TALVEZ?!...# GRAÇA FONTIS: PINTURA Manoel Ferreira Neto: PROSA
Quem
sabe?!...
Quiçá?!...
Talvez?!..
Passaram-se
segundos no relógio de tempos antes de minutar no papel as primeiras palavras.
O que desejo realizar registrar “quem sabe?!” não o sei; em verdade, a questão
não é entender este momento mágico no percurso das sendas, mas perscrutar a
magia do papel recebendo as palavras em si, comungando-se, aderindo-se,
sintetizando-se, papel e palavras projectadas ao in-finitivo dos verbos
defectivos, gafectivos, afetivamente seivando os sonhos de gerúndios da
ec-sistência...
Nada desejo
saber das possibilidades. É ficar a balançar-me na cadeira, fumando o cigarro
que se encontra no início, três tragos apenas, deixando os minutos correrem
lentos. Só isto consigo pensar para hoje, sexta-feira, Dia de Finados.
Não pretendo
estabelecer quaisquer tributo, apologia ao cigarro; alguém assim o entende, com
fogo e inteligência, debruça-se e “empandora-se” - é só se lembrar da “Caixa”
de Pandora (a origem de todos os males); o termo seria outro: “en-caixa-se”, as
línguas aí se revelariam sedentas de “invertidas”, imoralismo - a interpretar
idéias num estilo que faria Carneiro Leão ajoelhar-se, pedindo perdão por seu
estilo, forma, beleza da linguagem, interpretação, análise, havia-se habituado
com a sua cátedra no olimpo; compõe as visões das idéias, utopias, a efemeridade
de tudo, “que pachorra ininteligível incluir a cultura, as artes, o devir
histórico, por ser indiscutível a existência de beleza, estética, estilo nas
manifestações artísticas, culturais, históricas. O desejo não é outro senão
chamar a atenção”. Palavras precisas são ditas sobre as entrelinhas.
O que está
oculto é mistério, enigma.
Não
intenciono de-monstrar a preguiça infinita, sem limites, sem fronteiras,
origens de Macunaíma, só balançar na rede, deixar as coisas rolarem livres, só
que é isento de quaisquer intenções de entendê-las, compreendê-las,
in-vestigá-las inda mais, rolem as coisas. O vento perpassando o quintal,
folhas e galhos balançando, o vento assobiando no ínterim do vento, no
intervalo do vento, havendo uma noção dormida de muitas inquietações,
indagações profundas, prolixas a serem sonadas, ressonadas na vigília das
atitudes e dos gestos, grande sossego faz desejo, vontade, sonho de ter estado
a dormir. .
Haverá
quaisquer dúvidas de, nesta imagem, vozes estarem sedentas de ouvidos, de
inteligências a traduzirem intuições e esperanças?
A questão é
ser quem ama tanto a morte quanto a vida, como toda gente, uma e outra
constituem a parte que nos cabe. A experiência deste amor é prolongada por
fraqueza, com aquele sorriso cínico, sarcasmo e sátira comungados, suspensa
naquilo de sermos completos, a morte e a vida habitam-nos, aí inicializa-se a
algazarra das línguas em uníssono; se gira o cata-vento no cume da serra,
ótimo, aliás, isto fora desde a eternidade desejado; caso contrário, se se
ouvem as correntes arrastando-se nas ruas, este é o destino que nos cabe a cada
um.
Admiram-me a
idéia, precisão das palavras, as artes e a história constituem a parte que nos
cabe. O desejo íntimo será de lançar o questionamento, em silêncio: “acaso
teria deixado as palavras dizerem a sua verdade, antes de atribuir elogios e
utopias ao cigarro?, depois de endossar os aplausos, palmas para o desdém às
sinas, sagas ao destino que é. A indiferença com o destino dos homens? Acaso,
“insigne amigo”?
Diante da
surpresa, sorrindo, olhos brilhando, continuaria a idéia esboçada: “E acaso,
distinto, deixou as manifestações culturais, artísticas, históricas
revelarem-se, antes de dizer intenções primordiais e fundamentais são de não
atribuir valores, amar a vida e morte nada significa, pois que uma e outra
constituem o que nos cabe?” Clamo aos deuses do olimpo fosse realidade, nem
Deus iria negar, a verdade absoluta, soubesse responder de imediato, e mesmo
após longos estudos.
Não saberia
dizer que deixo as palavras falarem, dizerem suas verdades, aquando estou a
criar, este desejo forte - chama de liberdade e prazer da jornada, adentro
utopias...!, - subindo e descendo alamedas, becos, a harmonia da criação e
sonho, instante em que homem e devir andem juntos, deixando-se falar, dizer as
verdades.
Questionaria
o insigne amigo acerca da convicção preeminente de sua interpretação. Em
verdade, os dedos deslizam nas teclas, desejando originalidade e autenticidade,
não mais importando com isto e aquilo - cabem-me prazeres e dores, como para
toda gente. Numa escrita sem sujeito, a impossibilidade do estilo torna-se com
o tempo superação de estilos conhecidos, o estilo dá lugar à vida de estilo de
vida. Por mais a sua "intelectualidade" seja do arco da velha, não
exista outra em toda a história do mundo, jamais entenderá isto, pois que
perdera a sensibilidade, a vida fugiu-lhe. Eis o tributo que lhe concedo:
"CINZAS FINADAS DE UM HOMEM". Talvez inda seja inferior ao seu
merecimento. Quem sabe?
#RIODEJANEIRO#,
04 DE NOVEMBRO DE 2018)
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