#BRECHA ENTRE O "EU" E O MUNDO# - Graça Fontis: PINTURA/Manoel Ferreira Neto: AFORISMO
Revolvo-me
inquieto e perspicaz, incongruente de ideais e percuciente de questionamentos,
como se intencionasse uma posição para viver o sono, sonhar os sonhos. Amplio o
significado dos gestos, detalhes, nuances, palavras, e a lucidez é a própria
nitidez crua pela vida.
A
ironia, resultado da antítese do indivíduo versus o mundo e como atributo da
irreverência. Na ironia, o homem afirma para negar e nega para afirmar, encomia
para satirizar e satiriza para encomiar, cria um objeto positivo, cuja essência
é o nada. Estágio do pensamento dialéctico a ser desenvolvido.
A
música interrompe-se, o silêncio é aspirado numa curiosidade. Se a ironia é um
modo precário de enfrentar a brecha entre o eu e o mundo. Curiosidade
metafísica. Tanto mais o pensamento se torna metafísico (e menos irônico), mais
ele amadurece a dialéctica a ser desenvolvida. Eu e o mundo se formam no mesmo
composto lírico.
E
as relações com a luz como se tecem?
Pressinto,
com alegria e serenidade, como sou novo, inexperiente, indecifrável. E o
coração quente de uns instantes: o branco da neve dos sentimentos polidos
deambula pelo espaço da verdade.
-
O que é isso, o tempo? O dia se embranquece, irá se desenrolar até a noite, um
indivíduo inteiro sente outra formação.
-
O que é isso? Tempo? As horas lentamente processam-se e um deslocar-se (ser),
consciente e inconstante, forma o real sútil e a realidade emola-se e outra
surge límpida.
Metamemória.
(**RIO
DE JANEIRO**, 01 DE JUNHO DE 2017)
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