#AFORISMO 474/ O QUE É ISTO - REDIJO# - GRAÇA FONTIS: PINTURA/Manoel Ferreira Neto: ENSAIO
POST-SCRIPTUM: Em primeira instância, nascera a nossa
"netinha-de-coração", e não lhe enviamos uma lembrancinha com todo o
nosso carinho, ternura, amor, também a publicação de seu livro, que já lhe
entreguei em mão, mas não para a nossa netinha.
Havia-lhe prometido redigir uma análise a cerca de alguns poemas de sua
autoria, arquitetei um ensaio fenomenológico do vôo "redigir" nos
interstícios a filosofia da estética, a estética da filosofia, algo inusitado.
Estimo que haja alcançado a minha intenção.
É o nosso presente à nossa Aninha, Ana Júlia Machado, este ensaio de
Fenomenologia Estética. Quê viagem, um voo imaginário a Portugal, um papo sobre
"Redijo", o que é isto - "redijo" para nós", num
restaurante com vinho e uma bacalhoada da casa, a pedido seu.
"Até de repente", nossa querida, inestimada amiga lusitana,
nossa companheira das letras, da pintura, da filosofia, como nós de cá além-mar
temos finesse de dizer, na despedida, significa dizer que iremos sim a Portugal
na primeira oportunidade.
Beijos nossos a Aninha, a você. Seja ela(você) muito, muito felizes em
sua vida, sonhamos o nosso encontro.
GRAÇA FONTIS/Manoel Ferreira Neto
Quiça as idéias que se a-nunciaram, patentearam sejam ad-veras e
re-versas ao que pensava em rebuscá-las, delineá-las, trabalhá-las com esmero e
intuição, aliás, devendo concluir havia comunicado, jurará de pés juntos,
talvez aquilo mesmo de "promessa", contudo, senti havia a ausência de
algo inusitado.
Perguntava-me com toda a pachorra, o eu livre, poéticamente o que "redigir"
é para mim, porque redijo verbo, obviamente uma heresia neste "A última
flor do lácio", para a gramática, desrespeito à dignidade da língua.
Lembra-me que ainda rindo da situação delicada em que me encontrava, dissera-me
redige você "no sarau da minha vida", "auscultando o som de
minha vida", de imediato deitado na rede em que está espairando as idéias,
respondo-lhe que redijo verbos divididos com todos com as línguas afiadas, a
língua é de quem, cá com a minha, o quão importante o lero-lero em altos
níveis, até a flor do lácio começa a murchar, para id-entificar as idéias e
sentimentos conjugados, não andando apertado, as lâminas de luzes sarapalhadas.
E se tripudio com elas, brincando entre olhares simbólicas, emoções
efervescente, sentimentos afogueadas, asno empacado, quando é de mim, os
instintos se libertam, sobrevoando os limites e fronteiras se patenteiam. Não
sabendo dizer-lhe, se tripudio, é com efeito eivado de intenções de tocar-lhe,
saindo à moda francesa, estilo e linguagem, não aconselho enveredar-se por
estas sombras, não haverá resultados que com-pensem, trivialidades.
Sorrira, com as mãos sobre o joelhos, olhando-me de banda, respondera
com revelância, com toda finesse, dizendo "redigia" "... como se
resvalasse uma dança no recinto...". Não era de instância primeva e
primeiro tagalarejar sem qualquer juízo, mas dissera neste instante que redijo
para sentir-me andando de mãos dadas, realizando todos os seus desejos e
picuinhas, as manias, vaidades, tendo de levantar-me e redigir, porque, caso
contrário, levam-me para fora do mundo, digo-lhe, a quem tiver esta idéia
sensacional e intelectual de meus caminhos que a ela haver-me entregue, mas ela
própria sabe e conhece que isto não a con-vence sobre o por quê de redigir, só
lhe dizendo para é uma utopia que trago dentro, sei lá o que é, mas de qualquer
modo serei quem poderá realizar o que querem e desejam, e lá vou regendo.
Não me olvidara dos sentimentos e das idéias se me figuraram, porque
isto seria um instante magnânimo para expressar que isto de rir de mim próprio,
e quanto mais re-dijo para um des-canso nos braços de redigir, um deleite, para
redigir, e brincando, sendo de minha fala de quando vezes, disse-lhe que
redigia para brincar com a redação, isto não é risível?. Poderia ser verdade o
que estávamos con-versando naquele restaurante, comendo uma bacalhoada bem
suculento, tomando uma cerveja, mas havia ironia e sarcasmo, sátira,
res-pondi-lhe que obviamente isto acontecia, até os atoleimados saber que tudo
isto me habitava, tomara a palavra com toda finesse, disse-me que redige
"De âmago inexcedível", "Resplendendo com o espírito
redijo/Entoando com a alma/Desabrochando com a exultação..." Lembrou-me
haver dito era fazer o tintim, tomar três goles, com a minha esposa, comigo, entre
elas o beijo diplomático, chamando-lhe atenção que antes não imaginava que a
nossa conversa na cantina iria versar sobre redigir.
Com as mãos fechadas, amparando o queixo, os óculos um pouco caídas,
"Sem enxergar redijo/Verbo que ambicionava entender/E acerco-lhes
deles/Para a eles devorar...", performando com engenho e arte o que é
devorar um pernil de porco com vontade, aquilo de quando a fome e a vontade
tornam-se cúmplice, aquele Deus nos acuda, que muvuca, não imaginava eu,
devorar com devorância de sentir o paladar, o sabor.
Confesso que esta tese de fundamentos superando, que, último eram três
da madrugada, conversamos, que me fora lusitâneamente complexo isto de
"fundamentos superando/As sensações ensaiando...", mas, interessante
é que redigir não deixa de ensair, não descansam senão o que lhes é de vida,
sobrevivências. Sorrira-me, olhando-me com aquela luzinha nas pupilas, como
quem dizia havia sido instigado "a tão-só redigir, minha esposa dera
gargalhada, e você esperava calar-se para se desculpar-se, excusar-se, dizendo
duas coisas, em primeira instância, dizer que sou instigado, diria que sou
impingido a fazê-lo, redigir apossou-se de mim, tendo custando o que custar
satisfazer-lhe, e com uma "exigência" incondicional de ostentação, redigir
tornou-se-me a vida. Em término de conversa, eram quatro e meia da manhã,
esquecera-nos que o fuso horário é diferente, sabia eu de início, mas quis
curtir uma noitada numa cantina lusitânia, e alguns clientes iriam até demorar,
nas nossas terras além mar, não há hora para nos re-colher, descansar, qualquer
hora é hora, mas evidentemente depois do almoço, re-colhemos, descansamos até
por volta das onze, quando ela também re-colhe os seus objetos de pintura, e
seguimos pintando e redigindo.
Brincando, disse-lhe que se houvéssemos falado sobre
"escrever", não teriam tantas cositas interessantes, pensasse no
silêncio, pois que há algumas com excelência a ser consideradas ad-versas, e
com elas seria inimaginável delineá-las na divisão das palavras, respondendo-me,
que sim iria pensar com esmero e solércia no tangente, não me esquecesse de que
escreve para não "esquecer a vida, suas virtudes...", empinei-me com
toda a pompa, quando para mim "esquecer que a redação quer-me fazer-lhe
todas as vaidades, picuinhas, mazelas, e quando empaca com os desejos, aquele
diabo nos acuda, capaz de levar-me a demência, por instantes só para aprender a
lição.
O motorista seguia as ruas de Viana do Castelo, hospedamos por alguns
poucos dias em sua residência, uma visitinha, iria tornar-se quase um hábito,
ela sabia bem o dizia o com o quase. Tomaríamos o avião no início da tarde,
tempo de arrumar as cositas. Tirara um livro da bolsa de sua autoria,
autografando, era o nosso presente de viagem, deixando a poesia, o que é viagem
longa, torna-se curta.
Despedindo-nos, sentimo-nos muitíssimos agradecer com a sua hospedagem
por aqueles dias, tínhamos algumas pinturas e redações sobre nossa visita a
Viana do Castelo, voltaríamos noutra ocasião.
Dissera-me quando iria entrar no portão de embarque que
"auscultasse o som do que trans-cende a alma", "escultasse o som
de minha alma", despedimo-nos à lusitana, tomamos realmente o voo, lendo o
livro.
(**RIO DE JANEIRO**, 15 DE DEZEMBRO DE 2017)
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