**O PASTOR SEGUE CON-DUZINDO AS OVELHAS** - GRAÇA FONTIS: PINTURA/Manoel Ferreira Neto:
"Quero, terei - Se não aqui,
Noutro lugar que ainda não sei.
Nada perdi. Tudo serei."
Fernando Pessoa
Efêmeros raios de sol numinosos, brilhos de presente "Ser",
luminâncias de pretéritos do “Tempo”, amorâncias de gerúndios nos
"Ventos", sibilos do tempo ritmando o ser, soul de melancolias,
nostalgias, saudades, jazz de tristezas, solidões, murmúrios de sofrimentos e
dores, folks de desejâncias e querências, pular, dançar, etc., classicismo de
beleza, belo, estesia, barroco de náuseas e a estética das dúvidas e
inseguranças, neoclassicismo de ovelhas no campo, o senhor de cajado na mão,
conduzindo-as, uma das ovelhas se foi pelas sendas e trilhas do campo,
solitária, deslizando suaves no crepúsculo de melancolias, luminosas esperanças
de fin-itude outra, perpassando o tempo de in-finitos desejos do Verbo
"Ser" tecendo ilusões em cujos idílios nonadas re-fazem travessias,
em cujas elegias pontes partidas re-criam espaços, comungam mistérios e magias
em laços de amor pelo que há-de vir de alegrias, dores, pelos projetos por
virem no tempo, pelas utopias por se a-nunciarem no vôo da águia, no trotear do
alazão, de outros caminhos e sendas em direção à plen-itude do in-finito, aos
caminhos-da-roça da montanha coberta de neblina, em cuja essência habita o
uni-verso, em cujo cerne habita o além, trans-literalizado do sono profundo que
sonha a verdade, re-nascendo de estrofes o ritmo do silêncio - as letras não se
calam sem o homem, o homem sim se cala sem as letras: "Sou alegre... Sou
poeta... Sou escritor..." - que re-vela a luz a iluminar o entre-árvores
do silvestre da floresta aberta às estrelas a guiarem o caminheiro do verbo
"brilhar", a orientarem o sendeiro da luz “resplandecente”, outras
gêneses, princípios outros da alma que con-templa o espírito da vida.. é coisa
divina das terras de bem-virá à luz da solidão, levando alegria onde há paixão,
ao espírito do silêncio, luminando felicidades onde há amor, suprassumem vozes
que murmuram ao peito o cântico de pássaros na aurora de novo dia saudando a
natureza, jubilando a glória ipsis litteris do amor ao Ser-{da}-Vida, ipsis
verbis da vida ao Ser-{do}-Amor de poetas na poiésis do verbo declamando a fé.
Na esperança do amor se tornar a felicidade, da amizade ser o segredo de
ser-[de]-outro-eu, de boêmios na des-lucidez da alma e dos sensos, noções,
dedilhando nas cordas dos amores não correspondidos, dos fracassos dos sonhos
não realizados, das quimeras molhadas no travesseiro dos medos, de escritores
na estética da utopia sertaneja versificam palavras-esperança-e-fé, a
consciência-ética do Ser-Verbo-de-Esperança.
Só o Amor é a Esperança da Vida.
Só a Fé é o Sonho da Eternidade.
Só a Amizade é a Iluminação da Verdade.
Só as Iríadas, as Éresis são a perfeição perfeita.
Só o desejo da verdade inspira o Ser.
Só as letras da alma, palavras do sonho revelam o escritor. Quem é da
plebe, sua memória recua até o avô - com o avô, porém, o tempo acaba.
Oh, melancolia!... Dos sítios distantes ou longínquos que não foram
bastante con-templados às primeiras luzes do dia, raios do sol, trinados de
pássaros, amados na hora passageira, como amaria eu de lhes dar à distância o
toque esquecido, o gesto negligenciado, a ação suplementar. Invento-os eu,
minhas mãos desenham um semi-arco-íris, um barco à luz do céu por sobre as
florestas, um nublado que se esvaece e que des-aparece como num fogo de
imagens, chamas crepitando lenhas de perspectivas.
Haverá sempre uma resposta. Haverá sempre luz para iluminar as estradas.
A ovelha segue solitária, tranquila, serena. O pastor segue con-duzindo o seu
rebanho, rebanho perdido, confuso, alienado, não reconhecendo nem o caminho
onde pisa.
(**RIO DE JANEIRO**, 18 DE MAIO DE 2017)
Comentários
Postar um comentário