ANA JÚLIA MACHADO POETISA CRÍTICA LITERÁRIA E ESCRITORA ENSAIA FILOSÓFICA PSICANALITICAMENTE O AFORISMO 643 /**SONETO AO SILÊNCIO NU - II PARTE**



Este escrito de Manoel Ferreira Neto afigura-se uma certa nostalgia, sofrimento por ainda não haver desvendado certas circunstâncias, sucedidas desde tenra idade e que anda à busca de respostas. O porquê de ter sucedido certas coisas…o ter pressentido…o que ainda o apoquenta no presente. Isto acontece porque desde muito novo foi um ser sempre curioso e o querer saber o porquê das coisas. Desde cedo pretendeu aprender a escrever para que pudesse registar sua vida…sua história…


Sempre surpreende-se com a vida, até mesmo com a inerente vida e com aquilo que ostenta ter existência.


E surpreende-se igualmente afirmativamente com os estratagemas da vida, ao entreter-se de esconde-esconde com a natureza reservada nas figuras, realces, expressões e sensibilidades.


Mas a natureza permanece sendo a natureza, “algo” que de alguma figura se exterioriza como sendo basilar na existência… e, crê que assim seja igualmente, e particularmente, para lá dela.
Aparenta ficar pasmado em crer existir algo além da vida que não seja a inerente existência…


Pois o que poderá domar uma natureza? Crê que deva ser algo fundamental igualmente!


Aí chego ao epílogo, pela análise, saberes, muitos argumentos e masturbações intelectuais, que toda natureza abarca a si mesma; logo, o que poderá possuir além da vida é a própria vida, ou muito mais vida ainda… e isso demonstra com suas experiências que tem vivido ao longo dos anos… quando tem a sensação que seu corpo foge dele, quando cogita em certas circunstâncias que sucederam em tenra idade… não será um modo de querer exorcizar tais experiencias que o marcaram e que indaga respostas…?


Existe vida em tudo. Há muitos formatos arquivando a natureza da existência, para serem patenteadas e meditativas no instante propício.


A existência é admirável! A essência patenteia em tudo, seja pela perfeição das formas, pela trama, pelo paladar, pela intensidade de dureza, o papel que cada coisa realiza na ampliação da vida, e no seu sustento. E, sendo bons analistas, concluímos por descortinar a essência que exterioriza a existência, e o jeito certo de labutar com cada coisa e ser que acarreta ela consigo igualmente, sem por nem tirar.


Só que fica ali no seu canto e com seu cigarro, arriscando compreender como se tivesse meditando ele num bosque de ideias mas num flúmen que é dela e no interior de uma embarcação que é dele pois ele mesmo o traçou com excedentes de lenha e até sobejos de taco, como é exequível alguém ser encarado encantador se tem ele como fundamental plano de prazer só arrancar e causar sofrer muito com isso mesmo uma débil bolsa?


Com a cavidade não se galhofa! Ou melhor, brinca-se sim… só que tem de saber folgar para assinalar saboroso na reminiscência. Afinal, é nela que está o fulcral do intelecto genético do meu ser que igualmente jamais se enfadou de participar. Não enfadou porque aprecia a sua lida e intuito. Então, há de se possuir um benéfico e encantador talento no seu acesso autorizado sim, uma vez já consumado igualmente um rogado login, e é claro e bom que seja assim.


Não enxerga com bons olhos a criatura puxa-saco, pois ao arrastar, a mágoa vai imperar. E por acaso estará tonto de deixar alguém se regozijar ao se apoquentar? Agora, se o saco que resido cogitando neste instante ser de outra essência, como aquele que acarreta as abastanças do nosso tesouro, se alguém arrancar ou impelir ele sem facultar qualquer esclarecimento evidente, ceder de restituir as armaduras de deleite em forma de favores sociáveis, vai bradar operar atalhando, enquanto berro todos vocês: como é particular, e nós, iremos ceder? Os homens, será que andam ou encontram-se ocos os seus sacos que ninharia fazem para resguardar o que é tão relevante para fazer a vida genuína ou híbrida derramar melhoramento com equidade e assim encerrarem bem balsâmicos buracos quão igualmente os já derrotados e fedorentos orifícios?


Como refere em seu texto que dédalos noctívagos aliando o pretérito à actualidade, o bem-querer ao suplício, a incultura da servidão à rusticidade do nacional-socialismo, Paris ao Rio, numa órbita em que não se sabe mais qual era a metrópole ardente. Depois o estio, a queda da folha, depois deste, o gélido, logo o gélido, a época da prímula, boninas rebentando, fragrância expelindo, pulcritude luzente representando as ausências do astro-rei, aluminando as cruzadas no decorrer de verbos beatos, lendárias ao extenso da perpetuidade desde a imortalidade.


Linfa,
Tu és o enigma
Em eternas manantes
Do físico e do espírito
Daquele
Que mesmo que pretenda
Não habita sem ti...
Pregas sereno
Rezas colérico
Rogas fluido,
Consistente
Ou aeriforme...
És exalação
Que se transforma
Em querença
Em nosso físico
afadigado...
Da batalha
A seiva
Da canseira
O sacrifício
Da plangência
A gota salgada
Do ósculo
A baba
Das imundícies
Depurada s
Águas
Ingresso e partida
Início e termo
Cama pão
Linfa origem
Existente em toda
A geração.
Experimente o sonido,
Experimente sonido
Abundância em ti


Ana Júlia Machado


Afigura-se despautério dos mais relevantes, mas em verdade não se há questionar. O que psicólogos, psicanalistas renomados não são capazes de resolver, solucionar um crítico literário mergulha fundo e arranca de dentro a resposta que carecia ser trazida à luz. Analistas e terapeutas com quem me submeti a diálogos não conseguiram decifrar, desvendar este sentimento que por vezes se revela, masturbaram à vontade com o fenômeno. Para o último terapeuta eu disse: "Tudo bem que ninguém saiba me orientar nesta questão. As letras me darão a resposta necessito. Virá o dia." Ele riu e desejou sucesso. E está aí o que dissera: uma crítica literária dá-me a resposta: "... fulcral do intelecto genético do meu ser que igualmente jamais se enfadou de participar. Não enfadou porque aprecia a sua lida e intuito." Este fenômeno é o fulcral do intelecto genético do meu ser, o sentimento da "ausência do ser", na categoria francesa psicanalítica e filosófia "MANQUE-D´ÊTRE", e o intelecto engajado na busca da presença do ser, o existir. Nenhuma outra dimensão é capaz de mergulhar no manque-d´être senão o intelecto.
Dada a resposta, outros mergulhos advirão e inda mais profundos. Só posso mesmo agradecer almaticamente a sua resposta.
Beijos nossos, querida!


#AFORISMO 643/SONETO AO SILÊNCIO NU - II PARTE#
GRAÇA FONTIS: PINTURA/ARTE ILUSTRATIVA
Manoel Ferreira Neto: AFORISMO


Quem me dera agora tivesse a pena para escrever o pretérito da solidão!...


Inestimável a palavra que pré-figura imagens do verbo dos tempos trans-corridos à luz dos instantes de desejos de gerúndios continuando a busca do eterno in-finitivo de quimeras e sorrelfas inscrevendo no vazio epígrafes líquidas de imperfeitos sonhos, post-scriptuns de ipseidades registrando no sentimento de ausência de mim - não me sinto, não me vejo, não me reconheço, o corpo é simplesmente um despautério; quanta vez presencio isto e não me é dado saber a origem, não me é dado saber o que precede, uma emoção, um sentimento - epitáfios de compl-etudes, particípio de utopias e fantasias epitafiando, no nada esgarçado no cerne do efêmero, idílios e odes projetados às fin-itudes de vontades e aspirações do absoluto ocaso que é esplendido aos mistérios, enigmas na noite da floresta às primeiras luzes do alvorecer pleno de outros genesis da esperança lúdica da espiritualidade, no silêncio trans-lúdico do absoluto.


Inestimável o in-terdito da palavra que a-nuncia, e-nuncia no ser do verbo de ampliar a inspiração aos ilimites de arribas e algures, quando as estrelas velam os sentimentos e emoções a evangelizarem a alma, torná-la vernáculo de estesias e êxtases das peren-itudes do além, partícipe do crepúsculo, do aquém, álibi da coruja que canta solitária a sabedoria da etern-idade, cúmplice da águia que esvoaça no espaço a omnisciência das imortal-itudes, a omnipresença das verb-itudes da memória e do esquecimento.


Quem me dera agora tivesse a pena para escrever o pretérito da solidão!...


Esplendorosa a metáfora da palavra inaudita que pre-nuncia, pré-a-nuncia, pré-e-nuncia o tempo dos verbos trans-elevado ao subterrâneo do espírito à luz das memórias subjuntivas de pretéritos de orvalhos a cobrirem o campo de centeio da estesia eterna do sempre simples, do sempre natural, da beleza imortal, perene da vida que se faz de querências e desejâncias de sonhos-sementes da felicidade, de utopias-húmus da sabedoria, antropologia de lendas e mitos egrégios da cultura que se perdeu, ovelha desgarrada no tempo-nada do silêncio sibilando as sinuosidades de im-pretéritos mais-que-perfeitos, signo, símbolo do há-de vir dos imperativos do conhecimento, cujo eidos é saciar a angústia da perpetuidade junqueira do simples, perenidade camoniana do amor, o fingimento pessoano da tabacaria do nada aberta à noite, por toda a madrugada, para receber solenemente o andarilho solitário que, à parte a solidão, traz dentro de si todos os silêncios do verbo, almeja o chocolate da essência-para o nada húmus do eidos-de verbos do vazio, ócio, o lugar de uma entrega não re-flexiva à mera existência. A síntese esperando, no fim do caminho, para absorver todos os contrários, eliminando a estrutura paradoxal da existência humana. O nada desde a eternidade até a eternidade con-templa o vazio para nutrir a alma de fugas e má-fé do estar-no-mundo, jogado nas con-tingências e imanências do sofrimento e dores, equilibrando-se no trapézio das tristezas. Por que sempre acreditei que a condenação do homem a existir concebe o vazio? Seria mister saber que deuses o condenaram e os acontecimentos que precederam e deram origem à condenação? Re-tornando a este instante de "ausência", saio de mim, pela primeira vez hoje, na madrugada, elucubrei o nada que era antes de existir. O sentimento de vazio na tenra infância concebeu a busca da existência, fora eu quem me condenara desde então a esta busca. E por que, após longos anos, consigo agora verbalizar este sentimento de ausência, se é que posso chamar-lhe "sentimento"?


Quem me dera agora tivesse a pena para escrever o pretérito da solidão!...


Místico, mítico, legendário o soneto de palavras que perpetua, pereniza de versos e estrofes, satirizando a prosa do apocalipse permeado de ingênuas pers das pectivas retros do sublime pulo de inocência, o uno e o múltiplo do ser-verbo para a cintilância das estrelas que vestigiam a imagem da luz que se projeta no vidro da vidraça exposta ao léu da noite que custa a passar, permeada da lareira imaginária que erradia as chamas ardentes da travessia de nonadas sorrélficas nuven-itude diáfana do infinito trans-figurado de cores do arco-íris, após as chuvas de março fechando o verão, encruzilhadas noturnas ligando o passado ao presente, o amor à tortura, a barbárie da escravidão à barbárie do nazismo, Paris ao Rio, numa trajetória em que não se sabe mais qual era a cidade tropical. Após o verão, o outono, após o outono, o inverno, após o inverno, a estação da primavera, flores desabrochando, perfume exalando, beleza esplendente configurando os eclipses do sol, aluminando as travessias no trans-correr de palavras místicas, míticas ao longo da eternidade desde a eternidade.


Quem me dera agora tivesse a pena para escrever o pretérito à solidão!...


(**RIO DE JANEIRO**, 19 DE MARÇO DE 2018)


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