#CORPO DE SERPENTE QUE CAMINHA E COLEIA# - GRAÇA FONTIS: PINTURA/Manoel Ferreira Neto: AFORISMO
"[Por que afadigas a alma pequena
com desígnios eternos?
por que não deitar sob o alto plátano
ou sob este pinheiro.]"
Por que ficar acordado para dormir bem? Por que para os sábios das
cátedras a sabedoria era um sonho sem sono? Bem-aventurados são os que tem
sono, pois que adormecerão breve!
Indizível mistério num estranho himeneu com a natureza. Brilhos da lua
re-fletindo no etéreo as imagens ensimesmadas de não-ser, veredas espalhadas ao
longo do in-finito, cupúlas do sempiterno olvidamento de primevas luzes
fosforescentes, envelando os vazios crepusculares. Corpo de serpente que
caminha e coleia, abaixa-se e se alteia na extensão do tempo...
Ornamento da natureza. Razão de ser da razão, estrela que ilumina a
noite, noite de primevas trevas, cuja magia encanta o salto além da linha
imaginária que o homem pode perscrutar iluminar a verdade, crer num infinito
multicor, acreditar no mar de ondas flutissonantes, enamorar-se na emoção
ardente feita para grandes travessias..
A alma tem a força da semente que rompe a terra e surge vigorosa,
lançando ao céu seu interstício resistente num excelso sussurro em voz
silenciosa, cerne da ec-sistência é poente de luz solar muito mais luminoso,
re-velando de sonhos vividos ou semi-esquecidos o sabor curtido da essência
delirante e caprichosa...
Irrompendo, no horizonte, a fraca luz da aurora, o sol volta a brilhar,
surge um novo dia! Rompe a luz o denso véu da noite: a treva se desfaz, a vida
se agita... A terra, em torno do sol, se movimenta, sem parar, em rotação, em
translação!
Pensar o impensável inda permitir à fala dizê-lo. Sentir o ininteligível
inda permitir à alma con-templá-lo.
(**RIO DE JANEIRO**, 21 DE MAIO DE 2017)
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