NADA DE CHOCANTE NO ERRO GRAMATICAL# GRAÇA FONTIS: PINTURA Manoel Ferreira Neto: PROSA
Cosmos de
pretéritos. Forclusions de subjuntivos inspirados no gerúndio, participando com
abstratos do poema eterno, reggência dos verbos defectivos e irregulares. Cenário.
Performance. Teatro do alvorecer de amanhã à luz de hoje, hoje de cobrir de
amor e paixão as poeiras do uni-verso.
Ter a
possibilidade de escolher o que seria, quiçá a liberdade de uma incredulidade
tranquila, chegar a tomar consciência misturada à altivez de uma solidão já
quase perfeita. Não quero formar a vida porque a existência já existe. Existe
como um chão onde avançaste tu, onde avança você, onde todos avançaremos. A
veracidade da consciência não é verossímil. Se descobrirem, podem obrigá-la a
se tornar obtusa. O perigo não é para a consciência, ela não se tornaria
obtusa. A vantagem é que a consciência se refaz a cada instante. Quantos há
que, depois de haver tomado parte da corrida ofegante e desenfreada da ciência
atual, chegarão a conservar o olhar tranquilo e corajoso do homem civilizado
que luta, esse olhar que condena essa corrida como um fator de barbárie?
Mosaico de
palavras sem alma regulamentadas por uma sintaxe; isso para não dizer nada a
respeito do português de quintal - nada de chocante no erro gramatical, ao
contrário, ele o saúda como um oásis repleto de encantos no deserto ácido do
português quotidiano. Quando tudo o que é monótono, gasto, sem força, vulgar é
aceite como regra, o que é mau e corrompido é aceito como exceção encantadora,
então tudo o que é vigoroso, nobre e belo cai em descrédito
Amanhã não
houve, houve o hoje de amanhã, amanhã nada é, hoje é o elísio do mar que sonha
a praia de gaivotas ciscando o novo voo para o in-fin-itivo das miudezas do
além.
#RIODEJANEIRO#,
03 DE OUTUBRO DE 2018
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