#ESTADO DE RECRIAÇÃO DO SER# GRAÇA FONTIS: PINTURA Manoel Ferreira Neto: FILOSOFIA.
O Nada é um
estado de recriação do Ser que acontece no infinito do seu tempo interior. É a
síntese da existência que se encerra para a revelação de si mesmo.
Do nada, a
liberdade, liberdade de construir valores, sensibilidade
de pensar o
pensamento pensar,
Da
liberdade, decisões e consequências,
libertar
ideais, idéias, projetos
que os
sonhos sonhavam sonhar,
Das decisões
e consequências, a consciência do compromisso
responsabilidade,
Da
responsabilidade, compromisso, o conhecimento do efêmero,
eterno,
a
necessidade de utopias e verbosa,
Do
conhecimento, a sabedoria da luz da verdade, brilhar-se,
miríades de
espectros da chama
que olhar de
todos vislumbrando
seguindo os
ventos
Heidegger,
num trecho de ininterrupta insistência mística, escreveu sobre a experiência do
nada, em O que é a Metafísica?. Ela surge em momentos de tédio cósmico:
momentos em que todas as distinções se achatam; um tédio que se sabe antecipadamente
impossível de afastar, pois é antes metafísico do que o efetivo ennui de uma
tarde monótona, que se pode pelo menos esperar venha a ser rompido, porque
aparece na noite escura da alma. Então encontramos o nada como o limite do ser
e não como demarcação dentro do ser, e ele evidentemente exige uma percepção da
totalidade e, portanto, de fronteiras, antes de poder surgir à consciência.
Sartre concede que o "não-ser existe apenas na superfície das coisas"
querendo dizer que o nada é uma espécie particular de algo, não é uma espécie
de coisa. Mas Sartre não supõe que cheguemos a uma consciência do nada somente
em momentos extremos, do tipo apontado por Heidegger. Podemos nunca ter o tipo
de experiência em que, numa frase que se tornou lugar-comum do contra-senso no
alegre apogeu do Positivismo Lógico "o nada nada".
Como pode
esse nada extramundano explicar aquelas pequenas poças de não-ser que
encontramos a cada instante no mais profundo do ser? Constato que Pierre não
está no café, ou não tenho dinheiro, ou que a carta não chegou. E são essas
experiências que me revelam o nada, melhor do que a experiência global, na qual
os limites da realidade como um todo são esmagadoramente desvendados a uma
apreensão essencialmente religiosa, ideologia, perfeita "salaud."
Sartre se refere a esses nadas domésticos como "negatités" dispersas
pelo mundo na medida em que nele se vive. Assim, a explicação de Heidegger é
por demais grandiosa, muito além da experiência rotineira na qual o nada surge
de maneira geral, diária. Uma criança o conhece ao aprender o significado de
decepção; adquire-lhe o conceito ao adquirir a fala.
O nada não é
uma entidade. O nada é engendrado. É uma espécie de sombra que projetamos, em
vez de uma vacuidade pré-existente que descobrimos. Se o Ser se faz
continuamente, a continuidade é também o Ser. O nada é um estado de re-criação
do Ser na continuidade do tempo, acontecendo no in-finito de seu tempo
interior.
#RIODEJANEIRO#,
23 DE NOVEMBRO DE 2018)
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