#AFORISMO 619/OU... OU... - ODE A KIERKEGAARD# - GRAÇA FONTIS: PINTURA/ARTE ILUSTRATIVA/Manoel Ferreira Neto: AFORISMO
Ou as verdades da alma, angustiando, deprimindo, ocasionando desejos
incólumes da morte como salvação ou as in-verdades das atitudes, ações,
proporcionando alegrias, contentamentos superficiais, insossos, nonsenses como
modo, estilo de sentir a presença no mundo. Ou as hipocrisias, dando aquele
arzinho suave e sereno de glórias, importâncias, aquelas sensações e
sentimentos de prazeres inomináveis, climaces indescritíveis ou a dignidade da
id-entidade, tendo de ser re-criada, re-inventada, re-novada, in-ovada, tendo
de ser conquistada a cada átimo de segundo através das nuanças dos sonhos e
esperanças. Ou o som dos versos e estrofes configurem o espírito da estética
dos sentimentos e emoções ou a síntese de ritmos, melodias, acordes da música
do soneto encante o infinitivo da arte dos sonhos e utopias. Ou o silêncio em
cujo seio as dimensões do belo e da beleza se re-velam, as con-tingências do
eterno e efêmero se re-vezam à busca da luz do ser ou a algazarra altissonante
das in-decências, imoralidades, ausências de princípios, falta de sensibilidade
e visão-{de}-mundo. Ou a escravidão aos dogmas e preceitos que amenizam as
dúvidas e incertezas, as inseguranças e medos ou a liberdade que a passos
comedidos esclarece e fundamenta o destino a ser per-seguido, per-corrido,
palmilhado.
Ou as mentiras da ressurreição, redenção dos pecados e pecadilhos que
dão aquela força, aquela cor-agem de con-sentir com todas as dores e
sofrimentos, obstáculos, dificuldades ou a determinação de projetar sonhos,
esperanças, de lançar ao in-finito os desejos da plen-itude, saber que é a
labuta contínua que satisfaz, mostra o homem por inteiro, mesmo que as
res-postas sejam ínfimas, não hajam quaisquer. Ou a sombra escura da morte virá
da água e encobrirá a grama verde à sua margem ou o pálido crepúsculo da tarde
ensombrecerá os mausoléus no cemitério das palmeiras. Ou o retros-pecto das
origens, in-vestigando os cofres da in-consciência, os equívocos da razão, os
ângulos obtusos da consciência, manifestando outras veredas através de que a
visão das coisas longínquas e distantes são a possibilidade de superar e
suprassumir os limites ou o presente da alienação, o aqui-e-agora da angústia,
tristeza, da perdição. Ou as trevas insofismáveis por onde andar sem definições
do passo seguinte ou criar a luz que ilumine as estradas por onde caminhar rumo
a algum objetivo, luz que necessita ser eivada de sensibilidade e verdade. Ou é
mister que se esconda nos abismos da terra ou tomar voo nas planícies do ar
para escapar às intempéries da miséria e ao sofrimento como consequência
indubitável. Ou o não-ser que re-colhe e a-colhe as facticidades, ipseidades,
as arbitrariedades, gratuidades, e a ec-sistência insufla-se de mauvaises-foi
ou o ser que é sempre busca, desejo, vontade, esperança, sonho, criação
in-interrupta. Ou a cegueira como estilo e linguagem de perscrutar os abismos
da condição ec-sistencial ou a visão pura como comportamento de ajuizar as
mazelas e pitis da humanidade, de julgar as coisas exteriores.
Ou o eros de-turpado, dis-torcido, de-pravado, des-equilibrado,
proporcionando só prazeres, gozos, clímaces, alegrias, contentamentos ou o
conúbio de tesão e entrega de toques sensíveis, suaves, após aquele soninho
profundo, tranquilo, sereno. Ou o in-ferno com as labaredas de fogo incandescendo
as libertinagens e libidinagens que não foram vividas e vivenciadas no
quotidiano da ec-sistência ou o in-verno do mundo, da terra, do planeta
aliciando os desejos e esperanças do outro que habita a alma.
Deixe-me perguntar-lhe uma coisa: "Qual é a sua preferência?"
(**RIO DE JANEIRO**, 09 DE MARÇO DE 2018)
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