##AFORISMO 387/ VOLANDO A TRANS-PARÊNCIA DA LINGUAGEM# - GRAÇA FONTIS: PINTURA/Manoel Ferreira Neto: AFORISMO
Pers-critos lídimos verbos de pretéritos im-perfeitos de desejos de
liberdade, vontades profundas de glórias homéricas, prazeres quichotescos,
jamais sem precedentes, poderes inomináveis e inconcebíveis, realizações, que
metamorfoseiem os re-cônditos da alma plen-ificada de náuseas, angústias,
á-gonias, tristezas, trans-elevem-os ao ápode das regências nominais de outros
horizontes, verbais de outros uni-versos, de onde a visão templa o panorama do
mundo, a paisagem da terra, concebendo plen-itudes que são genesis para novos
in-vestimentos na busca do ser, da verdade, re-vestindo o in-audito, o
in-cognoscível de eidéticas esperanças do eterno que é continuidade, e
continuamente re-fazendas, re-criações, abertura lídima e idônea para o verbo
do tempo,
por onde o silêncio peregrina volando
a trans-parência da linguagem,
um sonhador é algo a ser,
nitidez do estilo, dizer-se pleno, dizer-se in totum, dizer-se in
extremis na dialética das iríasis, travessia para o ser re-fletido no espelho
do vir-a-ser verbo do sublime, dos éritos, nonada para o não-ser
pres-ent-ificar-se de sorrelfas do vivido, vivenciado, às voltas sempre com os
devaneios e idílios de éden,
um sonhador é algo a ser,
só re-versar o tempo inter-dito
com as a-nunciações do vazio
re-colhendo e a-colhendo as furtivas
do completo,
divagações,
desvarios do id, ego, superego no inconsciente
misterioso e solerte,
aquando, em verdade, em verdade, não são estas dialéticas que preambulam
o ser no interior do verbo, vice-versa, mas a alethesis do verbo na sua
travessia para o silêncio, para a solidão - solidão sem silêncio é
ininteligível, Cristo, antes do Sermão da Montanha estava só e em silêncio,
silêncio sem solidão é inconcebível -, que re-vela a luz, suas cintilâncias e
brilho, pers-crutando a poética do deserto, re-flexão, meditação, instante e
momento pleno de entrega e doação à leveza dos sonhos, sonhos do divino, a
vocação eterna dos homens.
Quem me dera
Ouvir de alguém
A voz humana
Síntese,
Tese,
Antítese,
Perquirindo na imagem refletida,
No espelho dos comportamentos,
Atitudes, ações
O que sou
São palavras humanas,
Sem rogos, sem ruminações,
Sem gritos e uivos antigos
Con-sentindo buscas de representarem-se
Noutras tonalidades, noutras altissonâncias,
Noutras dissonâncias,
O que ouço
São frases des-conexas, des-conectadas, des-curtidas,
des-compartilhadas, sem a-núncios da presença da alma, letras a esmo, letras ao
léu, ausculto sons além da língua, escuto murmúrios, sussurros, cochichos, são
os sentidos de meus pensamentos, de minhas emoções, de minhas intimidades, a
alma solicita-me dizê-la sem pejo, sem vergonha, vadia, desvairada,
tres-loucada de tantas dialécticas, contra-dicções, nonsenses, mazelas e pitis,
as tantas "oses", e sei lá mais o quê. São rouquidão das vozes, não
vozes roucas musicalizadas, sonoras, musiquetas des-afinadas, escuto trinos de
pássaros, silvos do vento, a alma requer sentimentos, verdades...
Solidão é silêncio, nada de solstícios do efêmero limiando o horizonte,
nada de seduções à luz de Safo, à mercê de Brahma, às cavalitas de Prometeu e
Sísifo, mas as vers-itudes de todas as perspectivas da vida vistas,
con-templadas, templadas, templ-oradas sob o In-finito In-fin-itivo do há-de
verbalizar os a-núncios do ec-sistir a vida, as re-velações da vida desejando o
"e-xis-tir" dos silêncios e do verbo, dos ventos e do ser.
Eis a questão do "xis"(e--xis--tir):
A vida são buscas, querências, desejâncias, verdade, mas, antes de
serem, são a entrega, a doação ao Espírito do Verbo In-finitivo do In-finito
entrelaçado, comungado, aderido ao Silêncio In-finito das In-fin-itudes, sempre
o caminho, sempre a caminhada que faz todas as travessias, sempre as travessias
que re-velam os novos passos, esperanças, utopias, sonhos, para a fé no que há
de evangelizar o ser-no-mundo...
(**RIO DE JANEIRO**, 13 DE NOVEMBRO DE 2017)
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