#ENTREVISTA# - PROJECTO #INTERCÂMBIO CULTURAL E INTELECTUAL#
MANOEL FERREIRA NETO ESCRITOR E CRÍTICO LITERÁRIO ENTREVISTA A ESCRITORA
POETISA E CRÍTICA LITERÁRIA Graça Fontis
Amada e inestimável Esposa, Companheira das Artes, Graça Fontis, para o
nosso Suplemento VEREDAS E VERTENTES é um imenso prazer e satisfação recebê-la
em nossa Redação para uma conversa sobre isto de CRÍTICA LITERÁRIA. Estimo que
fique à vontade.
Manoel Ferreira Neto - De que a crítica literária mais carece para a sua
realização: a sensibilidade ou a razão? Por quê?
Graça Fontis - À primeira vista, todos nós sabemos a função da crítica,
mas com as sucessivas mutações verificadas na verbalização, creio que o crítico
deva percucientemente explicitar a mensagem do que vai na alma do Escritor, e ,
de uma forma ágil, legível, esclareça a obra além dos elementos técnicos e
psíquicos aquando posicionado no território da memória à caça do esquecido, do
soterrado, n'uma incessante procura de pontos que nos conectem com a claridade
da mesma e desta tirarmos máximo proveito, o que carece da emoção a elevar-nos
ao ápice da sensibilidade e do prazer, também, ao fazerem deslumbrar seus
enigmas e mistérios, uma compreensão da dita análise sem que haja ruptura, mas,
o equilíbrio e síntese entre as aventuras da razão no raio humano e o eixo
nirvânico; é assim que atravessamos esse mundo psicodélico e essencialmente
poético. Então, impossível preterir razão ou a sensibilidade, pois que caminham
lado à lado para que efetivamente a crítica seja bem sucedida.
Manoel Ferreira Neto: A crítica literária é fundamental para o escritor
se projetar ou para a obra se revelar com transparência?
Graça Fontis - Bem... a priori torna-se necessário conhecermos tanto o
autor quanto sua obra, isso feito através de exímia análise, n'uma observação
completa e direta em todos os ângulos e suas facetas para que traspasse e
constate ao leitor a veracidade de ambos, despertando assim, um maior interesse
e prazer na sua leitura; e tudo graças a contundência e coragem do crítico, ora
avultando-se quando necessário, ora agigantando-se orgulhoso por quanto seus
vocábulos justificadores ao ajustarem autor e obra com seus pensamentos livres
sobre os mesmos, o que dá ao Escritor maior evidência e transparência na sua
projeção como um todo; certamente obtendo um maior acato pelos dados originais,
colhidos da sua intimidade pelo Crítico; sendo assim, a crítica contribui e
revela, tanto quanto, Escritor e Obra... sem ela (a crítica ) seria um
arrastar-se na obscuridade.
Manoel Ferreira Neto: O que é mais complexo numa crítica literária:
estabelecer a mensagem da obra ou tecer a linguagem e estilo do Escritor em
consonância com o Eu poético?
Graça Fontis: Creio que a complexidade já se estabelece por um todo à
primeira leitura do texto, dada a trama já exposta, o pictórico à mostra como
idéias simultâneas e prontas para serem investigadas desde sua força motriz
atuante imbuídas de consciência e as suas relações sociais, linguagem essa,
influenciadora do mundo contemporâneo, e, é aí que entra a quase magia do
crítico, na extração de uma orientação anterior, os esclarecimentos devidos e
inauditos, para que haja uma maior organização aos olhos do expectador/leitor,
numa nova ordem dessa verbalização, plenamente já discutida e interpretada em
que o intérprete se recusou ao jogo do faz de conta absoluto e estabelece uma
relação mais sutil entre a emoção e a racionalidade própria, do sentir ao saber
possibilidades estas a conhecer e revelar a face verdadeira e poética do autor
dentre seres nascidos de outros seres, do sugerido e do entremostrado, do
recolhimento e da entrega, da beleza e todo seu conhecimento, tudo à mostra,
retirado pelo crítico de suas entranhas textuais, do seu processo de fazer
acontecer o que lhe dita a Alma/ Espírito e razão.
Manoel Ferreira Neto: Você mesma, após escrita uma obra, tece crítica
sobre ela?
Graça Fontis: Sim. Sou a minha maior crítica. Ao escrever, aprendo,
sofro, também sinto prazer e tenho crescido em contacto constante com as
Letras, tenho mergulhado e me embebido delas e, ao retornar de cada mergulho,
estou tomada de um grande prazer ressoante em mim dentro. São exigências que me
realizam e elevam minha sensibilidade e a transmutação dentro de meu próprio
tempo numa constante experienciação da realidade na condição de eterna
aprendiz. Sempre assim, como nestas perguntas, que não sei ter sido bem
sucedida. É isso aí.
(#RIODEJANEIRO#, 10 DE JULHO DE 2018)
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