**SIMPLESMENTE LETRAS** - GRAÇA FONTIS: PINTURA/Manoel Ferreira Neto: AFORISMO
Outro amor sim... Por que não? Verdadeiro ou não, eis a escolha
peremptória. O tempo dirá. Exponho a verdadeira imagem na moldura. A minha
verdade sou quem a sabe.
Iríadas da plen-itude. A verdadeira imagem exposta a todos os uni-versos
e horizontes. Tudo nos seus devidos conformes. Re-escrever a história com a
minha verdade nas mãos feitas concha, com o amor de mim na vida. Não vou
deitar-me na rede e ler Meireles, não vou sentar-me no banquinho de mármore e
junto com a amada con-templar as estrelas e a lua. Há muitas estradas a andar,
muito a ser re-escrito. Os escritos ficaram no passado, páginas passadas.
São outras páginas agora. As escritas são páginas velhas.
Nada escrito envelhece, torna-se dèmodé, peça de museu. Os escritos de
Platão estão novinhos em folha, afiguram-se haver sido escritos hoje depois da
meia noite. Por que estou dizendo as minhas escritas são páginas velhas?
Amo o "L", Luar esplendendo brilhos. Amo o "E",
estrada a ser trilhada. Amo o "T", travessia do aqui ao in-finito.
Amo o "R", revelar o mais íntimo do verbo "ser". Amo o
"A", além de todas as con-tingências. Amo o "S", saber que
ilumina as veredas do verbo "sonhar". Amor que suprassume todos os
valores. Amor que supera todas as con-tingências. Amor que vence todos os
obstáculos. Amor que abre os leques do in-finito. Amor que suspende o tempo no
uni-verso. Amor que inter-dita desejos, esperanças. Amor que orvalha as
melancolias, nostalgias. Amor que a-nuncia o vir-a-ser, a verdade do espírito
de ser. Entrego-me. Con-templo. Con-templ-oro. Sonho entre-linhas, além-linhas.
Fizeram-me eterno e isso não posso mudar, fazer do eterno de mim o
sublime.
(**RIO DE JANEIRO**, 15 DE MAIO DE 2017)
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