#AFORISMO 659/MÃO NO TOCO DE BREJAÚBA# GRAÇA FONTIS: PINTURA/ARTE ILUSTRATIVA/Manoel Ferreira Neto: AFORISMO SATÍRICO



EPÍGRAFE


"A ambigüidade flora na floração das idéias e das intenções, um jogo intrincado, truncado, de escárnio dos valores e virtudes."(Manoel Ferreira Neto)
Siriricaria, pois não,
E com os pormenores das etiquetas,
no ínterim de sensações e do prazer,
as cadentes estrelas deslizar-se-iam
no celeste espaço à mercê do instante
de mergulharem profundo no in-finito,
o brilho transversal da lua iluminando
tantas emoções e sentimentos trocados
entre Igência de Trans, Cendência de Trans.


De "con" às "tingências", se as câmaras fotográficas pudessem filmar este instante, seria um esplendor assistir ao preâmbulo da entrega e doação, mistico, mítico, ritualístico, qualquer preâmbulo cinematográfico de outrora e futural seria capaz de imitar, os grandes ídolos do cinema se sentiriam ao léu dentro do bolso de malandro dos autênticos desde as vestes ao caráter e personalidade, até existindo uma lenda sobre o encontro da Igência de Trans e Cendência de Trans, pura lenda e criatividade, ambas se rejeitaram plenamente, no primeiro encontro, se se unissem seriam ao contrário, Ingência passar a ser de Trans, vice-versa, e não mais se rejeitaram, continuam não se vendo, viveriam um amor inolvidável de carências e ausências.


Siriricaria, pois não,
E com todas as cartas das diplomacias,
Estas coisas de colarinhos brancos,
se no decurso e percurso da lenda,
o nada flanava entre as estrelas -
dizendo as más línguas que ele fora passar
a mão no toco de Brejáuba do além,
sendo seguido pelas angústias,
tristezas,
melancolias,
nostalgias,
saudades
tocando seus respectivos instrumentos.


As angústias tocando violino, as tristezas tocando flautas, as melancolias tocando cítaras, as nostalgias tocando guitarras, e como não poderia deixar de ser as saudades tocando a harpa, sinfonia do nada, flanando, flanando entre as estrelas, o seu bailar é que é estranho, parece mais os bobos da corte na ópera do vazio, o corcunda de Notre Dame atravessando a Catedral com o seu andar esquisitíssimo, performance de malandro de prostíbulo, talvez satirizando os idílios e sorrelfas das saudades, Cendência de trans de Igências de "trans" de mãos entrelaçadas deambulando no uni-verso, curtindo o encontro, ali nascia o encontro, encontro que continua sendo de entregas e doações, seivando-se mutuamente, alguns problemas de gênios, enquanto Igência de Trans é ativa, perspicaz e destra, independente, Cendência de Trans é dispersa, preguiçosa, fica só assistindo às operas e sinfonias do vazio, óperas do nada - isto mesmo!...


Siriricaria, pois não,
E com todas as salivas das lábias
Dos bons sentidos,
parecendo haver algum medo
que re-velar não poderia,
este mistério seria eterno entre as duas,
mistério congênito habitando a inconsciência,
como é supimpa nas lendas e causos,
os des-figurados, pois que "siriricar"
não consta dos vernáculos dos verbos.


O que gera algumas briguinhas, discussões sem quaisquer sentidos, insatisfações inúteis, sabendo ambas que o medo do medo é que faz o medo, o que lhes faz rirem a bel prazer e solstícios, a morte fazer parte da vida, isto é ridículo, mas o que fazer se é a verdade incólume e insofismável, mas logo, logo estão de bem, e seguem juntas Igência de Trans e "Trans" de Cendência a jornada, o que era apenas sedução tornou-se uma relação de entrega e doação mútuas, velando-se e des-velando-se, e neste ínterim de vivências, sentadas à beira da Lagoa das Aves Negras, lembrando-se do encontro, das seduções, procissão longa de pessoas com velas na mão, debulhando os terços, atrás da imagem de Fermansi, profeta da estética entre os "circuns" e as "pers", estética que começa no in-verso para atingir a verdade, na ambiguidade para satisfazer a sede do riso e galhofa, mas seriíssimo se re-versado o prisma das inspirações, para alguns heresia, começar do mal para chegar ao bem, isto deixa muitas lembranças e re-cordações ad-versas, sendo que se partir do bem para re-verter-se ou con-verter-se ao mal seria atestado de plena ignorância, gere muita gargalhada e risos de esguelha, a tristeza que as vozes recitando e declamando as orações revela é profunda, os artistas do In-finito são criativos, criam musicais esplendorosos, e perguntando o que seria se Trans de Cendência e Igência de Trans se sintetizassem, o que aconteceria, o nada e a sua sinfonia somem na distância...


Siririco o verbo das falácias
no riste da língua com todas as suas
nuances de sensações, calafrios,
a lenda de Cendência de Trans
Igência de Trans,
um dos desejos dela, Cendência de Trans, é re-colher e acolhê-la dentro em si, seivar-se, "con", vice-versa, versa-vice, etéreas linguísticas simbólicas da felicidade e do prazer, aquela pitadinha de eternas semânticas do verbo e do ser, não sabendo a Cedência de Trans que este objeto de sedução das tingências de "con" será o seu ponto frágil, aproveitando a sexualidade, o seu ponto "G", lugar onde é só tocar e a mulher vai até as nuvens, revelar os seus sublimes sentimentos da verdade e do soluto-ab, vis-a-vis, nada...


Num sarau de poesias, entre os poetas, cujas inspirações eram mais de nível metafóricos e metafísicos sobre o encontro de Cendência de Igência e Cendência de Trans, recordando ainda de quando se conheceram, o que era apenas sedução tornou-se etern-idade inteira juntas - em noite de inverno rigoroso, tomando banho de piscina, nuas até na alma, con-templando as estrelas e a lua, em noites de verão de cozinhar os miolos à beira da lareira, de casacos de lã, luvas, tomando vinho e se agarrando, o suor delas se comungando, por inter-médio das vestes, tal era a loucura e sandice deste amor - dissera Cendência de Trans que uma pergunta faria, olhou os raios do sol, as nuvens brancas, algumas azuis deslizando-se, como podia uma expressão ser figurada, metafórica, antes de ter um sentido singular e particular, se a figura consiste na trans-lação do sentido, se a metafóra consiste nas circuns-vagueações na semântica e na linguística, para in-vers-ificar a verdade, o prazer, o encanto, à busca do sublime, concluindo a sua inspiração e divagação que seria preciso substituir a palavra que se trans-põe pela idéia que a paixão se oferece - só se põem-trans as palavras porque se trans-põem também as idéias, pois de outro modo, das sorrelfas ao nada, a linguagem figurada nada significaria.


Siriricava sim,
com as prepotências e ousadias
de não só criar um verbo de brincadeira,
melhor deixar os parafusos da cachola soltos
a bater a cabeça no muro e todos eles caírem,
uma lição que peregrino contou-me
da sereia e Afrodite numa doca do mar,
dizendo Afrodite sobre as ermas planícies,
A sereia ouvindo silenciosamente,
sentindo o prazer de algumas cintilâncias
de estrelas tocarem o seu corpo,
mas re-fleti-la, meditá-la,
O que, enfim, há de mistério
Descrever a lenda de Igência de Trans e
Cendência de Trans,
Outrora de Igência de Trans,
À soleira da montanhas,
As ondas esbatendo-se nos seus pés,
Ouvindo no gravador,
"Fallin´ the Night", com Ben Harper e Vanessa da Mata,
em comunhão com o mito da amizade
entre Afrodite e a sereia,
As estórias que Afrodite contava.


(**RIO DE JANEIRO**, 22 DE MARÇO DE 2017)


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