
eminentemente ad-versas e diferentes. A imagem do Nada é o objeto do pintor, A
estrutura do Nada na Consciência é o objeto do filósofo. Neste poema O Nada, a
artista-plástica, Graça Fontis, na estrutura do conceito de Nada, mas pintar a
a-nunciação do Nada, o instante-limite de seu surgimento, aparição - não se
a-nuncia entre o efêmero e o eterno, localizando-se no centro dessa dialética,
mas a sua origem no seio da alma, isto é, a luz e a contra-luz do espírito e da
alma, aquele é a dimensão da trans-cendência dos sofrimentos e dores do
estar-sendo no mundo frente às decisões e consequências, esta é vivência e
experiência do quotidiano, a imagem do Nada é o sopro de vida que se des-integrou,
mas no "mergulho dentro do labirinto" da alma, que no seu bojo,
algibeira, alforje, dentro de si traz sempre a esperança e os sonhos de
suprassunção e superação de seus problemas, é o "eu mais forte a
suplicar,/Clamando oásis em salvação". O eu é viajante nas penumbras que
trouxeram à luz a imagem do Nada, a busca da liberdade de con-templar e sentir
as paisagens do In-finito, e no âmago dele residindo sonhos dentro de outros
sonhos, dentro de outros sonhos, dentro de outros sonhos. Não é o Nada que
perdido está, é apenas uma fachada, sim a alma que se engolfou, mergulhou nos
interstícios da dor e do sofrimento, das angústias e náuseas. Nestas
circunstâncias, a alma se servindo, utilizando-se de suas sensações,
sentimentos, emoções, revela-se arco-íris sombrio, de cores neutras. a morte
sorrateira sonda à cabeceira - à cabeceira de quê? À cabeceira do
instante-limite de suas angústias, e a vida se mostrando nas perspectivas do
Nada. O eu sente arrepios, calafrios noturnos, pois que o "outro", a
vida, se pres-ent-ifica. O eu e o nada são companheiros na madrugada, mas o
nada, que neste instante do poema não é apenas imagem, mas presença, é a
"cara" da esperança da liberdade, a utopia do ser, "onde gélidas
palavras/Invadem e violam" as dores e sofrimentos, angústias, medos,
trans-literalizando-lhes, trans-cendendo-lhes. Sonhos se a-nunciam, se
re-velam, se mostram, inda que sem forma, a delineação, burilação da forma
ficará à carga do tempo. Abre-se a porta para o Infinito, para a Eternidade. O
Nada se a-nunciou para identificar-se como GRITO, grito de liberdade. A
artista-plástica pintora, Graça Fontis, passa a perna na visão-de-nada do
filósofo, e revela a Imagem que é o "Oásis da Salvação", o verbo do
Ser e da Liberdade.
Manoel Ferreira Neto
O N A D A
Um sopro de vida
Desintegrou-se...
Num mergulho
Dentro deste labirinto;
E...
Um eu mais forte a suplicar,
Clamando oásis em salvação. .
Espera por mim.
Pálida manhã!
O cinza entristece...
A alma.
Viajante destas penumbras,
Perdida estás...
És apenas,
Uma fachada,
Imagem sem conteúdo
Que jamais foi palpável.
Um arco-íris sombrio...
De cores neutras,
A morte sorrateira,
Sondando à cabeceira.
Sinto arrepios,
Calafrios noturnos...
Companheiros na madrugada;
Onde gélidas palavras
Invadem e violam...
Meus sonhos,
Algo sem forma;
Uma porta para..
O infinito
A eternidade
O nada
Um grito!
30/07/2016
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