@A PALAVRA E A MÚSICA@ - GRAÇA FONTIS: PINTURA/Manoel Ferreira Neto: PROSA FILOSÓFICA
A palavra
num poema quase nada diz, se diz alguma coisa. Num poema, o que diz mesmo é o
silêncio de entre as palavras que concebem a sensibilidade, sensualidade. Sons
do silêncio que são concebidos no eidos da vida, na essência da quotidianidade,
são a eidética do tempo.
A música é a
origem da poesia, é o genesis da poiésis do ser, e a poesia são o ritmo, a
melodia, acorde do In-finito na sua a-pres-ent-ação, re-pres-ent-ação das
dimensões sensíveis rumo, em direção às luzes que ribaltam os mistérios e enigmas,
trans-elevando-os à simplicidade do "Ser" que se revela para a Vida
se iluminar, alumiar de perspectivas do belo e da beleza, incidindo na terra
que revela o mundo, no mundo que a-nuncia outros uni-versos, confins, arribas
do além.
Em
princípio, se analisarmos no dito tais palavras, estamos imersos por inteiro na
Dialética do Silêncio e das Palavras, mas se mergulharmos mais profundamente
vamos encontrar a Fenomenologia das semânticas e linguísticas que re-versam e
in-versam as tragédias do nada em poiésis do nada, dizendo, na ontologia do ser
e tempo, querer o ritmo do efêmero e sublime, pervagando as ad-jacências do
inconsciente perene de mistérios, de jogos lúdicos dos medos e fugas, tripúdios
e tramóias do verbo e da carne, Jingle-jangle do silêncio e dos gemidos Na
linguística do pleno, o eterno efemeriza as frestas do tempo na poiésis do
espírito, o absoluto dissolve os auspícios do sublime - "deva guru
om", miríades do divino. E sonhar a música da serenitude, ritmando o
poema-soneto dos sonhos, é verbalizar os sons do silêncio, melodiando a
sinfonia da alma, ópera do vazio, "deva guru om".
O eterno
passeia no nada, o absoluto footing no vazio.
É que o
homem só se real-iza na pre-sença. Pre-sença é uma abertura que se fecha e, ao
se fechar, abre-se para a identidade e diferença na medida e toda vez que o
homem se conquista e assume o ofício de ser, quer num encontro, quer num
desencontro, quer numa realização, quer num fracasso, com tudo que ele é e não
é, que tem e não tem. É esta pre-sença que joga originariamente nosso ser no
mundo.
Mas
ser-no-mundo não quer dizer que o homem se acha no meio da natureza, ao lado de
árvores, animais, coisas e outros homens. Ser-no-mundo não é nem um fato nem
uma necessidade no vísivel dos fatos. Ser-no-mundo é uma estrutura de
real-ização. Por sua dinâmica, o homem está sempre superando os limites entre o
dentro e o fora. Por sua força, tudo se compreende numa conjuntura de
referências. Por sua integração, instala-se a identidade e a diferença no ser
quando, teórica ou praticamente, se diz que o homem não é uma coisa
simplesmente dada nem uma engrenagem numa máquina e nem uma ilha no oceano.
Dissemos que
no nível do dito estamos na Dialética da Palavra e do Silêncio. No in-terdito,
temos de mergulhar mais profundo, atingirmos a fenomenologia do silêncio. Esta
fenomenologia do silêncio, que trans-cende o interim das palavras e silêncio,
constituindo o eidos do in-finito, é a pre-sença que se rea-liza na presença. A
poiésis da poesia, a poiética da poiésis da poesia que, na sua in-finitude, à
busca do espírito da vida, se comunga com a poiéis da prosa, que é a
con-tingência dos sofrimentos e dores da alma. abrem as pers de todas as
pectivas-para a con-templaçao no tempo aberto e plenamente incidido nos limiares
do eterno, as inspirações, concepções, percepções, intuições, enfim o absoluto
habitando o não-ser sonhando, idealizando, na idealização iluminística da
dialética do efêmero a liberdade em questão, da efemeridade da liberdade, a
vida em contingências.
A poiética
da poiésis da poesia é a busca da realização do fim e o fim é a plen-ititude da
prosa poética da poiésis para a continuidade da busca do ser no Tempo das
contingências e transcendências. Estamos na ribalta da síntese da poesia e da
literatura.
#RIODEJANEIRO#,
23 DE OUTUBRO DE 2018)
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