**AFORISMO E DIALÉCTICA NO BARROCO MODERNO DE Manoel Ferreira Neto** Paulo Ursine Krettli: COMENTÁRIO
Ao desmembrarmos aforismo, chegamos a afor (ese) = ‘estado’, ‘condição’
e a ismo = geralmente usado em tom jocoso, depreciativo ou a –ismo (do grego
imós) = ‘doutrina, escola, teoria ou princípio’; ‘ato, prática ou resultado
de’; ‘peculiaridade de’; ‘ação, condutada, hábito, ou qualidade característica
de’; ‘afecção’; ‘quadro mórbido’; condição patológica, dentre outros
significados.
Ao enumerarmos esses enunciados significativos, podemos vislumbrar, pelo
Barroco Moderno, o conjunto de contradições do homo sapiens e da -pólis
(‘cidade: policlínica’; ‘muitos’, ‘diversos’) com relação aos propósitos de sua
sagaz busca pelo entendimento, pela sabedoria, pela felicidade, pelo que se diz
da humanidade em sua peregrinação terrestre para alcançar a terra prometida,
quiçá, aprendida no eito celestial.
O barroco nos elucidou essa luta e as dualidades do homem na idade
média, ao passo que o modernismo, a partir do século XIX, tentando romper com o
que dizia retrógrado, atrasado, aprofundou, sem haver necessariamente a cisão
proposta, dimensionou novidades - acompanhando a frenética evolução da
tecnologia - as mais diversas nesse leque de evento dual que trazemos desde o
primeiro dia em que o raciocínio se tornou triunfo para nossa sobrevivência em
meio a tantos contratempos e intempéries no globo terrestre.
Qual a síntese do Barroco Moderno? Ao evocarmos a parte superior da
dialética, queremos dissecar as partículas da palavra dialética para, quem
sabe, possamos entendê-la, diluí-la ou até confrontá-la com o que dela sabemos.
Dialética - dial a significar ‘separação’, ‘livre’: dígrafo; ética:
juízos à conduta humana sob o bem e o mal na sociedade ou no absoluto.
Dialética - di- a significar ‘em dois’, ‘duas’, ‘dois’: dispermo: duas
sementes; ou ‘separação’, ‘movimento para os lados’, ‘negação”.
Todos esses ingredientes nos remontam a um bolo muito saboroso ou a um
“cavalo de tróia” em termos didáticos e filosóficos.
Se, em sua partícula dial, dialética emblema separação e livre, como,
por ética, pode medir juízos à conduta humana sob o bem e o mal na mesma
articulação? Apenas pelo confronto da tese pela antítese? Ao que parece há aí
solvência dos valores, que ficam à mercê do juízo, nos quesitos bem e mal.
Se, em sua partícula di-, dialética dignifica-se em dois, duas e dois,
entronando duas sementes, para, sob outro ângulo, se re-dignificar
concomitantemente com separação, movimentos para os lados e negação com a mesma
junção, como colocá-la no pedestal das arguições humanas?
Nesse universo de conflitos humanos, muitos mórbidos, outros
patológicos, outros ainda psicológicos/espirituais/existenciais, outros
meramente materiais, outros quimeramente fortuitos, podemos afirmar que a
unicidade é morta e que nenhuma dialética irá fazer a metamorfose da igualdade
entre os homens! Eis aí a síntese do Barroco Moderno: nenhuma dialética irá
fazer a metamorfose da igualdade entre os homens.
(**BELO HORIZONTE**, 06 DE MAIO DE 2017)
Comentários
Postar um comentário