GRAÇA FONTIS PINTORA, POETISA CRÍTICA LITERÁRIA ANALISA METAFISICAMENTE A PROSA #LONGEV-IDADE ETERNA DO DESERTO#
É
a sombra da retorcida árvore meu criar e recriar signos, gestos que se tornam
vozes, reporto sonhos no real-presente, instantes de flashes a captarem vivazes
limitações de fatos simbólicos a transfigurarem-se na volaticidade ensombrecida
dos acontecimentos quiçá indomáveis. Extremos e artífices desta existência que
no latente ritmo débil e incessante onde me deito na tessituralidade real e
aparente quase em desconexão; cravado no silêncio volutivo e ininteligível a
tricochetear sutis segredos rente às folhas mortas a testemunharem palavras
vivas de anuência e solidariedade aos interditos do existir evolutivo, por
vezes distraído, mas que refletem a impassividade dos sentidos ilimitados ao
som improvisado de vários tons, rock, blues, canções, baladas a enovelarem
ocultos desejos submersos a emergirem orgias de palavras, quando libertas
confundem e estremecem as significações na plenitude bela e profunda,
transpassando fronteiras perceptivas na amplidão primeva da intuição, é a arte
orgânica no deslanchar os pensamentos e sensações no mergulho intenso e
erudito, quase em êxtase entre dor e euforia, mas visão íntima e lúcida
refazendo nas brancas linhas e invisibilidade do mundo o exercício de fazer acontecer dentro de
obscuros sonhos a contarem a passagem do tempo na larga noite de um viscoso
equilíbrio entre vida e morte.
Do
ocaso quero longitude, só expectação, explicitadamente regro o denso, o
selvático, é o viver assim diz o olhar
ao entorpecimento da morte. Se quero mais? Eis uma resposta que não advém as
tantas manhãs e noites dormitadas, mesmo quando a lua aponta esperanças, as
flores identificadas ainda que sem rimas à procura da compreensão na longeva
miscigenação dentre raças, dogmas e ideologias, assim pululando legendários
preceitos com gestos meticulosos e sensatez dizendo estou só; rumo à ponte
levadiça no excurso ilusionista às
realidades intangíveis, apenas explicitas por palavras formatando idéias e
ideais que se perdem e reencontram-se analogicamente no desenrolar escandaloso
da minha sensibilidade dentro do infinito espacial que cabe em mim com uma
consciência a ultrapassar os limites do território para muitos debilitados.
Esta
a minha visão deste belíssimo texto, meu
Escritor Favorito. Beijos,
querida!
Graça
Fontis
LONGEV-IDADE:
ETERNO DO DESERTO#
GRAÇA
FONTIS: PINTURA
Manoel
Ferreira Neto: PROSA
Em
minha visão-de-mundo crio, re-crio, invento, traço os seus traços, sinto estar
habitando uma choupana numa ilha, quintal arborizado, bosque ao redor, e as
mãos daquele que não in-vestigue nentes em ninhos de cobra, tão somente sintam
o veneno dos re-versos e in-versos, ad-versos penetrar na carne, espalhando-se
na corrente sanguínea, princípio da sensação de que na existência encontra-se o
crepúsculo e o alvorecer de outro dia, de outra terra, de outro mundo, e por
que não? Basta sentir a sabedoria da utopia e dos caminhos até ela alcançar.
Sendas
e veredas à frente estão delineadas, buriladas, com as estesias do nada e
efêmero, ondas das travessias e das
pontes partidas, ex-tases da nonada e travessia, custa apenas seguir os
horizontes do campo de orquídeas e cáctus, sabendo, de antemão às revezes,
serem a iluminação nas trevas do inaudito, desconhecido, enigmas e mistérios
ipseidados de ilimites vislumbrando os absurdos, segredos facticidados de
sem-porteiras-e-fronteiras inundando os vales e campinas de mentiras e
in-verdades, vou-me perder nas mil orgias da Ilha de Safo, inexprimíveis
delíquios, deidad-ificados de aberturas perpétuas alumbrando outros uni-versos
das plen-itudes do deserto que re-flete a longev-idade do eterno. Hora inda
mais triste, mais desconsoladora
a-nuncia-se, afigura-se: a hora pequena que, desprevenido, colhe a mim e
sozinho, na rua, no império, na república, nos emirados árabes(se é assim que
se escreve; o que importa a idéia é nítida nula.)
Em
meu intelecto cogito um local, uma palhoça, um casebre ou um borralho e os
tentáculos daquele que não questione ninharia nesse instante, tão-somente
experimente que na existência encontra-se muito mais do que o palpável e sim o
sensível, incorpóreo, o visível e o dizível e sim a liberdade e a inspiração, o audível e o in-audível e sim
a sensibilidade de ouvir os ritmos e melodias do vazio. Nesse caso apodera-se a
nostalgia desse loco que, sem elucidação, apenas o conhecimento que permanece.
A
professora nos auges de sua lição literária, eu que as espreitava de esguelha e
soslaio - as anotações de suas pesquisas
manuscritas, querendo pegá-la num ardor literário, fizera do meu coração
e da minha língua carvões ardentes com que me queimaria à busca de sentir a sua
magia, curaria a corrupção do espírito, mas de tão prometedora esperança.
O
destino se faz nas con-ting-ências da vida, questionando as verdades,
perquirindo as in-verdades dos sentimentos, perscrutando as mentiras das
relações, indagando as hipocrisias e falsidades, desejando o encontro, síntese, comunhão de
sonhos e esperanças que são a luz do verbo "Ser", são o verbo da
verdade que se a-nunciará, o sentido mesmo da "ec-sistência" é o
pro-jeto de construção de valores e virtudes através de obra que perpasse os
tempos, a cada tempo são o outro de dialéticas e contradições, caminhos à
vida-para o eidos do Espírito.
Para
onde ainda deverei subir, agora, com o meu anseio, com as minhas expectativas?
Para onde ainda deverei elevar o olhar, neste instante, com a minha consciência
da solidão? O que é isto re-conhecer que
não há ninguém por mim, res-pondo por mim nas jornadas crepusculares!
Haverá sempre respostas! Somente habitando na casa-do-ser, dançando,
festejando, re-presentando gestos e performances, con-sonantes à música do
espírito de desejar, à luz das dimensões sensíveis. semelhantes à alma de
sonhar, desenhar o sono e o sonho e no pintar as cores re-presentando a
liberdade posta em questão, sei falar em imagens das coisas mais elevadas... De
todas as colinas, olho em redor à procura de pátrias. Errante sou eu em todas
as cidades e um descampar de diante de todas as portas de cidades. Sou expulso
de todas as terras pátrias e mátrias. Todas as imaginações fertéis volvem para
o pátio na entrada de uma casa ou prédio de
dois andares... a alma vagueia pelos canteiros de rosas e
orquídeas, lírios brancos...
Riscar
"arco-íris lírico" nos subterrâneos do espírito,
"esfarrapar" os sonhos "soniais", "son-estesias"
do resgate e recuperação da sensibilidade das dimensões espirituais, viver um
viver essencial... um homem vai em passos lentos, um cachorro vai em passos
lentos pelo calçadão de Copacabana, um burro vai em passos lentos pela estrada
a fora... Em passos lentos os ponteiros do relógio giram. Minha esposa e eu
vamos em passos lentos pela orla marítima lembrando-nos de nossos instantes e
momentos de alegria e felicidade, mãos entrelaçadas, de nossa
Consciência-Estética-Ética das idéias e dos sonhos. Eita vida extra ordinária!
Não merece um Oscar por sua extra ordinar-idade, Prêmio Nobel por seu extra
con-sentimento do mesmo?
Depois
do ato de amor não advém uma certa nostalgia? A da plen-itude. É que a
realidade parece um sonho. Acordo-me de fora para dentro. Tudo limpo do
retorcido desejo humano. Ofereço-me o que eu sentia àquilo que me fazia sentir.
Viver que eu não pagara de antemão com o sofrimento da espera, fome que nasce
quando a boca já está perto da comida, só no crepúsculo os sonhos do ser são frutos de vivências e experiências e não
de idílios e fantasias, por isto há quem negue certas posturas e condutas de
sua obra, des-faz as suas verdades e in-verdades, o nada é o que re-colhe e
a-colhe o múltiplo. Tudo como é, não como quisera. Só ec-sistindo, e todo, por
inteiro. Assim como existem as montanhas. Assim como ec-siste um vale de flores
silvestres.
Falo
comigo em tempo metafísico con-tingente, e as palavras des-abrochadas exalam o
sentido de fazer, tecer, construir os passos em con-sonância, harmonia,
sin-cronia, sin-tonia com a liberdade, a consciência do que habita os
interstícios da alma, a solidão do "eu"; e os sentidos exalados são
eles mesmos, são a visão da vida interior.
Todos
falam de mim, borrifam ideias e ideais que em mim afloram e fluem, quando, à
noite, estão sentados em torno do fogo, olhando, observando, perscrutando as
chamas da fogueira; falam de mim, mas ninguém pensa - em mim! Digo-me a mim
tudo o que tenho para dizer aos outros. Conversa, diálogo com as amenidades da
vida, pois, é nelas que se nos encontra a paz interior. O que teria para dizer
dos outros?
Sem
resquícios nenhum, viver não existe. A vida interior consiste em agir como se o
entendimento nada fosse, nada re-presentasse, como se da linha do horizonte é
que viessem vindo a luz, o som, o silêncio, a solidão, e na síntese o
sentimento visível do invisível, que sequência de "s" interessante, tudo sibilante nas bordas das
constelações, uma fotografia colorida fora de foco, e na antítese a emoção
invisível do eterno na continuidade do vir-a-ser, em imagem branco e preto que esplende suas
sombras e luzes, a soma das sombras é proporcional à soma das luzes e quanto
mais forte é a obscuridade que se vê, mais esplendor tem a luz, a linguagem
quotidiana está plena de metáforas onde a cor e a emoção são associadas, a lua
cheia é de uma insônia leve, entorpecida e dormente como depois do amor, havia
decidido que ia dormir para poder sonhar, estava com saudades das novidades do
sonho, na tese a consciência do verbo revérbero luminando nos entrepostos o ser
apto à vida, o poemático dentro de uma dialéctica contraditória da existência
que não vive, do viver que não existe, anti-melodia cromática, onde o poeta se
dirige ao intelecto, o intelecto se inter-relaciona com o poeta, não se trata
de um gesto de permanente ilusão, mas um gesto que des-venda e re-vela.
É
que olhei demais para dentro de mim... É que olhei demais para dentro do...
Cabe
ao outro dizer-se a si o que tem para dizer - preferem a algazarra, o
burburinho, a "muvuca", o barulho ensurdecedor dos versos, a desordem
das estrofes, puras ruminâncias e gemidos da dor, desabafo das angústias e
tristezas, a consciência ultrapassa os limites das palavras, seja em verso ou
prosa.
#RIODEJANEIRO#,
03 DE OUTUBRO DE 2018)
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