ESCRITORA, POETISA, Ana Júlia Machado, COMENTA O AFORISMO /**ÁDITO DA ENTRADA**/
Neste texto, Manoel Ferreira Neto refere uma modificação em si como
nunca, que o deleita, sua índole presente, de nebulosos pronunciares,
presenteiam-lhe um saciar inenarrável como se albergasse uma sabedoria de
chegados fulgores. Sua fala presente, de desconfiadas elocuções, doa-lhe
eloquências proteladas na idade.
Ingressou num templo que o transformou…quiçá um templo designado, Graça
Fontis. O que atesta o que outrora era despojado. Um ser Não ser....
Somos no vivido mais penetrante, responsabilizáveis por nós próprios.
Somos, como classificou Sartre, os feitores de nós próprios. Através do
agregado de nossas eleições, nossos feitos e nossa preterição em operar,
acabamos por desenhar a nós próprios. Não podemos banir essa imputação, essa
independência. Nas locuções de Sartre, foca, residirmos sentenciados à
liberdade.
Por inacreditável que o enredo seja, surgiu como alguém normal entre
tantos outros triviais. Variantes da mesma trivialidade. E no veloz do rejo
deste planeta, foi adquirindo o palanque da alegria. Ícone estremado para seu
coração impreciso, expoente de perfeita existência para seus olhos esfalfados
de cacetear na mesma perseverança. Abrilhantando o momento com seu semblante de
embriaguez, seus olhos a estimularam tantas recordações. Entre elas as que
deliu por simples dúvida. Alma que era enfraquecida por histórias
desprotegidas. E a fábula da revelação da pulcritude, num instante tão trivial
quão outros. Logo convertido ironia de inspiração pela valentia de alguém
fazer-se assistente. E que diferenciava-se pelo pó volátil do que o vindouro
afiançava ao verbo. Até o inexequível de uma quimera irrealizável ela
conseguiu. Reabitou a escuridão em prata.
Cada um nomeia os seus despautérios da sua vereda
Pode eleger aquela que o pode embeber de claridade e querença pela
perenidade.
Cada ser, pode eleger ser, o sémen da erudição e não alongará a
regenerar no chão farto que lhe é entregue a cada instante, em que a alma
declamar em designação do bem-querer.
Este texto, embora, pequeno, não é fácil de todo tirar todo o seu
significado…poderá ter muitos caminhos e pensamentos.
Ana Júlia Machado
Sim, caríssima escritora e poetisa Ana Júlia Machado, duas foram as
grandes transformações de minha ec-sistência: em primeira instância, o encontro
com a minha esposa e companheira das Artes Graça Fontis; em segunda, a
des-coberta do AFORISMO, o meu ícone literário.
De excelência o seu comentário.
Manoel Ferreira Neto
#ÁDITO DA ENTRADA#
GRAÇA FONTIS: PINTURA
Manoel Ferreira Neto: AFORISMO
Meu modo de agora, de instantânea dita, presenteia-me um deleite
indomesticável como se apanhasse um escol de esquiva formosura, brotada em loco
inconsolável, ao gosto da ventosidade. Meu estilo atual, de metafísicos
dizeres, doa-me um refestelamento indescritível como se colhesse uma erudição
de adjacentes esplendores, ao saber de chuviscos. Minha linguagem atual, de
suspeitas falas, lega-me verbos suspensos no tempo, e com eles vou tecendo
sentimentos e ideias do que precede a essência, a existência. O sigilo,
enquanto assim possa ser designado, conceituado, retem-me num gênero de
extasio, num isolamento entre os homens, num divórcio tão perfaço como o de um
algar no meio da serrania.
O mundo me avalia esquivo, pérfido e adverso, errado, re-verso,
in-verso, alheio, avesso. O meu transcorrido, isolado e sombrio. O vindouro,
uma melancolia tosca que incumbia delinear em formatos toldados. Ultrapasso o
ádito da entrada, importando fé, canícula e júbilo, exportando náuseas, vazios
e nada. O instante travo converte-se, imediatamente, num instante
bem-aventurado, num momento de júbilo.
A luz engolfa-se, condensa-se na borda fronteira do relógio - o
mostrador escoa-se. No escuro, disco suspenso no nada. Caos. Som imerso no
primitivo. Alucinante. Ritmos que não podem ser pensados, verbalizados.
Ando a vagar. Ventos percebidos no espírito. Palpitação de asas
sobrevive no mistério, enigma. Dilatado. Esquecido de mim. Olvidado de
lembranças, visões. Logo, não além da eternidade, sim aquém da contingência.
O universo imputa todo o seu progresso a sujeitos des-venturados. Os
ditosos limitaram-se dentro de modelos clássicos, regressivos. Postam as mãos à
terra, os pés ao céu, agradecendo a sublime inteligência e sensibilidade com
que foram dotados. Possuo a intuição de que, daqui por defronte, a minha
legação será cultivar sémenes de diferentes mastros, confeccionar vedações, e,
quiçá mesmo no tempo propício, edificar um lar para distinta gênese, e, numa
locução, conciliar-me aos preceitos e às praxes pacatas da agremiação. Meu
comedimento será mais pujante do que qualquer propensão titubeante da minha
parte.
Nesta hora tão repleta de receios e perplexidades, verifica-se o
portento sem o qual toda existência humana é um vazio. A graça, que converte
tudo real, divino e estético, descai sobre mim.
(**RIO DE JANEIRO**, 13 DE MAIO DE 2017)🦋
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