ESCRITORA POETISA E CRÍTICA LITERÁRIA Sonia Gonçalves COMENTA O ENSAIO /**SÍNTESE DO INTELECTO E DO ETERNO RETORNO EM Ana Júlia Machado E FRIEDRICH NIETZSCHE**/
Admirável sua capacidade analítica Manoel Ferreira Neto; você seria um
ótimo crítico literário, digo desses que avalizam os escritos como fossem uma
guloseima culinária, executada por um grã chefe.... A capacidade da Ana Julia
nem se discute, ao meu ver a literatura dela é muito apreciável apesar de ser
tal qual a tua de entendimento direcionado, pois as pessoas leitoras apreciam o
que já vem de forma "mastigado" não gostam de investigar palavras e
muito menos se perguntarem "sobre o que o leitor esta falando"? Abro
aqui um adendo e felicito a Ana Júlia Machado pelos escritos e pelo livro
citado... Bem você é outro dispensa comentários...Texto sério e muito bem
escrito, parabéns Manu e transmita os parabéns à nossa querida artista Graça
Fontis. Sucesso sempre pra todos...Beijos
Sonia Gonçalves
#A SÍNTESE DO INTELECTO E DO ETERNO RETORNO EM Ana Júlia Machado E
FRIEDRICH NIETZSCHE"
Manoel Ferreira Neto: ENSAIO
GRAÇA FONTIS: FOTO DA CAPA
O livro de excelsos valores é aquele que, lendo-o, tendo-o lido, ascende
e acende o desejo e a chama de comê-lo com as dimensões sensíveis,
compreendê-lo e entendê-lo em seu eidos, alimentar os vazios, ausências com
suas idéias, pensamentos, com a humanidade do ser que lhe reside, saciar a sede
de conhecimento, de saber, assimilar outros horizontes, uni-versos, ser outro.
O livro que não deixamos na estante, temo-lo sempre em mãos, in-vestigando,
avaliando, e estamos sempre pensando no que ele nos oferece de profundo, o
húmus da vida.
O EU LIVRE, da escritora e poetisa Ana Júlia Machado: desde o início de
sua leitura, o desejo de alimentar-me com a sua sensibilidade, des-aprender e
aprender outras coisas.
Em IDONEIDADE DO SER, poema incluso na Antologia, dois versos são
tesouros inestimáveis, semente, sêmen de in-vestigações, re-flexões,
meditações: "Logo tudo que somos é o intelecto/Que edifica nossa
idoneidade de ser..." No filósofo alemão Friedrich Nietzsche encontramos o
vinho, cujo sabor sacia a sede de mergulhar profundo na obra da poetisa.
Se nos pedirem para descrever o que conta como nosso "eu
profundo", a maioria vai aludir, de modo ou outro, ao duradouro
sujeito-testemunha no coração de nosso ser e ao agente do pensamento e da ação
que exerce grande parcela de controle sobre o corpo e a mente. O "eu"
é tanto o "proprietário" unitário das diversas propriedades físicas e
mentais que formam um indivíduo quanto a "pessoa nuclear" que está
sempre lá dentro, por assim dizer, desde o nascimento até a morte, se não antes
e depois também.
Diz a poetisa neste poema "Não sei reduzir um problema ou uma
questão a pontos simples e claros, a geometria que corresponde à nossa
representação intuitiva do espaço e que comporta três dimensões da
natureza."
Con-templando o "Eterno Retorno" ou a ficção da eterna
recorrência em Nietzsche, revela-se a luz. O tipo saudável de Nietzsche
proporciona ao mundo do devir o caráter do Ser, que, afinal, é o que a vontade
de poder como vontade de inter-pretaçao/significado sempre se faz em uma escala
menor. O tipo saudável se torna um "ser" mediante o mito trágico da
eterna recorrência - ele se torna duradouro e "fixo" por meio da
eterna recorrência.
"... tudo o que somos é o intelecto", como compreender,
entender este verso? Primeiro, levar em conta a possibilidade da eterna
recorrência, o passado e as suas situações, circunstâncias que são a nossa
sombra, acompanha-nos em nossa jornada existencial/contingencial, e com ela a
repetição perpétua de todas as tristezas e os problemas pessoais, é o maior
desafio que pode haver. É o obstáculo mais difícil - o que apresenta maior
risco de se cair no desespero, de se dizer não. É isso que o tipo saudável
precisa enfrentar no intuito de autossuperação. A vontade perpétua de reviver a
vida exatamente como ela se desenrolou e como irá se des-enrolar permite ao
tipo saudável subverter por completo toda e qualquer forma de culpa, de
vergonha ou remorso. Nesse sentido, querer que tudo se repita - "... ando
repetidamente/Isto é tudo que reconheço" - é essencial para superar a
aceitação e a resignação e chegar à celebração e à afirmação sem culpa.
Remodelando o "Devir" como uma forma de Ser e de seu próprio eu,
con-tingente e desnecessário, como um Eu de eterna recorrência, o tipo
saudável, artístico, inventa o objeto de seu amor e veneração, de seu amor fati,
o qual afirma a vida e o eu.
Estampar o devir com o caráter do ser - essa é a vontade do intelecto, e
essa vontade se faz presente, a-presenta-se, pres-ent-ifica-se, quando
"... o intelecto contempla o planeta/em toda a sua excelência",
quando o intelecto in-vestiga as contingências, dores, sofrimentos, falhas,
faltas, ausências, "insufla como o vendaval", declarando-a
"bela" e não "maligna". Assim, o intelecto diz sim para a
vida e para tudo que foi, é e será.
A obra de Ana Júlia Machado é sentida, vista, visualizada através de uma
carga em demasia contundente, pessimista, negativista, a sua erudição,
linguagem e estilo clássicos são válvulas de escape, fuga, mas, em verdade, o
"intelecto", a "intelectualidade" que ela instruiu,
instituiu por intermédio da ec-sistência, ser e estar-no-mundo, estão sempre em
questão na sua obra poética e prosaica, o "intelecto" é a sua luz de
re-fletir, meditar, pensar, sentir a ec-sistência, a busca sem término da
Intelectualidade do Verbo, a sensibilidade e suavidade dos sentimentos,
emoções, sensações da vida no "eidos" da eterna recorrência.
(**RIO DE JANEIRO**, 22 DE DEZEMBRO DE 2017)
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