#AFORISMO 389/VERBO E SILÊNCIO... VERSO-UNO DO SER# GRAÇA FONTIS: PINTURA Manoel Ferreira Neto: AFORISMO
Por onde anda o nada?
Era-me a luz que iluminava as trevas; era-me a vela que sarapalhava as
chamas no vazio da noite, olhando-as sentia-me aberto às con-tingências do
mundo? Re-encontrá-lo fez-se mister mudar de rumo, itinerário. Re-encontrá-lo
fez-se sine qua non rasgar sentimentos e emoções, jogá-los ao léu quais
confetes, e com grande amor e alegria re-fi-lo nuncamente com tanta
originalidade, autenticamente, sou-lhe, é-me ele.
- Duas águias voaram por longos anos lado a lado. Certo dia, uma delas
seguiu em direção a outros in-finitos.
- Mas isto é tão simples assim?
- Não podia ser mais simples que isso. O nada é para ser e--xis-tido com
volúpias. O vazio é para ser vivido com êxtases.
- E é só?
- Solamente!...
Verbo e silêncio... Verso-Uno do Ser...
Re-versos atrás de éritas pectivas retros de imagens res-plandecendo na
superfície lisa do espelho, inda que ínfimas e minúsculas, nos átimos do tempo,
pre-nunciando mistérios do além, aqueles tais de in-consc-ientes que velam
medos e tremeliques do há-de ser, des-velam fugas e outras condutas de má-fé,
perambular pelos baldios dos becos, sob a cintilância das estrelas, brilho da
lua - que romantismo sem precedentes! -, cantando "não estou com sono/não
há para onde ir..." tempos de outrora: restaurante vazio, mesa na calçada,
gim com limão e gelo, solidão, nem viv´alma na avenida: que fim levaram todas
aquelas idéias, ideais? -, madrugada não custa a passar, o orvalho continua a
cobrir as flores do jardim, o alvorecer será apenas um fenômeno da natureza,
morrer ou viver não é a questão, a questão é deslizar no vazio, nada se há-de
re-colher, nada se há-de a-colher, nalgum canto aquém de alhures o epitáfio
escrito com as gotículas de garoa do tempo nos devaneios de paulicéias do verbo
e do nada, que os in-fin-itivos de arriba olvidaram as fin-itudes em uníssono
recitando os pleonasmos, vícios do eterno, os cacófatos do ab-soluto...
Vernáculo de solidão nad-ificado de éritos resquícios das melancolias do
in-fin-itivo querendo as sorrelfas do genesis deixadas ao léu nas bordas das
im-perfeições perfeitas das perfect-itudes, das nostalgias do gerúndio,
desejando com excelência da sensibilidade e do espírito, nas margens invisíveis
dos horizontes de perfeitas im-perfeições das nad-itudes em cujas fáceis
visíveis do in-visível alumia o semblante do abismo abismático de abissais
sensações, a continuidade que se faz continuamente, a morte é a última
esperança, saudades do particípio naquela fissura mais que compulsiva do
apocalipse do Tudo, do Eterno, do Ab-soluto, projetadas, melhor ainda, jogadas
a esmo qual confetes na soleira das pectivas intro que re-nunciam, nunciam
desde o caos no instante do ser cosmos, a mostragem na moldura dos núncios do
vir-a-ser em nome, sobrenome, nome completo do "Eu", silêncio e
infra-silêncio nada mais são que sombras da linguagem, penumbras do estilo,
brumas do dis-curso.
No crepúsculo do nada, sempre as cintilâncias da luz que, re-versas e
in-versas de ad-versas vers-itudes, redimensionam as iríases do verbo e ritmam
melodicamente as éresis da con-ting-ência da etern-idade, das etern-itudes e,
por além dos tempos e ventos, aquela balalaika dos ventos soprando os tempos
para adiante, os tempos movendo os ventos para trás, alfim os tempos requerem
liberdade para jornadearem ao longo dos interstícios do nada oculto de poeiras
da estrada, do nada à luz do rio cristalino de per-curso, de-curso, sem fonte,
sem margem, entregue livre às forclusions e furtividades das sendas e veredas à
mercê dos passos a passos em direção à vida do viver, à existência do existir...
Nada é luz do silêncio. Nada é luz do infra-silêncio. Nada é luz da
verdade, também das in-verdades.
(**RIO DE JANEIRO**, 16 DE NOVEMBRO DE 2017)
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