**INTEGRAR O SABER SENSÍVEL AO SABER RACIONAL** - GRAÇA FONTIS: PINTURA/Manoel Ferreira Neto: AFORISMO
Atrás, um sonho se eleva ao in-finito, uma utopia trans-cende a
uni-versalidade, atinge o espaço da humanidade, a realidade é enorme, o
presente é tão grande, o futuro é tão longínquo de projectos, coro maternal de
cânticos sonoros, sinfonal, eternal de canções e baladas solitárias; à frente,
a utopia da poiésis do verso, o verbo utópico poiético, cântico de crepúsculo
de melodias silenciosas, música de auroras de ritmos serenos e suaves, Sater de
enluaradas noites de lírica romântica, Reis de ensolarados dias de
con-tingentes dores, trocas de dedos de prosa nos cantos, re-cantos, no meio da
multidão, nas mesas das barracas na extensão das comunidades, forró de in-verno
de encontros familiares, entre amigos, conhecidos, visitantes, regados a
churrasquinho e quentão, arroz com galinha, a pinguinha da roça, risadas,
gargalhadas, folk-lores e piadas, rituais, ritos, lendas, mitos na nostalgia do
passado, na melancolia do porvir, na poesia do momento, na poiésis do tempo, na
imanência da alma, na trans-cendência do espírito, do divino e da divinidade do
aqui e agora.
Sonhar os formatos oxigenados, hidrogenados de sublimidade e esperança
de estar a cada instante de re-flexão ou de liberdade de sentimentos e emoções,
desejando a filosofia-“reflexo do real, mas um re-flexo re-velador”, a
arte-"imagem do ser, mas uma imagem sensível", “O real poder de olhar
de frente, vendo coisas que normalmente não vê, sentindo coisas que não se
sente.” Livre pensar irrestrito, livre-arbítrio da beleza indizível num só encanto,
num só panorama, num só vis-lumbre ou a-lumbre das emoções entre-laçadas às
ideias e ideais, de suas dimensões de sensibilidade e intuição, numa só
con-templação dos sentimentos e sensações que abrem os solipsismos do Ser, as
entregas verdadeiras do Não-ser, profundeza da vaidade insensata, do orgulho
bufão, abismo da empáfia inconsequente, nonsense, superficialidade da lisonja
descaracterizada, vaidade de ser, de acontecer, de passar a amar no de-curso e
per-curso da vida.
O fulgor da virgin-idade mental, “... integrar o saber sensível ao saber
racional para suprassumir a razão presente, elevando-a a uma razão não só da
cabeça, mas do Ser por inteiro”. Despertando em mim as forças criadoras da
vida, as dimensões dos desejos de saciar a sede de conhecimento, as vontades da
verdade e da sabedoria profundas e eivadas de outros in-finitos a serem
conquistados, real-izo a minha íntima essência, a essência da vida.
(**RIO DE JANEIRO**, 13 DE MAIO DE 2017)
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