#NADA DE VERBO INAUDITO# GRAÇA FONTIS: PINTURA Manoel Ferreira Neto: PROSA
Sentado no
tapete silvestre do universo, observando o tempo, que se esvaece na ampulheta
dos vazios seculares e milenares, e o vento, que sibila altissonante, levando
os pretéritos in-fin-itivos das dimensões sensíveis para o além onde as nonadas
deixaram sombras pálidas do efêmero e a música dos boêmios românticos sonoriza
melancolias, nostalgias, saudades plenas do cosmos, onde as fantasias e
quimeras deixaram brumas espessas e o croqui do desenhista revela a imagem de
deuses gregos numa ilha afrodisíaca, e o poeta num ardor literário Sintetizados
tempo e vento, à luz, inda que sem muito brilho, fraca, do efêmero que pervaga
no espaço, ao redor do sol, solitário e carente de suas travessias ao nada,
quando esplendia os indicativos dos sonhos e esperanças à mercê da fé no eterno
sarapalhados de conquistas, glórias, realizações, verbo e ser do inaudito.
Sentindo o
ar frio perpassar-me o corpo, tremblar-me a médula espinhal, sensação de
desconforto por dor atroz, sensação de frescura e viçosidade nas nós espinhais,
a alma se aconhegando nas bordas de seus abismos, medo e insegurança das
dimensões sensíveis que afloram, outros "outro" da espiritualidade,
sendas e veredas de seu alcance, sou quem retira o chapéu branco de listras
pretas, abaixo a cabeça, em sinal de reverência, tecendo de idéias e
pensamentos, inda que breves, esvaecentes, a ribalta da querência de iluminação
para sentir "o nada que ainda existe além do desejo trans-cendental",
aldravia da plen-itude do vir-a-ser de estrelas à margem do amor a-nunciado na
moldura do arco-íris que risca o céu do eterno à eternidade.
Em pose em
sítio pré-estabelecido para tirar foto na praça pública do município, do ângulo
do fotógrafo e os arrebiques da imagem o canteiro florido de lírios e duas
palmeiras de um lado e outro do canteiro, o peito contraído, na alma dores
inestimáveis, decepção, ressentimentos, sem idéias... que sentido aquela pose,
mesmo que seja para foto. Nada. Chamo o fotógrafo, explicando a foto era para
guardar de lembrança de adeus, isto não tem quaisquer significados hoje, as
costas viradas no outro dia seriam as costas viradas por todos os crepúsculos
que inda adviriam, e por esta razão tão fresca queria dispensar o serviço da
foto, não insistiu de modo algum, se compreendeu a explicação no seu talo
entendeu o que estava de por trás da fala. Agradecimento ao fotógrafo. Saída de
cabeça baixa, alívio e seren-itude. O que isto re-conhecer o instante-limite de
uma despedida, nem ela mais interessa ou diz respeito! Haveria-de ser,
aconteceu no devido tempo.
Perscrutando
folhas e flores primaveris, Que hei de fazer, se sou de boa cepa, e na hora de
ver repleta a tripa, darei por quem mo vase toda Tabacaria?, orvalhadas da
alma, pressinto em mim miudezas de sensações que de pers em pers, iríadas em
iriadas, éresis em éresis do nã-ser nasce o in-verso precedendo o verso, é
concebido de gerúndios, particípios, in-finitivos das ilusões e idílios
a-temporais a perfeita leveza do ser .Quê sujeiras o vazio deixou nas
Ventobordas do perpétuo! Inimaginável!... Indescritível!... Inconcebível!!!
Vento algum vindo de algures leste digna-se a soprá-las aos confins.dos
horizontes. É entregar-me solene e solícito nos braços parnasianos das
insolências de saberem-se desprovidos, destituídos de essências. Entrega que
não tem fin-itude. "Quem se alimpa da carepa, ou sofre uma muchacha, que o
dissipa, ou faz da mão sua cachopa", nestas mesmas palavras dissera-me
alguém num almoço numa cantina, a troco de nada, não encaixava no nosso
assunto, mas ele quis dizer simplesmente as coisas se encaixam conforme as
perspectivas do olhar, ainda enfatizara com ardência: "Pense nisto numa
perspectiva de confissão pública". Guardara sua fala. Só alguns meses
depois, lembrou-me haver comentado com ele sobre uns versos de Gregório de
Matos que a professora que me incendiara o coração com os ideais da
consciência-estética-ética inda no curso de magistério, incentivara a continuar
a trajetória. Com estes versos do poeta baiano a sedução literária fora
concretizada, os caminhos seriam sinuosos, mas tinha de colocar a liberdade em
questão...
A ovelha
desgarrada,
Recobrai-a;
e não queirais,
Não tendes
esperanças,
Não criais
expectativas,
Não
desejais, pastor divino,
Perder na
vossa ovelha a vossa glória.
Se sou fogo
como passo brandamente?
Se sou
neblina, como queimo com porfia?
Mas ai! Que
andou Amor em mim prudente.
Pois para
temperar a tirania,
Como quis,
que aqui fosse a neve ardente,
Permitiu,
parecesse a chama fria.
Re-costado à
parede do casebre, re-lembrando a pose na praça pública, o fotógrafo disponível
para tirar a foto, o sentimento presente e profundo de que aquele desejo de
lembrança não tinha o menor sentido, em poucas horas a despedida real e
verdadeira se efetivaria. Parambulando por um entre e sai de ruas, memorizando
pensamentos e idéias, circunstâncias e perspectivas de pretéritos vividos e
experienciados, a liberdade criando e realizando o destino, seguia as alamedas
reais e verdadeiras, os ventos sibilariam nas passagens e travessias.
Seria que a
imperfeição perfeita alucinasse, fascinasse, extasiasse por a perfeição ser
mera quimera, imaginação fértil?
#RIODEJANEIRO#,
04 DE OUTUBRO DE 2018)
Comentários
Postar um comentário